|Capítulo 3|

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"Você só me deixa cicatrizes para que eu seja
Você só partiu meu coração porquê você é cruel."

Cruel - Tom Odell

Juliet Cooper Clinton

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Juliet Cooper Clinton

  Estava muito bom, até de mais para ser verdade.
Acordo com um incansável batendo na porta marron do meu quarto.

— Vai derrubar a porta coisa sem educação — grito irritada.

— Você vai se atrasar e Cassie vai endoidar.

Ouço a voz abafada dele. Saco! Será que ele não ia me deixar em paz?

— Liga e avisa que não posso ir, já era pra você ter feito isso.

— Não seja mal criada Juliet. — grunhi um palavrão. — Você tem menos de vinte minutos.

— Me deixa em paz! — grito irritado. Noah tem o dom de me irritar e de tirar a paz de qualquer um.

  Levanto da cama em contragosto, continuei com o short que mal tava meu bumbum, usei uma blusa menos indecente, calcei um tênis e sai.

— Juro que se você não me pagar uma pizza eu vou dizer a ela que você me deu um soco.

— Eu te pago a pizza sua chata esfomeada.

— Eu te odeio.

  Chamei um táxi e ele me deixou na feira de produtos naturais, onde mamãe sempre fazia as compras semanas. Caminho entre a multidão de pessoas que sempre tomava conta daquele espaço naquela hora da tarde, a passos calmos eu seguia cantarolando uma canção antiga.

— Com licença — pediu um homem atlético cheio de sacolas na mão. Dei um passo pro lado e ele passou como um furacão.

Povinho apressado meu...

— Você está atrasada — assustei quando ouvi a voz familiar em um bom som atrás de mim.

— Eu sei, não queria vim.

— Vai buscar um carrinho, vou pegar algumas coisas.

  Bufei! Eu odeio fazer compras com ela, era sempre um tédio e tanto, a mesma demorava uma hora pra escolher cada produto. E sem contar que ela ficava reclamado o tempo  todo de Suzan (sua amiga divorciada que só sabia chorar), contar as novidades dos filhos de Teresa (a nossa vizinha) e falar  que  eu deveria me socializar.

— Seu pai disse pra você ir passar o final de semana com ele, eu disse que essa não era uma decisão minha, então você pode ir se quiser.

— Tá, tanto faz. Ele não deu sinal de vida durante três meses, depois que virou um puto nem se importa mais comigo.

— Que palavreado é esse? Não importa o que ele virou Juliet, ele é seu pai, te ama e está com saudades.

— É, eu também tenho saudades de ver vocês juntos, principalmente de fingir modéstia — respondi num murmuro.

— Isso não irá acontecer novamente, para o nosso bem. Agora pegue os seus biscoitos, eu já estou em cima da hora.

  Assenti e caminho pro corredor, eu odiava a forma que ela fazia as minhas vontades só para marcar presença na minha vida. Mas eu não tinha muitas opções porque ela estava sempre com a agenda cheia, então pego tudo que eu gostava e segui pra caixa.

— Isso é tudo que você precisa? — mamãe pergunta olhando para os biscoitos cada um de uma marca diferente, e depois pra mim.

— Eu posso comprar mais depois, ainda tenho dinheiro. — dei de ombros.

  Ela deu um sorriso largo enquanto passava as compras, era tanta coisa que parecia que em nossa casa habitava um batalhão, e nem tinha necessidade de tudo isso, mas aparece que é assim, quanto mais tem mais se quer. Minha mãe é dessas.

— Aí estão vocês, demoraram em?

— Vai se ferra Noah, você é um completo folgado. Será que você pagou as louças que você mesmo sujou? Eu vou conferir na cozinha.

— É pra isso que temos  empregada, pra lavar as louças. — ele me empurra de sua frente.

— Então faça o favor de pagá-la mais do que a mamãe paga, porque ninguém é sua escrava. — empurro ele novamente, e acabou que o mesmo cambaleou e caiu no sofá, certamente estava bêbado.

— Juliet tenha mais respeito com seu padrasto, você é a última com direito de palpitar aqui.

— Que seja!

  Deixo as sacolas no balcão e volto pro meu quarto com algumas frutas em uma tigela. Tudo que eu preciso é de nutrientes para me manter em pé enquanto o restante de mim cai aos poucos.

Ω

— Juliet, já chega! Seu despertador está gritando a quase meia hora, dá pra desligar essa droga?

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— Juliet, já chega! Seu despertador está gritando a quase meia hora, dá pra desligar essa droga?

  A pior coisa que existe é ser acordado seis e quarenta da manhã, com uma invasão no quarto e ainda por cima… gritos. É um inferno!

— Dá próxima vez vou me lembro de joga-ló na parede.

— Seja mais humilde pelo amor de Deus! — ela diz impaciente deslizando os dedos finos pelos fios  loiros de seus cabelos.

— Eu sou à consequência de uma sociedade merda.

— O que disse?

— Nada.

  Deu um sorriso forçado e entrei no meu banheiro. Eu odeio acordar cedo, e o pior, eu odeio ter que acordar e ir pra escola. Todos os dias quando preciso encarar a realidade estudanti eu quero me matar porque é uma droga estar com pessoas que não gostam de quem você é.

  Escolho uma roupa qualquer, arrumo meu cabelo e desço dando de cara com o casal se beijando como se estivessem desintupindo pia. AFF!

— Quanto menos coisa nojenta pela manhã, melhor é — digo chamando a atenção deles.

— Bom dia chatice! — meu "padrasto" diz tirando a língua da boca da minha mãe.

Eca!

— Noah respeite sua antiada e peça desculpas! — imito a voz da minha mãe que revira os olhos.

— Desculpa, chatice.

Dou língua pra ele e sido pra cozinha, tomo um iogurte com biscoito, escovo os dentes e saio de casa sem me despedir. Às vezes eu sei que eles nem notam a minha presença, quer dizer, a minha mãe vira uma boba apaixonada quando está com ele.

Estaciono minha moto afastado dos demais automóveis dos alunos. Carregando no braço direito o capacete, mochila nas costas, botas marron nos pés, calça jeans com uns rasgados na cocha, uma camiseta preta e uma jaqueta jeans por cima. Os óculos escuros pousados na cabeça fazia todos me olhar estranho.

O que é? Até isso encomodo eles?

Um Quase Nada De VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora