6-O início

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Acordo quando sinto algo a tocar-me. Abro os olhos devagarinho e com dificuldade.
-Sabias que ficas muito fofinha quando estás sonolenta?- disse uma voz meiga.
Dei um sorriso. Ele deitou-se ao meu lado e voltamos a adormecer juntos.
*10:30 AM*
Acordamos com o barulho de panelas a cair no chão. Claro que fiquei assustada. Depois apareceu uma cara sorridente seguida de um cabelo curto e verde. Só podia ser a Katy! Claro que era a Katy. Se eu já não estava chateada com ela? Não sei, vamos ver como é que ela se comporta.
-Ótimo! Já estão acordados! Eu precisava de uma mãozinha ali na cozinha. Se não se importarem, claro. -Pediu um pouco envergonhada.- É que eu já fiz o pequeno almoço. E acho que vai estar bom! Vocês vão adorar!
-Tu fizeste o pequeno almoço?! Posso saber ao menos o que é que fizeste?- Perguntei.
-Bacon com ovos mexidos e panquecas!
-Mal posso esperar para ver!- Disse entusiasmado o Pedro.
-Vai indo Katy, nós já vamos.
Ela foi.
-Tu estas ancioso para ver? Espera então, porque vai ser só mesmo para ver. Ela não sabe cozinhar. Aliás, ela é mesmo um desastre na cozinha. O que é que se pode fazer? Tu provas primeiro, ok?- Ele estava com cara de idiota, como se nunca me tivesse visto antes.- Bem, vamos indo.- E com isto dei-lhe duas palmadinhas nas costas e fui-me embora.
Cheguei à cozinha e vi como aquilo estava. Estava uma bagunça! Nunca tinha visto a minha cozinha assim! Ai agora é que eu não a perdoo mesmo! Mesmo sem ela saber que estou chateada com ela. Eu devia estar com uma cara de parva mesmo, porque ela perguntou se estava tudo bem e tive de soltar um suspiro e abanar a cabeça afirmativamente.
-Bom, senta-te e prova!- e entregou-me um prato, um garfo e uma faca.
-Com isto tudo, amanhã se me abaixar, caio e não me levanto! Juro que sim!- Ela riu.
Com isto chegou o Pedro e ela fez exatamente a mesma coisa. Fiz-lhe sinal para ele comer primeiro e ele olhou para mim com cara de “Tá de ‘brinca’ né?” e voltei a arregalar os olhos. Ele cedeu, não tinha outra hipótese. Partiu um bocadinho de bacon com ovos e meteu-o à boca. Fez uma cara meia esquisita. Pareceu-me ter-lhe sido difícil engolir.
-Diz-me por favor que não te enganaste e puseste açúcar em vês sal nos ovos, por favor, diz-me que não fizeste isso.- Implorou.
-Claro que não! O que eu pús foi… - deslocando-se para o balcão e pegando no pacote que tinha usado- … a… çú… car. Oh! Fogo! Como é que isto é possível? Eu tinha quase a certeza de que tinha lido ‘SAL REFINADO’.
-Sim, claro, sem dúvida as parecências são muitas. Eu quase me confundi a ler.- Disse gozando com ela.
O Pedro olhou para mim e pediu para parar, pois ela estava quase a chorar.
-O que foi? É verdade! Rimam!- continuei gozando.
Só vi as lágrimas dela a caírem pelo rosto fino e fofo, como algodão doce. Pedi desculpa e abraçamo-nos.
-Sem ofensa, mas podes ser tu a primeira a provar as panquecas, por favor?
- Sim, se estiverem péssima, eu digo para não comerem, se estiverem mais ou menos digo para provarem e se estiverem boas digo para desfrutarem.
Acenei com a cabeça. Ela cortou um bocadinho e engoliu em seco, bem reparei. Meteu o pedacinho à boca e foi direta ao caixote do lixo. Mal deita aquilo fora:
-Definitivamente…, não comam. Devo ter trocado o açúcar pelo sal. Acho que sou um desastre na cozinha. Vou-me ficar por cantar.
Já eram onze e um quarto. O tempo passou que eu nem vi! Enquanto o Pedro fazia um pequeno-almoço decente e de gente como eu costumo dizer, eu fui tomar banho.
Ia vestir um vestido rosa com umas florzinhas e umas sabrinas pretas. Aproveitei que não ia sair e prendi o cabelo bem lá em cima, como eu gosto de dizer.
*And you’re gonna hear me roar, louder, louder than a lion, ‘cause I am a champion…*
-Olá mãe! Então como é que vocês estão?
-Olá filhinha! Estamos bem e tu? Fiquei preocupada que não me atendeste o telemóvel nem ao teu pai.
