Carona - parte 2.

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- Como você já não quisesse isso? - Disse Jorge a encarando com olhar de diversão.

Jorge sabia como e quando envolver Silvia em um assunto, mesmo se o assunto fosse só para deixar ela irritada ou envergonhada. A conhecia tão bem, que agora poderia apostar que ela estava sem jeito com a diversão dele com a situação.

- Vamos Navarro, confessa. - Se aproximou mais dela. Aproximação essa que Silvia quebrou dando um passo para trás e com a mão, empurrando ele.

- Não tenho nada para confessar, Doutor.

- Hum... Vamos analisar a situação. - Disse Jorge levando uma mão ao queixo e fingindo está pensativo. - Agora pouco você me gritava e pelo que eu saiba, quando eu me virei você estava completamente, correndo até mim. - Ela fez uma cara de surpresa, porque até então não tinha se dado conta do que tinha feito, e ver a cara de diversão que tinha em Jorge a deixou irritada.

- Escuta Salinas, eu só estava preocupada com você..

- Preocupada comigo? Então eu tenho importância para você?! - Perguntou Jorge a interrompendo.

- Por favor né, Salinas! Eu estava me referindo sobre a situação da sua mãe.

- Isso de qualquer forma é se importar, Doutora Navarro. - Ela revirou os olhos.

- Você é impossível. - Disse Silvia bufando e virando-se em busca de outra carona ou até de um táxi. Ele tinha conseguido lhe irritar de verdade, não que isso não acontecesse com muita frequência. Muito pelo contrário. Vivia em meia as emoções, com ele, por ele.

O estacionamento aquela hora tinha pouco movimento, já que a hora de troca de plantão já havia passado a quase duas horas. O único movimento alí, era só de parentes de pacientes chegando ou saindo do hospital. Nada de alguém conhecido, e nem algum taxi.

- Parece até brincadeira. - Reclamou para si.

- O quê que parece brincadeira? - Perguntou Jorge um pouco confuso com um reclame dela.

- Eu só pensei alto, Salinas. - Explicou-se, impaciente.

Jorge mais uma vez riu dela, mas seu sorriso rápidamente saiu de seu rosto. Quando viu um rosto recém conhecido, se aproximar deles sem que Silvia percebesse. Isso sim, parecia uma brincadeira. Uma brincadeira de muito mal gosto.

- Silvia?! - Chamou Robert, quando já estava suficiente próximo para ser notado.

Silvia surpreendeu-se com a presença do homem, realmente não esperava ele alí e muito menos o queria alí. Seu desapontamento ficou estampado em seu rosto. Respirou fundo, e pôs um sorriso amarelo no rosto. Tentando reverter seu semblante.

- Robert, o quê você faz aquí?! - Tentou esboçar uma voz levemente alegre, mais tudo que saiu foi uma voz forçada.

Jorge não deixou de perceber a diferença na voz dela. Já viu a usar esse tom falso com pacientes, quando a cantavam descaradamente. Tom de voz esse, que ela só usa quando precisa agir com educação, contra sua vontade.

"Ela não o quer!" - Pensou o neurocirurgião.

- Aproveitei que estava por perto. E resolvi passar por aqui, para te buscar. Pensei que poderíamos fazer algo hoje. - Respondeu a ela, alheio ao desconforto dela com a sua presença.

Resposta essa, que deixou Jorge incomodado. "Quem esse cara pensa que é?!" Pensava. Ele até então estava em total silêncio, observando a cena a sua frente. E obviamente, muito irritado.

Silvia não sabia o que responder, não queria sair novamente com Robert. O encontro que tiveram foi um verdadeiro fracasso, não era de sua vontade o repetir.

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