|Capítulo 4|

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"Eu perdi um amigo
Como gelo no calor do verão."

I lost a friend - Finneas

I lost a friend - Finneas

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Juliet Cooper Clinton

  O sinal de início às aulas na Malloy soava as sete e quinze da manhã, após isso você vinte minutos para se organizar e chegar em sua turma antes do professor. Eu geralmente chegava sempre primeiro que  todos, assumia o meu lugar e tentava passar despercebida dos idiotas. Era uma questão de sobrevivência, porque não havia um dia se quer que eu não queria me enterrar após uma brincadeira de mau gosto.

— Bom dia turma, faça dupla com seu colega porque hoje começaremos o nosso trabalho.

  O professor disse numa rapidez enquanto distribui uma folha para todos. Trabalho em dupla, o céus me dê sorte! Aquilo sim seria um pesadelo, falar com pessoas. Eu não era tão inútel assim, e também não tão antisocial; mas você pensou em  como é difícil tentar pronunciar um "Oi" sem ser cafona? Você ao menos já se sentiu tão ansiosa ao ponto de quase vomitar as próprias tripas? Era essa a sensação que eu sentia ao tentar comunicar com aqueles adolescentes. Eles eram tão como eu, mas ao mesmo tempo tão diferente e assuatadores, eu só  conseguia fugir toda vez que olhavam para mim porque lá no fundo eu sabia que eles não queriam me ajudar 

— Ei professor, eu não posso fazer sozinha? — pergunto num sussurro quando ele chega perto de mim.

— O trabalho é longo, talvez você não consiga entregá-lo a tempo.

— Se eu não conseguir… — dou de ombros. — Eu não consigo lidar com eles.

— Então tudo bem, a escolha é sua — ele me entrega a folha e vai ajudar os outros alunos se organizarem.

  As folhas tem a numeração de 1 à 25, fechada de um monte de cálculos na frente e no verso. Suspiro, sorte a minha ser boa na matemática. A minha facilidade de pegar as coisas faz todos terem raiva de mim, porque os professores acreditam que se eu consegui pegar bem a matéria então todos também podem pegar, e como sabem isso deixa eles irados porque ninguém nunca quer prestar atenção nas explicações e nem querem fazer os trabalhos.

— Pronto turma, podem começar a fazer o trabalho. Conversem menos e faça mais, caso contrário não irá dá tempo de entregar tudo pronto. E quanto à isso eu só sinto muito.

  Analiso se tinha colocado nome completo, turma e a data. Conto de um a dez e começo minha missão. Quando você é acostumado em sobreviver a dias  difíceis, o que é uma resolução de gráfico? Nada, porque a matemática pelo menos tem resultado,  seja ele O  ou - 0,99; agora já a vida… bom, pelo menos a minha é uma droga, assim como o relacionamento da minha família e o tal do amor.

— Com licença senhor Boas — chamei e o mesmo levantou o olhar dos seus papéis, seu óculos na ponta do nariz fazia dele um velho bizarro, o que era ridículo porque ele é tão novo e charmoso. — Acabei.

— Perfeita, você agora está livre até o fim do horário. Está vendo pessoal, vocês precisam seguir esse exemplo em vez de ficarem bêbados por ai e fazendo sexo como selvagens.

  Enquanto caminho alguns alunos me chamam de idiota, eu também perguntaria como terminei rápido. Mas acontece que sou um gênio — sem me gabar —, e mal presto atenção em outras coisas. É eu sou um gênio reconhecido só por mim, e por mim. Ao sair da sala do senhor Boas tudo que eu ouvia era o som do piano, não sei quem, mas alguém estava tocando próximo a sala principal de música. Meus passos queriam ser conduzidos  até o local, mas minha mente condenava qualquer um  desses movientos.

Vamos Juli, não sigua por essa lado, vá pra esquerda. Afastasse deles o quanto dêr e o mais rápido que puder.

  Primeiro  confiro se não tem ninguém me  seguindo, então encontro o espaço onde  posso ser eu, ser livre. Ergo  a tampa do Yahama, avalio todas as telhas e me assento pronta para me entregar. De pouco a pouco início uma canção, era I lost a friend, Finneas. A música não só falava por mim, como cada trecho da canção descrevia o que  perdi a um tempo atrás.

  Quando eu tinha nove anos e morava no Arizona eu conheci uma garota. O papai tinha me deixado no parque da cidade enquanto ele foi se encontra com um amigo ali perto. Eu brincava numa gangorra sozinha e sem graça, até Beth aparecer e se oferecer para empurrar o balanço…

— Você não dá conta, eu sou pesada — eu disse lhe olhando por cima do ombro, o meu peso sempre fazia as outras crianças não quererem se aproximar de mim, porquê na maioria das vezes eles brincavam em lugares que eu não cabia. Eu realmente era muito gorda, a mamãe costumava me chamar de pão caseiro.

— Mas eu quero ficar aqui com você, qual seu nome? — ela se aproximou mais e sentou se na outra gangorra. 

— Juliet Cooper Clinton, mas pode me chamar de Juli. — sorri e estendi minha mão.

— Eu sou Bethany Hamilton, me chame de Beth. — ela me abraçou.

  Naquele momento Beth e eu começamos a contar nossa história, e acabei por descobrir que ela estudava na mesma escola que eu mas Beth não frequentava às aulas há quase um mês porque ela estava no hospital. Ela contou que ela era uma vítima de AIDS, e eu, embora ainda  uma criança, já sabia o que era a doença e fiquei completamente em choque porque Beth assim  como eu eramos novas para ter aquele tipo de doença. Claro, ela percebeu meu espanto e contou que a sua mãe tinha relações com muitos homens, e durante a gravidez ela adquiriu a doença porque como sabem, as crianças precisam do sangue da mãe para viver. Quer dizer, Beth poderia ter nascido com o tipo sanguíneo oposto do da sua mãe, mas a probabilidade disso acontecer era de 1 em 100, então acabou que o feto eu era a Beth também foi afetada.
Eu me lembro de ter ficado triste por Beth ser doente, mas a motivação e coragem dela fez esse sentimento de dicipar e então nós duas começamos a criar planos e espectativas para quando nós crescer. Nossa amizade foi só crescendo com o decorrer dos dias, as vezes Beth tinha que ficar no hospital e aí eu não podia ir vê-la porquê mamãe não deixava. Ela dizia que eu podia pegar AIDS também, mas era mentira. A mamãe só não queria que as pessoas falasse que a filha dela era amiga de uma garota com doença sexualmente transmissível.

  Bethany e eu fomos amigas até o seu aniversário de onze anos, aquele foi o melhor dia de nossas vidas onde festimos de princesas e fizemos tudo que queríamos. Depois Beth foi ficando fraca, ela só queria dormir e o seu sangue a envenenava todos os dias até que a minha amiga não teve mais forças e morreu. Beth era linda, determinada e todos que a oviam imediatamente a amavam, porque ela era completamente doce e meiga. Todos a amavam, menos a mamãe. Beth teve a oportunidade de cantar em um conservatório de música clássica — privilégio de estar morrendo —, ela teve uma irmã — ela dizia que nós éramos irmãs — e Beth teve uma família por parte de pai e foi feliz. Mas de forma imperdoável a morte a tomou para si.

Um Quase Nada De VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora