- O que você quer dizer com ela fugiu? Onde está a garota, toda agitação de Jamie me deixou assustada, eu já tinha visto ele perder o controle algumas vezes, mas nada parecido com o que eu via a minha frente, ele se levantou de onde estava e deu um soco na mesa, eu me retrai com o barulho, ele apontava o dedo para velha senhora a nossa frente. Coloquei uma mão em seu ombro tentando em vão acalmá-lo.
Alguns dias, uma mulher veio até aqui procurando a mesma criança, ela dizia ser a mãe dela, ela trouxe os documentos que provavam a paternidade, só que eu não contava que ela fosse abordar a criança hoje pela manhã dizendo que era sua mãe.
Jamie pegou uma foto de Geillis que ele tinha no bolso e colocou na mesa em frente a Madre, - é essa a mulher que veio até aqui.
A senhora pegou a foto em suas mãos antes de responder- Sim, era ela sim! Ficou de voltar amanhã para buscar a criança, mas a menina disse que não queria ir, e fugiu... me desculpe.
Jamie andava pela sala todo agitado, remexendo o ombro ferido e fazendo uma careta de dor, toda aquela agitação o fez esquecer por um momento do seu ferimento.
- A senhora tem ideia de onde ela possa ter ido, algum lugar ou alguém que ela conheça fora do Orfanato.
- Infelizmente senhora não temos ideia de onde ela possa ter ido, já procuramos pelo bairro , ela nunca saiu sem supervisão, as meninas tem aulas aqui mesmo no orfanato e são raras as vezes que saem. Já procuramos por toda parte e até agora nada.
Olhei para trás e Jamie falava com alguém ao telefone.
- Me desculpe madame, eu nunca poderia imaginar.
- Nem nós Madre, peguei em suas mãos tentando dar um pouco de conforto a pobre mulher, ela tinha o olhar assustado, - pode me chamar de Claire, - a Senhora tem uma foto da menina, qualquer coisa que eu possa ver dela.
- Claro, se você puder esperar um momento eu já volto.
Jamie se aproximou - Murtagh ainda está em Paris, acho que ele pode nos ajudar.
A Madre voltou com uma pasta em suas mãos, na frente uma etiqueta com nome de Faith, meu coração se apertou, - aqui está a ficha da menina. Olhei para Jamie e peguei a pasta e a segurei próximo ao meu coração por um momento, era uma forma de tê-la perto de mim. - Aqui estão todos os registros desde que ela nos foi entregue. Olhei as paginas com cuidado atenta a todos os detalhes da minha pequena garotinha, os gráficos de sua evolução e recuperação, lágrimas rolavam pelos meus olhos sem que eu conseguisse controlá-las e eu nem queria. a próxima página do arquivo tinha uma foto, a legenda dizia que ela tinha Dois anos, tão pequenina e tão linda, seus cabelos cacheados alcançando a altura do ombro ela segurava um ursinho de pelúcia próximo ao seu peito , meus dedos correram pelas páginas como se eu pudesse toca-la ali naquele papel, a madre me indicou a última folha da pasta, eu olhava para a criança de olhos azuis que encarava a câmera com um sorriso tímido. - Essa é a mais recente, foi em seu aniversário de Sete anos, quando um casal a levou para passar o dia em Versailles, eles estavam em fase de adaptação para adoção. Eu traçava os dedos pela foto seu pequeno rosto, as sardas em cima do nariz e seus longos cabelos ruivos, um pouco mais opaco do que os de Jamie que era um vermelho mais brilhante, mas ali estava ela, ali estava minha menina, um soluço escapou por meus lábios e eu chorei sem vergonha, chorei por todos os anos de ausência, pela escuridão, por estar sozinha, por não saber da minha filha, Jamie me puxou para seu abraço, ele também estava chorando .. nós vamos encontra-la Claire, eu te prometo, nós vamos encontrá-la. Fechei meus olhos e fiz uma pequena oração, nós estávamos tão perto.
A Madre nos deu um pouco de privacidade, ficamos sozinhos na sala - Acho melhor irmos encontrar Murtagh, - eu não vou Jamie, eu não vou sair daqui, você pode ir se encontrar com Murtagh, mas eu vou ficar aqui. - Sassenach... Claire por favor, eu prefiro que você venha comigo, - eu sei mas e se ela voltar, eu não vou estar aqui, eu só saio daqui com a minha filha, e eu vou ficar bem, você pode pedir pra deixarem um segurança do lado de fora do Convento.
