- Você é a mais rápida entre todos aqui - disse Rakuro, para Dimpilin. - Pegue um dos baldes que está aos pés daquele poço, voe pelas redondezas até encontrar um lago límpido, encha o balde com a água do lago e o traga para mim o mais rápido possível.
E antes que alguém tivesse tempo para dizer balde, Dimpilin com o recipiente em mãos bateu suas asas como nunca e desapareceu após sair voando pela janela. Exceto por uma ocasião que veremos a frente nessa história, Dimpilin nunca havia voando tão rápido em toda sua vida.
- Bumberdin, volte para dentro do castelo, vasculhe as coisas dessa bruxa velha e só volte quando encontrar um espelho ou algo do tipo - disse Rakuro, que voltara a analisar a estátua de Krunyo. - É extremamente importe que você complete essa tarefa - ressaltou a raposa, quando de dentro do peitoral de sua armadura brilhante retirara um pequeno bornal de couro e de dentro dele apanhou um pequeno frasco que usou para colher algumas lágrimas de Aegon que ainda chorava aos pés de Krunyo.
- Obrigado! - Agradeceu. - Isso será muito útil, é muito importe que as Deusas saibam que lágrimas foram derramadas por tal criatura.
- Jovem Elfa! - Chamou Rakuro, fazendo sinal com uma das mãos para que Assane chegasse mais perto. - Por um acaso conhece a erva chamada quebra-pedra?
- Sou uma Elfa da Floresta das árvores brilhantes, conheço todo o tipo de ervas e sei para o que todas elas servem - respondeu Assane, orgulhosa. Úlfur latiu algumas vezes como se atestasse aquele fato.
- Pois bem! - Disse Rakuro, sorrindo de canto de boca. - É extremamente importante que encontre tal erva, essa é sua tarefa.
- Deixa comigo, mestre Raposa! - Gritou Assane, ao montar sobre as costas de Úlfur. - Vamos garoto! - Disse ela acariciando o pescoço do lobo que saltou por cima de algumas das crianças, atravessou uma grande porta metálica e após descer por um lance de escadas desapareceu mata adentro.
- Ei, vocês! - Disse Rakuro, apontando para o restante das crianças. - Vasculhem tudo por aí, preciso de uma corda bem forte, precisamos puxar esse Ogro para o meio do pátio.
Sem pestanejarem as crianças se organizaram o melhor que puderam e saíram à procura do que fora pedido a eles. Enquanto isso Rakuro aproximou-se de Aegon e com a pata dianteira direita sobre o ombro do Elfo, a Raposa prometeu que faria o possível para salvar Krunyo.
Tal promessa deixara Aegon de certa forma mais animado, animado o bastante para se recompor, enxugar as lágrimas e ajudar todas as crianças a puxar Krunyo quando estas retornaram com várias cordas extremamente grossas. Rakuro também ajudou nessa pesada tarefa, e posso dizer que fora uma tarefa que exigiu um enorme esforço de todos até que conseguissem trazer a gigante estátua de pedra até o meio do pátio das esmeraldas.
E antes que todos ali pudessem dizer: ufa! E recuperarem o fôlego, Dimpilin entrou pela janela com o balde cheio de água até as bordas, e cuidadosamente o colocou próximo aos pés de Rakuro, e em verdade posso dizer que a fadinha não deixara derramar do balde uma gota se quer da água que tinha apanhado de um lago não muito longe dali, onde uma família de unicórnios costumava bebericar e se banhar em dias mais quentes; o que acabou deixando aquela água com propriedades mágicas, e Rakuro sabia disso. Na verdade Rakuro sabia que não havia outro lago a não ser aquele por aquelas bandas, e propositalmente havia enviado Dimpilin para buscar a própria água que ela trouxera, pois já sabia que ela de alguma forma encontraria aquele lago. Você deve estar se perguntando como Rakuro sabia da existência daquele lago, não é? Mas o que apenas posso te afirmar é que Rakuro sabia dessas, e muitas outras coisas, pois há tempo vivia ao lado do Espírito da Floresta que sempre mantinha Rakuro informado sob esse tipo de segredos, e isso deixara Rakuro um ser magnificamente sábio, tão sábio quanto o seu próprio senhor Ysbrid.
Dimpilin sorriu, Rakuro sorriu de volta, e com uma reverência agradeceu a fadinha, e após abrir o frasco que guardava as lágrimas de Aegon, deixou o líquido escorrer para dentro do balde, e com movimentos circulares usando o dedo indicador misturou todo o conteúdo. Rakuro fizera o mesmo com a erva de quebra-pedra assim que Assane retornou com Úlfur da caçada, e é claro que a raposa triturou toda a erva antes de misturá-la com o líquido do balde, pois se isso não fosse feito de nada a poção adiantaria.
