Capítulo 12

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– EI, SUMIDO! FIQUEI AGUARDANDO um telefonema seu e não recebi sequer uma mensagem ousada. Por acaso fui substituída por outra nativa da vila?

Vanessa teve sorte de me pegar em um momento com o melhor humor do mundo depois de um café da manhã animado ao lado de Valentina e Júlia. O fio de esperança que vi em seus olhos mostrou-me que não é tão indiferente quanto quis aparentar quando me disse adeus.

Na verdade, eu estava pronto para ignorar qualquer tentativa de comunicação com Vanessa enquanto não eliminasse uma certa garota do meu sistema e sua inédita negativa de passar mais uma noite comigo. Eu já ouvi muitos nãos, contudo, todos eles saíram da minha boca.

– Como vai, Nessa? Acabei ficando tão ocupado que não deu para te ligar, mas imagino que você não passou o feriado sozinha.

– Rocco, não entenda isso como uma cobrança, mas você sabe que eu sempre te espero quando você está na vila. Se não estava disponível, devia ter deixado isso claro no dia que nos encontramos.

Droga! Eu não quero que Vanessa se considere meu step sempre que estou por aqui. Sou um homem livre, oras. Pelo menos quando volto para casa.

– Desculpe se eu deixei a má impressão de que você deveria me esperar. Espero que eu não tenha estragado seus planos.

A ligação fica muda por alguns segundos. Ouço sua respiração alta do outro lado da linha antes começar a inquisição.

– Quem é ela?

– O quê? De quem você está falando?

– É isso que eu estou te perguntando, Rocco. Quem é a garota que te deixou ocupado por todos esses dias? Eu senti que você estava meio estranho quando nos encontramos. Agora percebo claramente que tem uma mulher por trás disso.

Júlia.

A imagem dela sorrindo é nítida nos meus pensamentos e não consigo evitar um riso bobo sem motivo aparente.

– Você tem razão, Vanessa. Não vou esconder que conheci uma pessoa admirável.

– E essa pessoa admirável tem nome?

Ela não parece estar sentida ou chocada por eu ter optado por estar com outra pessoa em vez dela. É por isso que sempre volto a procurá-la quando venho à vila. Não há cobranças de nenhuma das partes.

– Você sabe que eu tenho um relacionamento sério com Eduarda e é ela quem importa no momento. Não precisamos adicionar mais um nome na equação, não é?

Acho que eu devia ser mais convincente para mim mesmo que a Vanessa.

– Sabe, fico feliz de ouvir isso. Por um instante, cheguei a pensar que a tal pessoa tivesse merecido sua atenção mais do que eu. Ainda não é hora de colocar um ponto final no que nós temos sempre que você vem a Lago da Lua.

Essa conversa já está me deixando de saco cheio. Se eu ainda tinha algum desejo por ela, isso termina aqui. Talvez em sua mente nosso acordo tenha ganhado uma proporção maior. Na minha, ela não passa de uma amiga com benefícios.

– Nós não temos nada. E sim, já é hora de pensarmos em seguir adiante, conhecermos novas pessoas. Eu gostaria muito de manter sua amizade.

– Rocco, eu sempre respeitei seu relacionamento, nunca te pedi nada em troca a não ser algumas horas de carinho e atenção. Por que está fazendo isso com a gente?

– Adeus, Vanessa. Se precisar de um amigo, sabe onde me encontrar.

Encerro a ligação, implorando aos céus para que ela não se torne uma dessas criaturas insistentes e grudentas que não conseguem ouvir um não. Este é o motivo de eu buscar mulheres mais velhas. Elas geralmente sabem que estão procurando e o que esperar depois, mas, desta vez, parece que o jogo está virando e quem está me dando uma lição é uma garota que tem idade para ser minha irmã mais nova, embora eu dê graças a Deus que não seja.

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