Capítulo 2 A revoada

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Imagine o lugar mais belo que você já viu na vida, aquele que te arrancou suspiros e para sempre ficou guardado em sua memória. Imaginou? Bom, em verdade posso te dizer que em beleza o Jardim central supera esse lugar. Pássaros cantando, riachos límpidos e cristalinos fluindo, flores de todas as espécies desabrochando aos milhares entre as árvores de copas verdinhas e largos troncos. Um lugar onde os animais e seres invisíveis a olhares corrompidos viviam em total harmonia. E Bumberdin e Dimpilin não tinham como ser mais apaixonados por tudo naquele lugar, desde o menor grão de areia até a mais alta montanha. E não pelo fato de morarem ali por perto, mas por que era impossível não amar tanta beleza junta em um só lugar. E também, por que assim são as criaturas da natureza, as quais os corações transbordam de amor por cada ser vivo.

– Com licença Sra. Borboleta – Disse Dimpilin, para a criatura dona de um  longo par de asas azuis todo decorado com pequenas bolinhas alaranjadas.

– O que deseja minha linda? – Perguntou a borboleta, que pairava ao meio de suas companheiras no instante que Dimpilin voou ao seu lado com um largo sorriso.

– Sabe o que é Dona Borboleta? Eu e meu amiguinho, o Gnominho que está ali embaixo – apontou o dedinho – gostaríamos de pedir um favorzinho. – A borboleta parou no ar por um segundo e olhou para baixo, onde Bumberdin escorado no caule de um enorme girassol acenou uma das mãos, e como se já tivesse sido ensaiado, um sorriso largo das mesmas proporções do de Dimpilin invadiu o rosto do Gnomo.

– Pois bem – respondeu a Borboleta. – Se estiver ao meu alcance, será um prazer ajudá-los.

E com certeza a Sra. Borboleta faria o possível para agradar aqueles dois, pois as borboletas possuem um antiquíssimo código de honra no qual as Fadas tem um lugar especial. E Bumberdin esperto como era já sabia disso.

– Cachoeiras Cantantes? – Disse a Borboleta, depois que Dimpilin explicou com detalhes os planos da dupla. – Será um prazer dar uma carona ao seu amigo até lá, peça a ele para que suba em minhas costas, pois minhas companheiras e eu já estamos de partida, e por muita sorte de vocês é para lá que a revoada seguirá.

– Viva! Você conseguiu Dimpilin! – Disse Bumberdin, comemorando ao saltar nas costas da Sra. Borboleta, que voando em círculos coreografados fora ganhando altitude. A fadinha toda orgulhosa vinha ao lado em um voou frenético acenando para Bumberdin, que segurando firme na Sra. Borboleta não ousou acenar de volta.

– Bumberdin?

– O que é Dimpilin?

– Olhe para baixo. – Bumberdin a princípio hesitou, mas logo se rendeu a curiosidade.

– Uau! Como é lindo! O Jardim visto de cima tem o formato de uma estrela, por que nunca me disse isso antes, Dimpilin?

– É por que você nunca me perguntou – respondeu a fadinha, faiscando.

– E como é que eu poderia saber? Esqueceu-se que gnomos não voam?

– Bumberdin?

– O que é Dimpilin?

– Você está voando agora! – Os dois gargalharam. A borboleta mergulhou no ar, e Bumberdin tivera que segurar seu chapéu para que esse não saísse voando pelo céu. Em um voou rasante bem próximo a relva a borboleta fora se aproximando de uma estreita trilha que seguiam além de alguns cogumelos coloridos que cresciam entre a grama fofinha espalhada ao redor de uma pequena escadaria, a qual nela contava-se apenas cinco degraus.

– Olhe Dimpilin! – Disse Bumberdin apontando para uma redoma de vidro acima dos degraus, onde dentro dela havia uma flor.

– É a flor dourada – Disse a fadinha, toda sorridente. – A mamãe me disse que ela foi beijada por um anjo.

– Papai já me contou essa história quando eu era bem pequenino – Disse Bumberdin.

– Bumberdin?

– O que é Dimpilin?

– Você ainda é bem pequenininho – Disse a fadinha, segurando-se para não rir.

– Mas ainda sou maior que você – respondeu o gnomo e os dois riram bastante.

– Bumberdin?

– O que é Dimpilin?

– Eu adoro os anjos!

– Eu também, Dimpilin! Eu também!

– Se segura! – Gritou a Sra. Borboleta, no instante que esta mergulhou no vazio de um enorme desfiladeiro, e todas as outras borboletas a seguiram. E por cima das águas de um imenso lago voou cortando o vento que vinha de encontro ao rosto de Bumberdin fazendo com que suas bochechas adquirissem formas engraçadas. Dimpilin com facilidade voava ao lado da Sra. Borboleta rindo até perder o ar, a fadinha não tinha como estar mais feliz.

– Olha só Dimpilin, Unicórnios! – Gritou Bumberdin apontando para além das margens do lago onde os magníficos animais galopavam livres por uma gigantesca planície coberta pela relva verde.

– Eles são tão lindos! – Suspirou Dimpilin, que tratou de voar para perto da cavalaria, onde delicadamente sentou-se sobre um potrinho o qual disparou assustado para perto da mãe. A Unicórnea relinchou em defesa do filhotinho e Dimpilin sabia que era hora de se mandar dali. Na maioria das vezes Unicórnios e fadas se dão muito bem, mas não naquele dia, e para evitar maiores confusões Dimpilin saiu de fininho.

– Dimpilin, controle seus impulsos – disse Bumberdin. – Ou vai acabar nos metendo em confusão.

– Eu vou tentar, palavra de Fada! – Respondeu a fadinha, sorrindo.

E realmente ela tentou, e por incrível que pareça a fadinha conseguiu se comportar por toda a travessia entre os galhos das arvores de um bosque verde e úmido. E não demorou em que as enormes quedas d'água onde a água ao chocar-se contras as rochas emitia um som harmonioso que podia ser ouvido a quilômetros surgissem logo à frente, e acima de uma das várias ilhas flutuantes daquele lugar algo lhes chamou a atenção. Uma jovenzinha de longos cabelos dourados e de pele clara radiante acariciava um lobo gigante de pelos brancos como a neve.

– Bumberdin! Bumberdin! É uma Elfa da floresta! – Gritou Dimpilin, animada.

– E aí? Vamos lá falar com ela? – Perguntou Bumberdin.

– Mais é claro! – Concordou Dimpilin, que poderia ser confundida com um pisca-pisca de árvore de natal ligado.

– Vocês têm duas horas, até que eu volte novamente por esse caminho – disse a Sra. Borboleta. – Então se quiser uma carona de volta para casa, é melhor que esteja aqui e preparado, você me entendeu Gnominho?

– Sim Senhora! – Gritou Bumberdin, apanhando das mãos de Dimpilin uma folha que a fadinha puxara do longo galho de uma árvore, e o Gnomo a usou para flutuar até a ilha onde estava à jovem Elfa. A qual Bumberdin e Dimpilin, só vieram a perceber que estava aos prantos quando chegaram bem de pertinho.

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O Jardim de Bumberdin Uma história de Gaillardia Onde histórias criam vida. Descubra agora