Capítulo 31

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– EU SABIA QUE VOCÊ IA acabar se encantando por Júlia. – Mana joga os braços em meu pescoço, pulando de alegria com o exagero que é tão típico dela. – Até eu, fio. Juro que ia seduzir essa moça se fosse homem ou jogasse no time contrário. Já pensou comer aquelas tortas deliciosas todos os dias?

Abano a cabeça, sem conseguir controlar o riso.

– Você a seduziria só pelas tortas?

– Ah, você sabe que não. A menina é linda e gente boa. As tortas são só um bônus.

Estou de volta a Lago da Lua, como tenho feito nas últimas três semanas. Apesar de gostar muito do que faço, sinto-me tentado a dar uma escapada e aparecer aqui sempre que tenho uma folga. Acontece que minhas responsabilidades como presidente da INVENTE são ainda maiores do que eu tinha como diretor executivo.

Sim, pre-si-den-te.

Gusmão informou aos acionistas somente uma semana depois da nossa conversa e fez uma festa íntima, apenas para funcionários, com a finalidade de anunciar a todos. A novidade não pegou ninguém de surpresa. Todos diziam que este era meu caminho natural dentro da empresa.

Minha comemoração com Júlia foi particularmente deliciosa e confesso que não convidei minha família, já que eu tinha planos libidinosos demais para aquela noite. Eles certamente ficariam chocados.

– Não só as tortas. – Seu Vavá vem da cozinha, carregando uma Bud para me entregar, como sempre faz. – Júlia é preciosa em tudo e se eu fosse você, filho, ficaria de olho porque tem gavião rondando a área.

Tomo um gole da cerveja e quase me engasgo quando ouço o final da frase.

– Do que o senhor está falando?

– Nada demais, apenas alguns boatos. Você sabe como é a vila, não é?

Meu pai está rindo, mas não estou achando a menor graça do que estou ouvindo. Não tenho motivo nenhum para desconfiar de Júlia, então por que ele não é logo direto?

– Que diabo está acontecendo, pai? Que boatos são esses?

– Ah, você sabe que J.C. não tem uma namorada fixa há algum tempo.

– E...?

– O fato é que ele anda meio estranho ultimamente e os rumores é de que está agindo assim para conquistar Júlia.

– O QUÊ? – minha voz sai descontrolada.

– Calma, Rocco – meu pai continua tomando sua cerveja tranquilamente, como se tivesse acabado de me dizer que o dia está quente ou qualquer outra coisa sem importância. – É natural que ela seja cobiçada pelos rapazes da vila, já que é uma mulher livre e desimpedida.

– Do que o senhor está falando?

– É somente uma constatação. Como você nunca pediu Júlia em namoro nem deixou claro o tipo de relacionamento que deseja ter com ela, os rapazes devem estar pensando que não se trata de nada sério, então o caminho está livre para que eles invistam alto.

Fico nervoso repentinamente. Coloco a garrafa sobre a estante e saio de casa, disposto a quebrar a cara de alguém apenas se disser o nome dela. Eu nunca fui um cara violento e não é que eu esteja disposto a começar agora, mas se meu pai queria despertar uma reação minha, ele conseguiu.

De alguma forma, desenvolvi um senso de proteção enorme por ela e Valentina, a ponto de querer deixá-las seguras, nem que seja de mim mesmo. Será que já não basta o fato de eu estar tentando localizar o pai de Valentina para impedi-lo de continuar fazendo ameaças, agora tem mais meia dúzia de garanhão querendo o que é meu?

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