Capítulo 16 Um final quase feliz parte 1

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Krunyo! Não! Não! - Gritou Aegon, que aos prantos correu até o amigo petrificado e todos fizeram o mesmo.

Assane abraçou o irmão tentando consolá-lo, mas nada parecia aquietar o coração ferido do pequeno Elfo.

- No final o Ogro que tentou nos matar na masmorra acabou sendo o herói do dia - disse Dimpilin, voando ao redor da enorme estátua. - Se eu já tivesse a minha varinha mágica com certeza poderia reverter esse feitiço.

- É uma pena que ainda não tenha - lamentou Bumberdin. - No fim o pobre Krunyo não era mal de verdade, e não merecia acabar dessa forma.

- Seus idiotas! - Disse a Feiticeira, ao meio de gemidos de dor. - Nada seria capaz de reverter esse Feitiço, Krunyo será pedra para sempre. Agora encontrem algo para me soltar ou terão o mesmo fim.

- Cale a boca sua bruxa velha! - Disse o Doendezinho encapuzado, que junto das outras crianças que ainda não haviam se tornado soldados da Feiticeira aproximavam-se. - Sem o seu cetro você não tem poder nenhum - continuou. - Esse é o seu fim, bruxa velha!

- Onde vocês estavam? - Perguntou Dimpilin, desconfiada.

- Escondidos - respondeu um jovem Sátiro. - Quando o Lobo gigante foi solto, achamos que não seria nada seguro para a gente ficar ao meio dos soldados e nos escondemos atrás daquelas árvores próximas ao velho poço do castelo, e ali ficamos até que fosse seguro. Desculpe por não ter ajudado vocês na batalha.

- Não se preocupe com isso - disse Dimpilin, ostentando o escudo encantado. - Acho que não teria muita coisa que vocês poderiam ter feito, mas por sorte tudo acabou bem.

- Não para o Krunyo - disse Aegon, que agora analisava o cetro da Feiticeira, após pegá-lo do chão logo abaixo de onde a mulher estava aprisionada pelos braços do Ogro.

- Isso mesmo, jovem Elfo - murmurou a Feiticeira. - Bom trabalho! Agora o entregue para mim. Posso garantir a você um posto elevado no grande exército de Arantula. Depois que conquistarmos toda a Gaillardia você poderá ser o que quiser e onde quiser. Já imaginou governar em alguma das províncias Gaillardianas? Creio que Arantula te recompensaria por me libertar.

- Oras bolas! - Disse Aegon, afastando-se da mulher. - Nunca trairia meus amigos, independente do que você me prometer.

- Todo mundo tem um preço - sussurrou a mulher, forçando um sorriso. - Basta me dizer qual é o seu?

- Já chega! - Gritou Assane, que estava furiosa. - Tem sorte de ainda estar viva, sua velha encrenqueira. Aegon e eu devíamos usar nossos poderes para transformá-la em uma estátua de gelo. Mas não somos iguais a você.

- Devemos decapitá-la! - Gritou o Duendezinho encapuzado, e muitas das outras crianças pareceram gostar da ideia.

- Ela merece ser queimada viva! - Gritou um jovem Sátiro, apontando para a gigante assadeira de bronze que naquele momento não poderia estar mais quente.

- Acalmem-se! Acalmem-se! - Disse Bumberdin, tentando evitar uma revolta prestes a surgir. - Sei que ela merece esses finais trágicos, e talvez muitos outros mais. Só que não podemos nos deixar levar pela fúria da vingança. Sei que vocês sofreram por muito tempo naquelas celas escuras, e entendo que estejam se sentindo dessa forma. Mas se tomarmos a decisão de executá-la, nós acabaríamos se tornando iguais a ela. E tenho certeza que somos mais do que um bando de assassinos.

O silêncio pairou entre todos que pensativos acataram as palavras ditas por Bumberdin como se fossem uma ordem, e não voltaram a tocar no assunto sobre executarem a Feiticeira.
Mas aquele silêncio que durou apenas alguns instantes fora quebrado por palmas. "Sim, uma salva de palmas de alguém que se aproximava." Alguém que de invisível passou a ser visível ao se materializar na frente de todos ao meio de uma já conhecida chuva de pétalas vermelhas.

O Jardim de Bumberdin Uma história de Gaillardia Onde histórias criam vida. Descubra agora