- Bumberdin! Bumberdin! - Repetia a fadinha de cabelos esbranquiçados, ao entrar voando pela janela da aconchegante casinha construída em um tronco de uma árvore.
- O que é Dimpilin? - Perguntou o Gnomo de bochechas avermelhadas, que mais pareciam com dois morangos maduros, enquanto rolava na cama tentando pegar novamente no sono.
- Vamos brincar?
- Agora? Mas mal amanheceu - respondeu o Gnominho sentando-se sobre a cama que era muito macia por sinal.
- Por favorzinho? - Implorou à fadinha, unindo as mãozinhas na frente do pequeno rosto delicado. Seus redondos olhos verdes brilharam, e batendo o par de asinhas tão coloridas quanto um arco-íris voou e se sentou sobre a janela, por onde os raios do sol começavam a penetrar.
- O papai disse que hoje eu preciso ajudá-lo com a colheita - respondeu Bumberdin, espreguiçando-se.
- Poxa vida! - Lamentou Dimpilin, e seu bico não poderia estar maior naquele momento. - Justo hoje que escutei as fadas lá no riacho comentarem sobre um lugar maravilhoso além das cachoeiras cantantes. Ouvi quando disseram que viram Elfos por lá.
- Elfos?! Você está falando sério?
- Sim, juro de coração!
- Se você me ajudar com as cenouras talvez o Papai me deixe ir com você quando terminarmos, o que me diz? - Perguntou Bumberdin, calçando as botas de couro desbotadas.
- Está bem, eu topo - respondeu Dimpilin, e voando de encontro ao Gnomo jogou lhe o chapéu verde pontudo que pegou no cabide pendurado no canto do quarto. Bumberdin rapidamente o vestiu na cabeça.
- Como estou? - Perguntou Bumberdin, após abotoar todos os botões da camisa vermelha que acabara de vestir.
- Amarrotado - respondeu Dimpilin, sorrindo. E juntos saíram pela velha porta de madeira do quarto, e seguiram para o lado de fora da casa.
- Bom dia Sr. Coelho!
- Olá, Dimpilin! O que faz por aqui tão cedo? - Perguntou o Coelho rechonchudo, que vestia calças azuis e segurava um rastelo em uma das mãos. - Vejo que conseguiu retirar Bumberdin da cama mais cedo do que de costume.
- O Senhor conhece a Dimpilin - disse Bumberdin. - Se eu não me levantasse ela não ia parar de gritar. - O Coelho deixou escapar uma gostosa gargalhada.
- É, eu a conheço muito bem, e concordo com você - respondeu o Sr. Coelho, entregando o rastelo para Bumberdin. - Limpe toda a horta, principalmente em volta das cenouras. E só depois você pode ir brincar com a Dimpilin. Combinado?
- Sim, Papai!
- Dimpilin?
- Sim, Sr. Coelho!
- Muito bem! - Disse o Sr. Coelho. - Eu tenho que ir até a Vila dos duendes, preciso resolver alguns assuntos por lá. Não devo demorar, acredito que até a noite eu estarei de volta. Não vão para muito longe, está bem?
- Sim.
- Sim.
- E Fiquem longe da floresta escura, vocês sabem muito bem o que habita aquelas terras, não sabem?
- Todos dizem que ela desapareceu, que já faz dez anos que ela parou de caçar - Disse Bumberdin.
- Não acredite em tudo o que ouvem por aí - respondeu o Sr. Coelho, coçando os bigodes. - Tenho certeza que aquela maldita está à espreita, só esperando até uma pobre criatura topar com ela, para que ela possa segui-lo e encontrar a vila onde esse azarado mora, e destruir tudo por lá. Assim como ela fez a dez anos no vilarejo dos Gnomos. Ela quer a flor, e não desistirá até encontrá-la. Vocês sabem o que acontece se a flor for levada do Jardim, não sabem?
- O Jardim inteiro morrerá! - Responderam juntos.
