Capítulo 1 Nós vamos ver os Elfos

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- Bumberdin! Bumberdin! - Repetia a fadinha de cabelos esbranquiçados, ao entrar voando pela janela da aconchegante casinha construída em um tronco de uma árvore.

- O que é Dimpilin? - Perguntou o Gnomo de bochechas avermelhadas, que mais pareciam com dois morangos maduros, enquanto rolava na cama tentando pegar novamente no sono.

- Vamos brincar?

- Agora? Mas mal amanheceu - respondeu o Gnominho sentando-se sobre a cama que era muito macia por sinal.

- Por favorzinho? - Implorou à fadinha, unindo as mãozinhas na frente do pequeno rosto delicado. Seus redondos olhos verdes brilharam, e batendo o par de asinhas tão coloridas quanto um arco-íris voou e se sentou sobre a janela, por onde os raios do sol começavam a penetrar.

- O papai disse que hoje eu preciso ajudá-lo com a colheita - respondeu Bumberdin, espreguiçando-se.

- Poxa vida! - Lamentou Dimpilin, e seu bico não poderia estar maior naquele momento. - Justo hoje que escutei as fadas lá no riacho comentarem sobre um lugar maravilhoso além das cachoeiras cantantes. Ouvi quando disseram que viram Elfos por lá.

- Elfos?! Você está falando sério?

- Sim, juro de coração!

- Se você me ajudar com as cenouras talvez o Papai me deixe ir com você quando terminarmos, o que me diz? - Perguntou Bumberdin, calçando as botas de couro desbotadas.

- Está bem, eu topo - respondeu Dimpilin, e voando de encontro ao Gnomo jogou lhe o chapéu verde pontudo que pegou no cabide pendurado no canto do quarto. Bumberdin rapidamente o vestiu na cabeça.

- Como estou? - Perguntou Bumberdin, após abotoar todos os botões da camisa vermelha que acabara de vestir.

- Amarrotado - respondeu Dimpilin, sorrindo. E juntos saíram pela velha porta de madeira do quarto, e seguiram para o lado de fora da casa.

- Bom dia Sr. Coelho!

- Olá, Dimpilin! O que faz por aqui tão cedo? - Perguntou o Coelho rechonchudo, que vestia calças azuis e segurava um rastelo em uma das mãos. - Vejo que conseguiu retirar Bumberdin da cama mais cedo do que de costume.

- O Senhor conhece a Dimpilin - disse Bumberdin. - Se eu não me levantasse ela não ia parar de gritar. - O Coelho deixou escapar uma gostosa gargalhada.

- É, eu a conheço muito bem, e concordo com você - respondeu o Sr. Coelho, entregando o rastelo para Bumberdin. - Limpe toda a horta, principalmente em volta das cenouras. E só depois você pode ir brincar com a Dimpilin. Combinado?

- Sim, Papai!

- Dimpilin?

- Sim, Sr. Coelho!

- Muito bem! - Disse o Sr. Coelho. - Eu tenho que ir até a Vila dos duendes, preciso resolver alguns assuntos por lá. Não devo demorar, acredito que até a noite eu estarei de volta. Não vão para muito longe, está bem?

- Sim.

- Sim.

- E Fiquem longe da floresta escura, vocês sabem muito bem o que habita aquelas terras, não sabem?

- Todos dizem que ela desapareceu, que já faz dez anos que ela parou de caçar - Disse Bumberdin.

- Não acredite em tudo o que ouvem por aí - respondeu o Sr. Coelho, coçando os bigodes. - Tenho certeza que aquela maldita está à espreita, só esperando até uma pobre criatura topar com ela, para que ela possa segui-lo e encontrar a vila onde esse azarado mora, e destruir tudo por lá. Assim como ela fez a dez anos no vilarejo dos Gnomos. Ela quer a flor, e não desistirá até encontrá-la. Vocês sabem o que acontece se a flor for levada do Jardim, não sabem?