Jamie soltou a respiração, - você sabe que coisas ruins tendem a acontecer quando estamos separados, eu não quero te deixar com Geillis a solta por ai.
Jamie, nada vai acontecer, eu sei que falo muito isso e nem sempre é verdade, mas se ela voltar para cá eu quero estar aqui, eu tenho esperança que ela volte ... Jamie beijou minha testa, - promete que vai ficar aqui. - Sim! - Claire, ele me encarava não muito confiante da minha resposta. - Sim Jamie, eu prometo, se algo acontecer eu ligo para seu celular.
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A noite estava fria e nem sinal do Sr. Raymond, eu estava com muita fome e o sono já começava a tomar conta do meu corpo, esfreguei minhas mãos geladas afim de gerar um pouco de calor, eu não poderia ficar ali por mais tempo, caminhei pelo beco sem muita esperança, olhei para trás para ver a loja por uma última vez , estava escuro, "- você disse que estaria lá quando eu precisasse", chutei uma pedra que rolou pelo pavimento, curvei meus ombros e caminhei mais um pouco, já estava certa em aceitar minha derrota e era hora de voltar , passei três dias me escondendo nos becos e vielas de Paris, aceitando a caridade de quem fosse para comer algo, achei um abrigo próximo a Catedral e sempre voltava a loja, mas nem sinal do homem era como ele tivesse evaporado da face da terra, coloquei as mãos no bolso e puxei o cartão do detetive estava lá Fergus, sim, ele disse que me ajudaria, era só ligar para ele , remexi no meu bolso e peguei algumas moedas corri até o telefone público e disquei o número...
- Eu já vi crianças com fome, mas com apetite igual ao seu tá pra nascer , Fergus abastecia meu copo com mais leite. - Obrigada Senhor, respondi entre um gole no copo e uma mordida no meu sanduíche, ele afastou uma cadeira e sentou ao meu lado, - Pode me chamar de Fergus, há quantos dias você não come ou toma banho, falou fazendo uma careta.
Quase três dias Senh... digo Fergus.
- Você fugiu né, eu sabia que você estava fugindo, mas por que em nome de Deus demorou tanto para me ligar, eu disse que te ajudaria.
- Eu sei, mas eu estava com medo.
- Medo do quê, de que eu te fizesse mal, eu já disse que eu só queria algumas informações, acredito que possa te ajudar sim, se você me permitir claro, eu posso ligar para a senhora que me contratou, eu posso pedir que ela venha até aqui, digo que tenho informações importantes sob o caso que estou investigando.
- Mas eu quero falar com o Senhor Raymond antes, disparou Faith.
- Criança tola, o que você ainda quer com aquele velho maluco, você mesmo me disse que passou dias em frente aquela loja de tranqueiras e ele não apareceu, e outra você não tem nada a perder se conhecer a mulher, você não tem ninguém que olhe por você,porque em nome de Deus me ligou então se não quer minha ajuda, deveria ter ficado na rua então ou ter ido de volta para o orfanato , Faith fez um beicinho e baixou a cabeça. Fergus olhou para a criança a sua frente, - desculpe-me, não deveria ter falado dessa forma.
- Eu não quero voltar para o orfanato, eu fugi porque a Madre não se importa mais comigo, ela disse que eu deveria ir com aquela mulher, que com o tempo eu me acostumaria, mas eu não quero , eu quero minha mãe de verdade.
Fergus suspirou e revirou os olhos, abaixou em frente a menina e pegou sua mão, - então deixe que eu faça a ligação, e se essa Senhora for realmente quem você está procurando ela também pode estar procurando por você, e se ela for sua mãe acredito que nunca permitiria que outra pessoa te leve embora, ela parece ser uma pessoa legal, Fergus piscou para Faith, -você não precisa ficar aqui na sala quando ela chegar, eu posso fazer as perguntas necessárias e se for seguro eu te chamo. - Agora que tal você ficar um pouco mais apresentável enquanto eu faço a ligação, tem um banheiro no final do corredor eu deixei uma toalha e uma troca de roupa pra você.
Faith parou na porta do corredor e olhou para Fergus por cima do ombro, com um sorriso tímido agradeceu , ouviu Fergus chamar por Júlia Lambert antes de sumir pelo corredor.
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Je Suis Prest
FanfictionPessoas desaparecem o tempo todo! Seria ironia minha dizer essa frase. Logo eu que nunca pertenci a lugar algum , desaparecer seria muito fácil. .Após a morte precoce dos meus pais fui criada pelo meu tio, um arqueólogo sem morada fixa, boa pa...