Capítulo 6 Que fedor é esse?

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- Que fedor é esse? - Perguntou Assane, tampando o nariz.

- Não fui eu! - Respondeu Dimpilin.

- É claro que não foi você - disse Bumberdin, percebendo que seu pé começara a afundar na lama. - É o pântano, lugares assim costumam ter cheiro ruim.

- Eu sei como é o cheiro de um pântano, Bumberdin - disse Assane. - Mas esse cheiro com certeza é de outra coisa. Úlfur farejou o ar, mas torceu o focinho desistindo de tentar encontrar de onde vinha o mau cheiro.

Alguns passos à frente, Bumberdin já estava com água e lama até a altura do pescoço, Dimpilin voava um pouco a frente tentando ver o que encontrariam logo à diante, mas sua visão não ia muito além e se perdia ao meio das longas árvores, galhos quebrados, morros de lama e água... Muita água, grossa e esverdeada. Assane vinha logo atrás e por várias vezes usando seu poder que ficara bem limitado naquele lugar, hora se desatolando, hora desatolando Úlfur. Mas em muitas outras vezes fora o próprio lobo que acabou a livrando da lama que agarrava como cola no corpo da Elfa.

Só quem já caminhou com lama acima das canelas sabe como essa atividade é muito cansativa, e não demorou em que a Irmandade descobrisse isso da pior forma possível, todos menos Dimpilin.
Pois a pequenina seguia firme e forte voando acima dos outros com energia de sobra, canseira era uma palavra desconhecida no vocabulário da fadinha. Ao contrário de Assane e Bumberdin, que exaustos apelaram ajuda para Úlfur que lhes cedeu montaria pelo resto do lamaçal até onde o solo começara a ficar mais firme. De passo em passo, metro após metro a lama e a água suja foram diminuindo, diminuindo até que desapareceram e o pântano ficara para trás. A paisagem antes mórbida, fora mudando gradativamente até que um enorme campo florido surgiu devolvendo as cores que haviam sido subtraídas dos olhares do quarteto.

- Até que enfim saímos daquele lugar nojento - disse Assane, sentindo-se bem mais feliz com a nova paisagem.

Bumberdin estava muito mais animado também, assim como Úlfur que rolava despreocupado de um lado para o outro na grama. Mas a felicidade dos três não se comparava com a de Dimpilin que voava descontrolada ao meio de abelhas, borboletas, libélulas e tudo mais que cruzasse com a pequena fadinha em seu voou de reconhecimento do lugar. Mas apesar de tudo algo ainda incomodava o quarteto.

- Já estamos bem longe do pântano e esse fedor ainda continua forte - disse Assane, com cara de nojo.

- Eu também estou sentido - concordou Bumberdin. - É como se esse mau cheiro estivesse impregnado dentro do meu nariz.

- Gente! Gente! Olhem lá para cima! - Gritou Dimpilin apontando para uma colina distante que refletia um brilho inexplicavelmente verde.

- É a colina esmeralda! - Gritou Assane, abraçando Úlfur. - Agora deve faltar pouco.

- Espero que sim - disse Bumberdin. - apesar de que subir aquela colina não está parecendo algo muito fácil a se fazer.

- Ainda mais com esse fedor - comentou Dimpilin. - Acho que vou colher algumas flores e assim vamos sentindo o aroma delas para tentar disfarçar esse cheiro horrível.

- Boa ideia, Dimpilin! - Exclamou Bumberdin.

- Eu já havia pensado nisso, mas eu sinto tanta pena das florzinhas que não tive coragem de colher nenhuma delas - Explicou a fadinha, cabisbaixo. - Mas acho que não temos alternativa.

- Se for colher alguma flor, por favor, que não seja eu! - Implorou uma flor amarela, que tinha o formato de concha que ao abrir os olhos revelara um rosto de semblante muito triste, tão triste que era possível sentir pena dela já no primeiro olhar.

O Jardim de Bumberdin Uma história de Gaillardia Onde histórias criam vida. Descubra agora