- O Jardim inteiro morrerá! - Responderam juntos.

- O que? Não ouvi direito? - Disse o Sr. Coelho com uma das mãos em forma de concha ao lado da orelha direita.

- O JARDIM INTEIRO MORRERÁ! - Gritaram.

- Muito bem! Tenham cuidado!

- Até mais tarde Papai - disse Bumberdin, acenando com a mão, enquanto o Sr. Coelho desaparecia no horizonte colina a baixo.

- E agora?... E agora?... E AGORA? - Perguntou Dimpilin, voando ao redor de Bumberdin.

- E agora o que? Sua fada maluca! Dá pra parar quieta um minuto?

- É que eu estou muuuuuuuuito ansiosa, eu quero ver os Elfos! - Gritou, estremecendo todos os músculos daquele corpinho delicado que estava coberto com roupas feitas das folhas verdinhas e pétalas de flores de diversas cores.

- Acalmasse, ou você vai explodir! - Disse Bumberdin, enquanto rastelava o chão juntando algumas folhas em um pequeno monte ao lado da cerca branca que rodeava sua casinha.
Mas ficar calma, e calada... Eram duas coisas impossíveis para Dimpilin.

- BUMBERDIM! - Gritou, virando algumas cambalhotas no ar espalhando faíscas para todos os lados.

- O que é Dimpilin?

- Você já viu algum Elfo?

- Ainda não - respondeu o Gnomo, sorrindo. - Mas estou ansioso de mais para ver um.

- Vamos para a floresta, as cachoeiras cantantes não são muito longe - Disse Dimpilin, brilhando como uma estrelinha. - Se formos rápidos, temos tempo o suficiente para voltar e terminar com as cenouras.

- Dimpilin se eu concordar, você promete que não vai desaparecer e me deixar sozinho com todo esse trabalho? Se eu não terminar com a horta até o Papai voltar ele vai me deixar de castigo por um bom e longo tempo.

- Prometo! Palavra de fada!

- Então está bem! - Disse Bumberdin, deixando de lado o rastelo. - Sinto que esse é o começo de uma incrível aventura.

- Eu também! - Gritou Dimpilin.

- Então pé na estrada minha amiguinha - disse Bumberdin, batendo palmas. - Ou no seu caso, asas na estrada. - Os dois gargalharam.

- Vamos levar alguma coisa para comer? - Perguntou Bumberdin, preocupado, pois Gnomos gostam muito de comer na hora certa, e se sentem muito irritados quando isso não acontece.

- Todas as árvores daqui até as cachoeiras cantantes estão carregadas de frutos, nós vamos ficar bem - respondeu a fadinha, voando em círculos ao redor do Gnomo.

- Eu tive uma grande ideia! - Disse Bumberdin. - Vamos até o Jardim central.

- Jardim central? - Disse Dimpilin, e por um segundo o que era muito difícil de acontecer; aconteceu. Suas asinhas pararam de bater. Por poucos segundos, mas pararam. - O que faremos lá? - Perguntou.

- Borboletas minha amiguinha, nós vamos falar com as borboletas.

- Borboletas? Que legal! - Gritou a fadinha eufórica.

- Sim, agora vamos depressa! - Respondeu Bumberdin.

- Bumberdin!

- O que é Dimpilin?

- Eu já te disse que eu amo borboletas?

- Eu também Dimpilin... Eu também.

E juntos seguiram colina a baixo, dando início a essa aventura fantástica. E esbanjando felicidade cantavam:

Partiremos em uma aventura...

Até onde a estrada nos levar...

Vamos juntos e cantando...

Não podemos desanimar...

Nós vamos ver os Elfos...

E nada vai nos impedir...

Nós vamos ver os Elfos...

Adeus, nós já vamos partir, ei!

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O Jardim de Bumberdin Uma história de Gaillardia Onde histórias criam vida. Descubra agora