"Você só me deixa cicatrizes para que eu seja
Você só partiu meu coração porquê você é cruel."Cruel - Tom Odell
Juliet Cooper Clinton
Estava muito bom, até de mais para ser verdade.
Acordo com um incansável batendo na porta marron do meu quarto.— Vai derrubar a porta coisa sem educação — grito irritada.
— Você vai se atrasar e Cassie vai endoidar.
Ouço a voz abafada dele. Saco! Será que ele não ia me deixar em paz?
— Liga e avisa que não posso ir, já era pra você ter feito isso.
— Não seja mal criada Juliet. — grunhi um palavrão. — Você tem menos de vinte minutos.
— Me deixa em paz! — grito irritado. Noah tem o dom de me irritar e de tirar a paz de qualquer um.
Levanto da cama em contragosto, continuei com o short que mal tava meu bumbum, usei uma blusa menos indecente, calcei um tênis e sai.
— Juro que se você não me pagar uma pizza eu vou dizer a ela que você me deu um soco.
— Eu te pago a pizza sua chata esfomeada.
— Eu te odeio.
Chamei um táxi e ele me deixou na feira de produtos naturais, onde mamãe sempre fazia as compras semanas. Caminho entre a multidão de pessoas que sempre tomava conta daquele espaço naquela hora da tarde, a passos calmos eu seguia cantarolando uma canção antiga.
— Com licença — pediu um homem atlético cheio de sacolas na mão. Dei um passo pro lado e ele passou como um furacão.
Povinho apressado meu...
— Você está atrasada — assustei quando ouvi a voz familiar em um bom som atrás de mim.
— Eu sei, não queria vim.
— Vai buscar um carrinho, vou pegar algumas coisas.
Bufei! Eu odeio fazer compras com ela, era sempre um tédio e tanto, a mesma demorava uma hora pra escolher cada produto. E sem contar que ela ficava reclamado o tempo todo de Suzan (sua amiga divorciada que só sabia chorar), contar as novidades dos filhos de Teresa (a nossa vizinha) e falar que eu deveria me socializar.
— Seu pai disse pra você ir passar o final de semana com ele, eu disse que essa não era uma decisão minha, então você pode ir se quiser.
— Tá, tanto faz. Ele não deu sinal de vida durante três meses, depois que virou um puto nem se importa mais comigo.
— Que palavreado é esse? Não importa o que ele virou Juliet, ele é seu pai, te ama e está com saudades.
— É, eu também tenho saudades de ver vocês juntos, principalmente de fingir modéstia — respondi num murmuro.
— Isso não irá acontecer novamente, para o nosso bem. Agora pegue os seus biscoitos, eu já estou em cima da hora.
Assenti e caminho pro corredor, eu odiava a forma que ela fazia as minhas vontades só para marcar presença na minha vida. Mas eu não tinha muitas opções porque ela estava sempre com a agenda cheia, então pego tudo que eu gostava e segui pra caixa.
— Isso é tudo que você precisa? — mamãe pergunta olhando para os biscoitos cada um de uma marca diferente, e depois pra mim.
— Eu posso comprar mais depois, ainda tenho dinheiro. — dei de ombros.
Ela deu um sorriso largo enquanto passava as compras, era tanta coisa que parecia que em nossa casa habitava um batalhão, e nem tinha necessidade de tudo isso, mas aparece que é assim, quanto mais tem mais se quer. Minha mãe é dessas.
— Aí estão vocês, demoraram em?
— Vai se ferra Noah, você é um completo folgado. Será que você pagou as louças que você mesmo sujou? Eu vou conferir na cozinha.
— É pra isso que temos empregada, pra lavar as louças. — ele me empurra de sua frente.
— Então faça o favor de pagá-la mais do que a mamãe paga, porque ninguém é sua escrava. — empurro ele novamente, e acabou que o mesmo cambaleou e caiu no sofá, certamente estava bêbado.
— Juliet tenha mais respeito com seu padrasto, você é a última com direito de palpitar aqui.
— Que seja!
Deixo as sacolas no balcão e volto pro meu quarto com algumas frutas em uma tigela. Tudo que eu preciso é de nutrientes para me manter em pé enquanto o restante de mim cai aos poucos.
Ω
— Juliet, já chega! Seu despertador está gritando a quase meia hora, dá pra desligar essa droga?
A pior coisa que existe é ser acordado seis e quarenta da manhã, com uma invasão no quarto e ainda por cima… gritos. É um inferno!
— Dá próxima vez vou me lembro de joga-ló na parede.
— Seja mais humilde pelo amor de Deus! — ela diz impaciente deslizando os dedos finos pelos fios loiros de seus cabelos.
— Eu sou à consequência de uma sociedade merda.
— O que disse?
— Nada.
Deu um sorriso forçado e entrei no meu banheiro. Eu odeio acordar cedo, e o pior, eu odeio ter que acordar e ir pra escola. Todos os dias quando preciso encarar a realidade estudanti eu quero me matar porque é uma droga estar com pessoas que não gostam de quem você é.
Escolho uma roupa qualquer, arrumo meu cabelo e desço dando de cara com o casal se beijando como se estivessem desintupindo pia. AFF!
— Quanto menos coisa nojenta pela manhã, melhor é — digo chamando a atenção deles.
— Bom dia chatice! — meu "padrasto" diz tirando a língua da boca da minha mãe.
Eca!
— Noah respeite sua antiada e peça desculpas! — imito a voz da minha mãe que revira os olhos.
— Desculpa, chatice.
Dou língua pra ele e sido pra cozinha, tomo um iogurte com biscoito, escovo os dentes e saio de casa sem me despedir. Às vezes eu sei que eles nem notam a minha presença, quer dizer, a minha mãe vira uma boba apaixonada quando está com ele.
Estaciono minha moto afastado dos demais automóveis dos alunos. Carregando no braço direito o capacete, mochila nas costas, botas marron nos pés, calça jeans com uns rasgados na cocha, uma camiseta preta e uma jaqueta jeans por cima. Os óculos escuros pousados na cabeça fazia todos me olhar estranho.
O que é? Até isso encomodo eles?
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Um Quase Nada De Você
Teen FictionUma história convincente sobre como as decepções pode ser o portal para desencadear de novas paixões. Não é sobre uma família perfeita, e nem sobre um acaso: é sobre gente fracassada tentando encontra encontrar o caminho da reconstrução. Cuide-se an...