"Por quê vocês fazem isso comigo? Não vê que dói em mim como o inferno? Eu também sou humana como todos vocês."
Por quê a vida é injusta?
Essa era uma das perguntas que eu faço desde que eu cresci. Sabe, desde que meu pai foi embora dessa casa ela nunca mais foi a mesma. A minha vida virou de cabeça pra baixo, eu não sei lidar com as pessoas, sempre as trato com ignorância, eu nunca sei contar pra mamãe que os meninos fazem bullying comigo, eu não consigo abraçar lá e nem dizer que a amo. Depois que o papai se foi eu tentei me aproximar e ser normal, porém ela me afastou, pra ela eu só sei resmungar.
Quando eu estava sozinha no quarto, perdida no meio da nuvem de pensamentos que me afligia, eu só queria ser ouvida e amparada por ela, mas isso não acontecia, não podia porque a mamãe estava ocupada de mais dando atenção pro Noah. Então na hora tudo que eu fazia era virá álcool na boca enquanto me cortava debaixo do chuveiro. É burrice, eu sei, porque nada vai mudar depois que o efeito do álcool passar e a ferida parar de sangra, mas é uma forma estúpida de tirar minha concentração da dor do coração.Ficar bêbada é uma brincadeira de adultos.
É sexta-feira, e por isso estou no auge da minha aflição. Eu costumo ser assim na segunda, na terça, na quarta, não importa o dia, eu sou assim. Mas hoje eu estou no auge, hoje é o dia perfeito pra me enterrar.
— Garota, desde que eu te conheço você é uma excelente aluna. Aposto que tem um monte de amizades — a senhora Byrne diz deslizando a mão pelos meus cabelos soltos.
— Nos poupe né senhora Byrne, quem é que quer andar com essa tosca? — Jefferson as altas com o seu deboche que faz a classe rir. — O número de amizades dela é zero, um número insignificante tanto quanto ela.
— Aé? E o que você sabe sobre números? Porquê eu sei que você vai reprovar em matemática — desafio ele com o olhar.
— Pelo menos eu sei que 1 mais 1 é dois, então minha mãe teve dois filhos, eu tenho dois melhores amigos. E você, o quê tem?
A professora e alguns alunos ficaram olhando sem entender, mas eu entendi perfeitamente a piadinha. Queria não ter entendido, mas entendi. Mandei o dedo do meio pra ele e me virei pra frente.
— Não sabia que era permitindo fazer gestos obscenos nessa instituição. Professora a senhora viu, né? Vai me permitir reinvindicar os meus direitos?
— Senhor Valaha, sente-se imediatamente — a senhora diz.
— Ah não! — ele gritou mais alto. — A senhora não vai me deixar reivindicar os seus direitos?
— Jefferso Valaha…
A classe começou a gritar e jogar bolas de papel em minha direção, me encolhi e senti meu corpo ser sugado. Eles gritavam e batiam na mesa, alguém puxou a minha cadeira e meu corpo foi de encontro ao chão. De longe era possível escutar a voz da senhora Byrne dizendo para eles parem, mas eles me cercaram e jogaram cola em meu rosto. Eu queria morrer.
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Um Quase Nada De Você
Teen FictionUma história convincente sobre como as decepções pode ser o portal para desencadear de novas paixões. Não é sobre uma família perfeita, e nem sobre um acaso: é sobre gente fracassada tentando encontra encontrar o caminho da reconstrução. Cuide-se an...