- O que? Não ouvi direito? - Disse o Sr. Coelho com uma das mãos em forma de concha ao lado da orelha direita.
- O JARDIM INTEIRO MORRERÁ! - Gritaram.
- Muito bem! Tenham cuidado!
- Até mais tarde Papai - disse Bumberdin, acenando com a mão, enquanto o Sr. Coelho desaparecia no horizonte colina a baixo.
- E agora?... E agora?... E AGORA? - Perguntou Dimpilin, voando ao redor de Bumberdin.
- E agora o que? Sua fada maluca! Dá pra parar quieta um minuto?
- É que eu estou muuuuuuuuito ansiosa, eu quero ver os Elfos! - Gritou, estremecendo todos os músculos daquele corpinho delicado que estava coberto com roupas feitas das folhas verdinhas e pétalas de flores de diversas cores.
- Acalmasse, ou você vai explodir! - Disse Bumberdin, enquanto rastelava o chão juntando algumas folhas em um pequeno monte ao lado da cerca branca que rodeava sua casinha.
Mas ficar calma, e calada... Eram duas coisas impossíveis para Dimpilin.- BUMBERDIM! - Gritou, virando algumas cambalhotas no ar espalhando faíscas para todos os lados.
- O que é Dimpilin?
- Você já viu algum Elfo?
- Ainda não - respondeu o Gnomo, sorrindo. - Mas estou ansioso de mais para ver um.
- Vamos para a floresta, as cachoeiras cantantes não são muito longe - Disse Dimpilin, brilhando como uma estrelinha. - Se formos rápidos, temos tempo o suficiente para voltar e terminar com as cenouras.
- Dimpilin se eu concordar, você promete que não vai desaparecer e me deixar sozinho com todo esse trabalho? Se eu não terminar com a horta até o Papai voltar ele vai me deixar de castigo por um bom e longo tempo.
- Prometo! Palavra de fada!
- Então está bem! - Disse Bumberdin, deixando de lado o rastelo. - Sinto que esse é o começo de uma incrível aventura.
- Eu também! - Gritou Dimpilin.
- Então pé na estrada minha amiguinha - disse Bumberdin, batendo palmas. - Ou no seu caso, asas na estrada. - Os dois gargalharam.
- Vamos levar alguma coisa para comer? - Perguntou Bumberdin, preocupado, pois Gnomos gostam muito de comer na hora certa, e se sentem muito irritados quando isso não acontece.
- Todas as árvores daqui até as cachoeiras cantantes estão carregadas de frutos, nós vamos ficar bem - respondeu a fadinha, voando em círculos ao redor do Gnomo.
- Eu tive uma grande ideia! - Disse Bumberdin. - Vamos até o Jardim central.
- Jardim central? - Disse Dimpilin, e por um segundo o que era muito difícil de acontecer; aconteceu. Suas asinhas pararam de bater. Por poucos segundos, mas pararam. - O que faremos lá? - Perguntou.
- Borboletas minha amiguinha, nós vamos falar com as borboletas.
- Borboletas? Que legal! - Gritou a fadinha eufórica.
- Sim, agora vamos depressa! - Respondeu Bumberdin.
- Bumberdin!
- O que é Dimpilin?
- Eu já te disse que eu amo borboletas?
- Eu também Dimpilin... Eu também.
E juntos seguiram colina a baixo, dando início a essa aventura fantástica. E esbanjando felicidade cantavam:
Partiremos em uma aventura...
Até onde a estrada nos levar...
Vamos juntos e cantando...
Não podemos desanimar...
Nós vamos ver os Elfos...
E nada vai nos impedir...
Nós vamos ver os Elfos...
Adeus, nós já vamos partir, ei!
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O Jardim de Bumberdin Uma história de Gaillardia
Adventure"Premiado na 1°- Ediação do concurso Borboletas de ouro" "Premiado na 5°- Edição do concurso Flores de Ouro" Até onde você iria para salvar o seu lar e aqueles que você ama? O Pequeno Gnomo Bumberdin não medirá esforços para recuperar o bem mais pr...