E assim que Bumberdin retornou com uma enorme bandeja de prata que o Gnomo encontrara sobre a mesa onde fora servido o banquete que antecedeu tudo o que acontecera no pátio das esmeraldas, Rakuro sorriu satisfeito e disse:
- Vai servir - sorriu novamente e tornou a dizer: - Vai servir... Tem que servir!
A essa altura da madrugada as três luas Gaillardianas se encontrava bem acima das cabeças de todos, isso quer dizer que estavam bem no meio do céu Gaillardiano emitindo seu esplêndido brilho vermelho, o qual Rakuro também sabia que estava carregado de propriedades mágicas, e que se fossem usados da forma certa seriam capazes de curar muitas enfermidades.
Sendo assim a raposa sabia que tinha chegado à hora do tudo ou nada. E sabia também que para que tudo desse certo, iria precisar de mais um último favorzinho de Assane. E por isso pedira para que a menina chama-se seu arco, e isso foi o que não só Assane fez, mas também Bumberdin e Dimpilin que assim como a Elfa recuperaram suas armas mágicas, que vieram ao encontro deles flutuando no ar enquanto deixavam um rastro brilhante parecido com pó mágico por onde passavam.
- Qual é o nível do seu poder sobre as águas? - Perguntou a raposa para Assane, que ficara muito curiosa sobre o fato de Rakuro conhecer o seu segredo, em outra ocasião talvez a Elfa viesse a ficar preocupada, mas agora que Rakuro demonstrou ser extremamente confiável, Assane não viera a se preocupar com isso.
- Nível máximo - respondeu a Elfa, e Rakuro sabia que isso significava que a jovem conseguiria controlar a água em qualquer que fosse a forma que ela se encontrasse e isso nos pensamentos da sábia raposa não poderia ser uma notícia melhor.
- Preciso de um tiro certeiro - disse Rakuro, após colocar o balde da água que ele acabara de preparar aos pés de Assane.
- Um tiro? - Questionou Assane, um tanto que espantada com o pedido de Rakuro.
- Sim, um tiro. E um tiro certeiro, o tempo de Krunyo está se esgotando, e você só terá uma única chance - disse Rakuro, apontando para o Ogro de pedra. - Então, não erre!
- Você quer que eu dispare a água desse balde contra Krunyo? - Perguntou Assane. - Não é mais simples apenas derramarmos a água do balde nele?
- Acredite, se essa fosse uma alternativa eu mesmo a executaria - respondeu Rakuro. - Mas para que a poção funcione é preciso que ela se misture enquanto atinge certa velocidade elevada, que só conseguiremos com a ajuda do dom especial que você possui e do seu arco mágico.
Assane parou por alguns segundos e fitou seu irmão nos olhos, o garoto sorriu e acenou com a cabeça ao se levantar. E quando a Elfa se deu conta, Aegon já estava ao seu lado segurando o balde com a poção, e com tamanha empolgação gritou:
- Faremos isso juntos! É... Quer dizer... Se não tiver problemas? - Perguntou de olhar vidrado em Rakuro que sorriu e consentiu com a cabeça.
- Não a problema algum meu jovem - disse Rakuro. - Não a problema algum.
Nesse instante os olhos de Aegon brilharam intensamente, e assim como Assane, o pequeno Elfo teve o corpo tomado por desenhos de pequenas ondas azuladas d'água que se movimentavam através de seus braços, os quais ditavam a direção em que a poção do balde que agora pairava no ar deveria seguir.
Assane com uma das mãos segurava o arco, e com a outra passou a conduzir a poção que ainda pairava no ar quando a jovem a fizera assumir a aparência de uma flecha que congelou após um sopro de Aegon.
- Muito engenhosos! - Disse Rakuro, que os aplaudiu por algumas vezes. - Uma flecha de gelo, quem diria?
Demonstrado certa habilidade com o arco, Assane o carregou rapidamente, puxou a corda para trás o máximo que conseguiu, com um dos olhos fechados fez a visada enquadrando Krunyo perfeitamente em sua mira, feito isso disparou. A flecha zuniu cortando o ar e se desmanchou ao acertar o alvo em cheio.
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O Jardim de Bumberdin Uma história de Gaillardia
Adventure"Premiado na 1°- Ediação do concurso Borboletas de ouro" "Premiado na 5°- Edição do concurso Flores de Ouro" Até onde você iria para salvar o seu lar e aqueles que você ama? O Pequeno Gnomo Bumberdin não medirá esforços para recuperar o bem mais pr...