Desconfiança

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***

— Eu ainda não acredito que você vai mesmo passar uns dias com a sua mãe. — Jenni comentou. Depois de finalmente saber da novidade.

Silvia sabia do porque daquele desconfiança da amiga. Quem conhecia sua relação com a sua mãe, sabia o quão difícil poderia ser um convívio saudável entre as duas.

— Parece que ela quer uma reaproximação. — Silvia argumentou, usando de um tom de voz suave e despreocupado.

As médicas sentadas em um banco de concreto, que ficava em frente a passagem que levava até entrada do hospital. Observavam a movimentação, enquanto conversavam. Que não era do habitual delas. Nem se lembravam da última vez, que tinha sentado alí. Mas depois de dias omitindo o assunto a amiga. Silvia a levou até ali, para terem essa conversa.

— Só ela? — Jenni deixou de olhar em sua volta, para por o olhar na amiga sentada ao seu lado. — Responde Silvia. — Pediu, quando viu a castanha mostrar desinteresse em responder.

A castanha tomou um gole de café em um copo que tinha em mãos. Antes de responder-la.

— Ela que me ligou me convidando, comentei com Jorge sobre isso e por insistência dele, aceitei o convite. — A médica a respondeu, lembrando do acontecido de dias atrás.

Durante esses últimos dias que se passaram, arrumou desculpas para não contar isso a Jennifer. Que com certeza, iria discursar algo como Jorge fez a dias atrás. Sobre bom convívio, ou algo do tipo.

— Isso é muito bom Silvia, eu realmente fico muito feliz em saber que vocês estão tentando uma reaproximação. — A sua amiga começou o discurso previsível. —Você vai ver como eu tenho razão.

Silvia prendeu uma risada que ameaçou a sair.

— Veremos. — Falou enfim, ainda se esforçando para não rir da pessoa previsível que era sua amiga.

Embora tivesse razões para desacreditar nisso. Também era o desejo de Silvia, por mais que não quisesse admitir em voz alta. Uma relação saudável com a mãe, uma boa idéia a se por em prática.

— Agora mudando de assunto? — Jenni voltou a falar. — Você e Jorge vão decidir dividir só um apartamento quando? — A outra médica perguntou de supetão, para não dá invasivas para Silvia. — Tu e ele vivem como dois nômades, de um apartamento para o outro. Não é o mais racional dividirem só um?

A castanha que se engasgou com o café que tomava, com os olhos arregalados pela a surpresa do questionamento. Tossiu algumas vezes, ao tempo que Jennifer abanava suas próprias mãos a frente do rosto de Silvia para aliviar as tosses.

— Agora me responde! — A pediatra pediu a Silvia, assim que a mesma se recompôs.

A castanha procurou palavras que pelo susto da pergunta, fugirem dela.

Ficou segundos procurando o que dizer, até saber qual palavras deveria usar.— Nunca conversamos sobre isso. — Talvez ele nunca tivesse tentado abordar o assunto, por medo da reação dela. Pensou Silvia, enquanto processava o assunto. — Eu gosto do meu apartamento, de ter um canto meu. Não sei se seria uma boa idéia me desfazer disso. Bom, eu não quero na verdade.

Jennifer suspirou dramaticamente. Com a resposta negativa de Silvia. A pediatra pensou que com o envolvimento dos dois médicos, de tão apaixonada Silvia fazia questão de demonstrar que era pra Jorge. Que esse sentimento, fazeria ela rever alguns conceitos seus.

— Eu pensei que ele te mudaria. — Jenni disse, em um sussurro meio baixo e frustrado.

— Me mudaria? — A castanha perguntou com um tom de voz irritado. — Não é porque estou feliz nesse relacionamento, que eu iria querer brincar de casinha com ele e pensar em ter filhos. — Silvia usou da ironia, para ser grosseira com a amiga. — Por favor, né Jennifer?

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