-Desculpem. Eu fui ao cinema com o Pedro e não pude atender. Depois esqueci-me de ligar de volta e acabamos por adormecer.
- Ah. Tudo bem. E… ele dormiu aí em casa?
- Sim mãe dormiu. Mas não te preocupes que dormimos em quartos separados.
-Não. Nada disso. Perguntei só por mera curiosidade.
-Ok mãe galinha. Olha eu acabei de tomar banho e estava agora a vestir-me. Manda um beijinho ao pai, está bem?
-Sim, filhinha. Beijos grandes de todos.
-Beijo e aproveitem a viajem porque depois vou querer fotos de tudo.
-A Annie já se está a encarregar disso. Bem, beijo. Juízo!
-Tá mãe. Beijo. Xau.
*Desligo a chamada*
Bem vou acabar de me vestir, porque o pequeno almoço já deve estar pronto. Daqui a pouco é almoço, mas pronto.
-Maria vens?- Disse o Pedro enquanto abriu a porta, sem bater. Bem, posso dizer que fiquei envergonhada, porque digamos que eu não estava vestida, mas ele fechou logo quando percebeu o ocorrido.
-Desculpa! Não fiz de propósito! Juro!
-Tudo bem, não faz mal. Não precisas de ficar assim, já passou.- Disse enquanto me ria.
-O… ok. Anda comer quando estiveres pronta.
Acabei de me arranjar e fui para a cozinha. Liguei a televisão e estava a dar uma série.
*Televisão*: “ Notícia de última hora! Notícia de última hora! Não saiam de casa! Uma grande peste de algum vírus infecioso está no continente americano, provocando um grande número de mortos. Até agora já se deduziram ter sido cerca de 12 milhões de pessoas mortas, em todo o continente. As promessas eram fortes e foram cumpridas. Com mais de 200 mil de hectares perdidos, a América passa grandes dificuldades.”
-Mas e o resto?
-Shh!
“Os outros continentes ainda não foram contagiados, mas a doença propaga-se muito facilmente é possível que dentro de uma semana já tenha chegado a África. O recomendado pelas autoridades e médicos é ficar em casa, não sair, esteja onde estiver. A doença, passado cerca de 10 horas sem tratamento, faz com que a pessoa se começa a sentir zonzo com perda de membros, possíveis fraturas pelo corpo e cobertos de sangue. É indicado para as pessoas ainda fora de perigo que guardem comida, água, velas, rádio, pilhas e tudo o que acharem necessário. É possível que o virús / doença seja chamado de Katy Perry, visto que tudo indica ela ter sido a causadora desta tragédia.”
*Katy*
Não sei o que se passa para estar tudo contra mim! Afinal eu nem tinha inimigos. Não entendo porque é que isto me está a acontecer. Só sinto as lágrimas a escorrerem pelo meu rosto. Só quero morrer!
*Eu*
Pobre Katy. A raiva que eu tinha dela passou imediatamente. Ela estava  a sofrer demasiado.  Como é possível as pessoas serem tão insensíveis? Um vírus chamado Katy Perry, está no gozo, só pode! Espero que ela não ganhe mais seguidores no twitter por causa disto. Era triste demais.
-Katy.- ela levantou a cabeça da mesa- Vai tomar um banho e veste alguma coisa, vamos as duas sair. Vamos às compras, porque esta casa está a precisar e depois logo se vê o que se faz.
-Não quero. Não me apetece.
- Tu vais e agora sou eu que digo! Não há volta a dar. Vai fazer o que a Maria disse e trata de ficar bonita. Vá!
Ela levantou e ele deu uma sapatada no rabinho dela, como os pais fazem às crianças. Não achei nada bonito ele fazer isso à minha frente. Consegui mostrar-me chateada o suficiente.
- Não vais ficar chateada, pois não?- perguntou, enquanto me encostava contra a parede. Revirei os olhos.- Ou! Eu só tenho olhos para ti, percebeste?- e com isto beija-me de uma forma que nunca fizera. Foi um beijo sincero, e eu acreditei, abraçando-o.
Ficamos abraçados durante algum tempo, até que a Katy apareceu de toalha curtinha a perguntar que roupa é que podia usar. Vi como ela provocava o Pedro e como ele correspondia, olhando para ela. Levantei-me e mostrei-lhe a roupa que ela podia usar e a que não podia. Aproveitei para lavar os dentes e arranjar o cabelo e a cara. Apanhei dois pedaços de cabelo de cada lado da cabeça e prendi-os atrás com um gancho. Pus um bocadinho de lápis nos olhos e um batom do dia-a-dia. E saímos todos

Uma vida com Katy PerryOnde histórias criam vida. Descubra agora