Capítulo 17

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– DONA EDITH, FIQUEI tão feliz quando Rocco me disse que vocês viriam nos fazer uma visita. Pensei que nunca me dariam essa honra.

– Algum dia nós teríamos que conhecer o lugar onde nosso filho está vivendo, não é mesmo?

– Claro. Eu espero realmente que gostem.

Eduarda não disfarça sua alegria com a chegada dos meus pais. Uma ponta de apreensão pode ser percebida se observar bem, mas ela está conseguindo disfarçar com maestria, seu melhor sorriso estampado no rosto e toda gentileza que já é uma marca dela.

Eu não posso dizer o mesmo da minha mãe. Embora esteja se esforçando para retribuir a animação de minha namorada, ela não está fazendo um bom trabalho nesse sentido. Seu sorriso é sem graça e o abraço que dá nela não tem seu aperto habitual. Até hoje não entendo por que algumas sogras fazem questão de se manter distantes das candidatas a noras como se estivessem em uma competição pela atenção do filho.

Já deixei de ser garoto faz tempo.

– Vamos nos sentar. – Convido a todos, já puxando a cadeira para a minha mãe.

Eu escolhi um restaurante um tanto diferente do que estou acostumado a frequentar aqui na cidade, um pouco mais popular e muito badalado. Lembro-me de ter vindo aqui quando ainda fazia faculdade e a grana que eu ganhava como estagiário não me dava acesso a lugares mais sofisticados, como tenho hoje. Eu sabia que eles não iam gostar de estar entre pessoas esnobes, então pensei que esta fosse a melhor opção.

– O que tem de bom neste lugar, filho? – meu pai pergunta, observando o espaço à sua volta.

Há quadros com imagens de flores pendurados nas paredes e o ambiente é todo climatizado. Percebo na hora a aprovação de seu Vavá. Giovana também parece bem animada, principalmente quando vê um parquinho adjacente.

– Aqui sai uma costela de porco deliciosa, pai. Tenho certeza que não vai se arrepender se experimentar.

– Rocco, seu pai veio para a capital cuidar da saúde e você oferece costela de porco? – Duda fala em tom de brincadeira. Eu sei que tem um pouco de seriedade por trás disso, mas juro que ela não é daquelas pessoas chatas que só comem folhas e ficam regulando a alimentação dos outros.

– Não tire de mim o prazer de experimentar uma boa costela suína, minha querida. – Meu pai replica, mantendo o mesmo ar familiar de antes. – Tenho certeza que se eu estiver feliz, meus exames terão resultados melhores.

– Vavá...! – nem preciso dizer quem está o repreendendo. – Eduarda está certa. Você não tem que se entupir de gordura para ficar feliz.

– Ah, você também? O que acontece com as mulheres quando elas se casam? Eu sou a droga de um homem controlado até no prato de comida!

Todos riem, então acabamos pedindo a costela mesmo sob protestos.

– Eu quero hambúrguer com batata frita – é a vez de Giovana ser do contra. – Quando eu me casar, não vou controlar o prato do meu marido desde que ele compre muito hambúrguer com batata frita para mim. Aliás, eu só vou me casar com um homem que goste disso. Pronto! Está decidido!

– Amorzinho, não fale isso na frente de uma médica – sussurro. – Ela pode ter uma injeção escondida para crianças malcriadas como você.

– Ah, Coco, para com isso. Eu não tenho mais cinco anos de idade, tá? Sou quase pré-adolescente.

Meu pai se engasga com o copo de água que estava tomando e ninguém consegue segurar o riso. Eduarda empurra um embrulho na direção da minha sobrinha e seus olhos brilham de curiosidade.

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