Ceia

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***

— Descansou bem?

Margot assim que viu sua filha entrar na cozinha, perguntou a ela. Mesmo que já soubesse da resposta. Olhava o relógio ansiosamente em instantes durante todo o descanso de Silvia. Monitorando a hora. A tinha em casa, depois de alguns anos sem ao menos vê-la.

— Sim, muito bem. — Silvia a respondeu, se sentando em uma mesa pequena que tinha ao lado da janela da cozinha.

Sua mãe ainda preparava o jantar de ações de graça. Talvez receberiam algumas pessoas para se juntarem a elas no jantar, pessoas que Silvia não ansiava em nada em revê-las. Ao se mudar de Washington para New Orleans, deixou toda uma vida para trás. Desejava que fosse só ela e sua mãe no jantar.

— Quer comer algo? — A senhora se preocupou em perguntar. — Você precisa se alimentar, não deve ter comido nada hoje. Pelo menos, não aqui.

Silvia concordou. Realmente não tinha se alimentado desde que saiu de casa. A senhora se ofereceu para preparar algo de lanche para ela. Silvia não se opôs ao pedido de sua mãe, aceitando o agrado.

— E como vai no trabalho? Eu adoraria um dia conhecer o hospital que trabalha. — A senhora falou, quebrando o silêncio. Silvia acabava de terminar de comer o sanduíche de peito de peru, que sua mãe tinha lhe feito.

Silvia olhou para a mãe de pé no balcão, mechendo nos temperos da ceia da noite. O cheiro do Peru assando no forno, exalava por toda a casa.

Aquele cheiro que se mesclava, com lembranças do passado. A fazendo lembrar de momentos de quais foram muitos felizes, em sua infância.

— Você pode ir quando puder. — A castanha respondeu por fim a sua mãe. Que enquanto esperava a resposta, se manteve o ocupada no preparo do jantar.

A mais velha sorriu satisfeita com a resposta positiva da médica. A olhou com carinho, e assentiu em silêncio.

Pelo visto para Silvia, das poucas coisas que tinham mudado naquela casa. Uma em principal, vinha lhe chamando a atenção. O comportamento de sua mãe. A notou mais receptiva e até, mais carinhosa. Silvia a olhava ela se movimentar pela cozinha, cantarolando alguma música baixo. A castanha que ainda estava sentada, em uma pequena mesa para refeições que tinha na cozinha. Bem ao lado de uma janela, que dava toda visão do jardim bem cuidado da casa. Levantou-se, indo até a pia para lavar as louças que tinha usado. Enquanto caminhava até a pia, sentiu uma leve tontura a fazendo se escorar no balcão da cozinha. Fechou os olhos, depois respirou fundo. Soltou o ar uma três vezes, sentindo agora um enjôo.

— Silvia. — Sua mãe a chamou, indo até ela ao outro lado balcão. A segurou pelos braços, a ajudando voltar para a mesa. Para se sentar. — Você não parece bem, filha. — Margot passou as mãos pelo fios castanhos dela. Vendo o rosto dela, cada vez mais pálido. — Calma, já passa. Esses enjôos são normais.

— Eu não sou de enjoar em vôos, muito menos depois de horas dele. — Silvia falou, entetendo que sua mãe falava sobre enjoar durante vôos. Embora, isso não era o normal para ela.

A vontade de por o sanduíche para fora, só crescia. Seu estômago estava se revirando mais e mais. Não podendo mais aguentar, ela levantou-se correndo em direção para um lavabo que ficava no andar de baixo. Entrando dentro do pequeno lugar, se curvou para a pia. Jogando para fora, todo o alimento que tinha ingerido pouco tempo atrás.

— Eu devo ter algo para enjôo. Vou procurar! — A médica ouviu sua mãe dizer, desde a porta do lavabo. A viu sair e fechar a porta.

Olhando seu reflexo no espelho, se deparou com a sua imagem pálida e apática. Seus olhos marejados por conta das arcadas que o vômito ocasionou. Depois de se recompor limpou a pia e logo, a si própria.

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