Capítulo 9

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ACORDO ANTES DE JÚLIA, mas faço de tudo para não me mexer quando eu tenho a visão mais bonita de todas bem diante de mim. Ela está dormindo como um anjo, com a serenidade de quem se cansou das tantas vezes que fizemos sexo com avidez, de modo primitivo, descontrolado como se qualquer tentativa fosse insuficiente para aplacar o desejo ardente entre nós.

Às vezes, eu tinha a impressão de que estávamos fazendo amor. Não, Rocco, nada de fazer amor! Eu sei, é muito precipitado dizer isso quando estou com uma mulher que eu mal conheço. Suas carícias ternas, a forma suave como eu a possuía, hora ou outra me faziam questionar o que havia de tão diferente que a tornava mais fascinante, até mesmo do que minha própria namorada.

Eu realmente não sei como responder a isso. Só sei que minha memória insiste em relembrar cada minuto em que ela esteve em meus braços na noite passada, o momento em que vestiu a mesma roupa que usava no bar e dançou exclusivamente para mim. Nem preciso dizer que eu tirei cada peça do seu corpo novamente.

Lembro também da hora em que ela foi até a cozinha buscar um copo de água e a única sede que eu me recordo foi a de empurrá-la contra o sofá e penetrá-la até que nenhum de nós pudesse lembrar onde estava, sua ousadia em explorar com os lábios cada parte do meu corpo enquanto estávamos no chuveiro, levando-me à loucura.

Nada que eu já não tivesse feito com outras mulheres antes, mas que nunca tenha parecido tão certo quanto foi com ela.

– Rocco...

Júlia me flagra perdido em pensamentos enquanto a observo.

– Bom dia, linda!

Ela abre um sorriso, que poderia se tornar o motivo da minha ruína e da minha salvação ao mesmo tempo. Como se lesse meus pensamentos, ela materializa o que eu estava prestes a dizer a seu respeito assim que a vi acordada. Só que ela é mais rápida do que eu.

– Nenhum homem devia ter o direito de acordar tão bonito.

Sorrio, provavelmente como um bobo fascinado diante de uma joia preciosa.

– E nenhuma mulher devia ter o direito de ser tão bonita o tempo inteiro.

Ela se espreguiça, forçando-se a sentar.

– Você diz isso porque ainda não me viu em um dia de faxina ou quando chego cansada depois do trabalho e uso apenas uma calcinha grande de algodão com uma camisola velha. Praticamente uma vovozinha.

– Já te vi em algumas situações e, em todas, você parecia ainda mais bonita. Eu duvido que uma calcinha grande de algodão e uma camisola velha tenham a capacidade de te deixar menos sexy. Eu não me oponho a comprovar isso qualquer dia. Quem sabe seria um bom pretexto para deixá-la nua novamente.

Ela suspira profundamente pelo meu tom erótico, e meu pau pulsa, respondendo imediatamente.

– Nenhum de nós pode prever o que acontecerá amanhã, Rocco, mas estou feliz por tê-lo aqui hoje.

Por que as palavras dela trazem um gosto tão amargo à minha boca?

– Eu sei o que acontecerá amanhã. Voltarei para o meu trabalho na capital e não sei quando estarei em Lago da Lua novamente. – Falo mais no sentido de testar suas reações, só que meu sangue ferve quando sua expressão se mantém inescrutável, sem demonstrar nenhum sinal de que gostaria que as coisas fossem diferentes.

Isso sempre foi o que procurei nas mulheres com quem eu fazia sexo sem compromisso. Eu não devia me sentir tão confuso por que ela está me oferecendo exatamente o que eu esperava obter.

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