Capítulo 33

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HOJE ESTOU PARTICULARMENTE eufórico. O advogado me ligou, dizendo que a sentença de Álvaro está para sair amanhã, na segunda-feira. Não é exatamente o resultado que eu queria, porque nada faria mais justiça do que vê-lo mofar atrás das grades, mas já é um grande começo. Ele vai pagar uma indenização gorda para os meus pais e terá sua licença suspensa no Conselho Federal de Engenharia até que o processo seja concluído.

Não vejo a hora de compartilhar essa boa notícia com a mulher da minha vida, justo quando estamos completando três meses de namoro. Sim, diferente da maioria dos homens, eu sei exatamente a data em que oficializamos nossa relação e faço questão de relembrar mês a mês.

Estou descendo as escadas de minha casa para encontrar Júlia, quando sou abordado por Mana e Gio intrigadas com alguma coisa que passa na TV.

– Você está cheiroso, Coco – Giovana me avalia de cima a baixo, ainda que eu esteja com uma roupa despojada, bem à vontade. – Vai para onde?

Mana bufa.

– Você ainda pergunta, menina? É claro que ele vai para a casa ao lado. Aliás, desde que você anda vindo para cá, Júlia nunca mais mandou uma de suas tortas deliciosas. Eu tenho dois palpites: ou você está comendo tudo ou ela já conseguiu te conquistar pela boca e não precisa mais continuar investindo.

– Deixe de ser exagerada, Mana. Júlia anda muito ocupada, mas prometo que vou relatar suas insatisfações para ela.

– Faça isso – é a vez de meu pai, entrando na sala com as mãos sujas de terra. – Estou com muitas saudades dos quitutes dela.

– Valter! – minha mãe grita da cozinha. – Lave as mãos antes de entrar em casa!

Apenas sorrio em presenciar mais um episódio do meu caos favorito. Eles são sempre assim, brigões, cheios de defeitos, carregados de amor uns pelos outros. O tipo de família que eu quero ter algum dia com Júlia.

Espera, já estou fazendo planos?

Foda-se! Sim, estou fazendo planos.

– Está vendo, filho. Um homem não pode mandar em sua própria casa.

Bato no ombro do meu velho, antes de sair porta a fora.

– Sim, pai. São elas quem mandam.

Apenas alguns passos me separam da casa de Júlia. Estranho o fato de as janelas estarem ainda fechadas em um dia tão quente de domingo. Ela costuma acordar cedo e abrir tudo logo que os primeiros raios de sol aparecem. Será que precisou sair e não deixou sequer um recado para mim?

Um carro preto está estacionado em frente à sua porta. Olhando bem, é o mesmo que eu vi outro dia na floricultura, justamente quando ela aceitou ser oficialmente minha namorada. Verifico em volta e não vejo nem sinal de um estranho que possa ser o dono do veículo.

Ingiro minhas próprias indagações, paro de frente a porta e toco a campainha uma e outra vez. Ela não atende. Encosto o ouvido em busca de algum barulho, mas o silêncio é sepulcral, então insisto na campainha. Se estiverem dormindo, certamente me ouvirão agora.

Nada.

Dou a volta até o quintal e encontro a porta aberta. Não penso duas vezes antes de entrar e verificar se elas estão em casa. Mais ainda, se estão bem.

Pelo visto, a resposta que eu busco vem antes do que imagino e ela não é nada agradável.

Um homem está de pé com a cabeça baixa enquanto fala com Valentina, que parece tão amedrontada e retraída como nunca vi antes.

– Vem para o meu colo, bebê! Deixe papai te carregar.

Papai? Quem diabos acha que pode chamá-la de filha? – a admissão chega com uma flecha em meu peito. – Então se trata do maldito que estava ameaçando Júlia?

– Deixe-a em paz. Não vê que ela não gosta de você?

Dou dois passos para frente e meus sapatos acabam fazendo barulho. Júlia se vira para me olhar, seu rosto pálido e surpreso como se tivesse sido pega em flagrante. O homem diante de mim também levanta o rosto e, neste momento, é como se a terra tivesse se aberto e eu acabasse de cair numa espécie de abismo.

– Rocco Menezes... – Ele abre um sorriso asqueroso. – Que prazer encontrar você na casa de minha esposa.

Minha raiva agora tem nome e sobrenome.

– Álvaro? Então você é o pai de Valentina?

Ele se vira para Júlia.

– Você não contou esse detalhe a ele, amor? – o cretino não espera que ela responda. – Ah, claro que não, senão estragaria todos os nossos planos, não é mesmo? Estou vendo que ela te enganou direitinho, Rocco. Mas não se preocupe. Todos os seus segredinhos estão a salvo comigo. É uma pena que eu vá usar cada um deles contra você.

A mulher à minha frente não esboça qualquer reação, apenas abaixa a cabeça e me ignora, como se eu não merecesse uma explicação de sua parte, como se eu fosse um mero conhecido.

Onde foi parar a garota carinhosa que apelidei de Baixinha?

Por que ela não está se defendendo?

Se tudo que eu pensei ter vivido com Júlia foi parte de um plano maquiavélico, acabo de ser lançado no inferno, perdendo meu coração no caminho.

E o pior é que, pela primeira vez, tenho medo de não saber como voltar.  

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