Capítulo 28

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Quer se divertir muito com 4 personagens super hilárias? Leia "Divas?", uma antologia de 4 contos escritos por Lucy Berhends, L.M. Gomes, Simone Fraga e Cristina Valori. Disponível na Amazon e no site da Qualis Editora.

***

"DEMOREI MUITO PRA te encontrar
Agora quero só você
Seu jeito todo especial de ser
Fico louco com você
Te abraço e sinto coisas que eu não sei dizer
Só sinto com você
Meu pensamento voa de encontro ao teu
Será que é sonho meu
Tava cansado de me preocupar

Quantas vezes eu dancei
E quantas vezes eu só fiquei
Chorei chorei
Agora quero ir fundo lá na emoção
Mexer teu coração
Salta comigo alto todo mundo vê
Eu quero só você"

Toco a famosa canção Só você de 'Vinícius Cantuária', que ficou conhecida na voz de 'Fábio Júnior' e Júlia me acompanha cantando. Eu sempre gostei da letra, mas hoje essa música tem um significado diferente para mim. Eu não estou tocando para mim mesmo. Estou tocando para alguém.

"Te abraço e sinto coisas que eu não sei dizer

Só sinto com você

Meu pensamento voa de encontro ao teu

Será que é sonho meu"

– Você canta e toca muito bem, Rocco. Eu poderia passar a noite inteira te ouvindo.

– Não precisa ser tão legal. Juro que não estou pensando em concorrer a uma vaga no The Voice Brasil.

– Sério? – indaga, em tom jocoso. – E eu aqui pensando que você se tornaria o próximo astro pop nacional. Que decepção!

Coloco o violão de lado e faço cócegas em sua barriga, entrando na brincadeira. Ela se deita, cansada de tanto rir, então me deito ao seu lado e retiro uma mecha de seu cabelo bagunçado do rosto.

– Conte-me algo que ninguém saiba sobre você, Júlia.

Ela está ofegante, tentando controlar sua respiração, seu olhar voltado para o céu que nos brinda com estrelas brilhantes e uma lua sensacional.

– Promete que não vai me julgar?

– Claro, prometo.

– Quando engravidei de Valentina, fiquei muito triste com a ideia de ser mãe tão jovem e cheguei a pensar na possibilidade de me livrar do bebê. Eu estava perdida, sem conseguir enxergar uma luz no fim do túnel e com muito medo.

– Medo de quê?

– De não ser o suficiente para ela, de não ser uma mãe tão boa quanto a minha foi, medo de enfrentar a vida sozinha.

– E o pai de Valentina, onde está?

Júlia fica em silêncio por um tempo, hesitando antes de falar.

– Ele nunca quis ser pai e até hoje considera minha filha como um acidente de percurso. No fundo, acho que ele pensa que eu queria prendê-lo ao meu lado com uma gravidez.

– Não faz sentido. Você estava fazendo faculdade e teria que abrir mão dos seus sonhos para ter um bebê tão jovem.

– Exatamente. Como ele pode pensar isso de mim? No começo, estava determinada a não ter uma relação com ninguém até que eu terminasse a faculdade e pudesse me estabelecer sozinha, mas ele foi tão sedutor, tão insistente, e eu o admirava tanto, que disse a mim mesma que podia confiar nele.

– Você foi traída?

– Da forma mais sórdida possível. Depois que ele soube da gravidez, fazia questão de desfilar com uma dezena de mulheres na minha frente e fazer ameaças descabidas ao bebê.

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