Capítulo 7 Degraus

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Escada a cima sem descanso, foi assim que nossos amigos seguiram até a tarde tomar o lugar da manhã. E degraus, era o que viam, pensavam e odiavam. A vontade de cantar já havia abandonado a irmandade há tempo. Os degraus pareciam brotar abaixo dos pés do quarteto. Eles não tinham fim.

– Já subimos um bocado e ainda estamos longe de chegar – disse Assane, respirando ofegante.

– Tem alguma coisa errada com esses degraus – comentou Bumberdin, limpando o suor da testa com seu lenço colorido.

– Eu também tive essa impressão – disse Dimpilin, ao sentar-se em um dos ombros do Gnomo.

– MAGIA? – Gritaram os três juntos, depois de cruzarem olhares por alguns instantes. Úlfur latiu algumas vezes como se concordasse com a ideia.

– Deve ser algum feitiço da Feiticeira Azul, para que nunca ninguém consiga chegar ao final da escada – Disse Bumberdin.

– Como não percebemos antes? – Perguntou Assane. – Há horas que estamos subindo e subindo e nunca chegamos, já devíamos ter notado que não estamos fazendo nenhum progresso.

– Seria impossível notar alguma diferença, tudo parece tão igual.  – disse Dimpilin, e batendo as asas voou bem acima do grupo tentando encontrar alguma coisa de diferente. 

– Deve ter alguma forma de reverter o encantamento – disse Bumberdin, olhando em sua volta, agora com olhar bem mais aguçado procurava alguma coisa que não fazia ideia do que era.

– Todo encantamento tem o seu ponto de origem, onde toda a magia se concentra. É chamado de núcleo pelo meu povo. Se encontrarmos o núcleo do feitiço pode ser que consigamos reverter o encantamento – explicou Assane. Úlfur farejava tudo por todos os lados, mas nem seu faro afiado fora capaz de encontrar algo.

– O que devemos procurar? – Perguntou Bumberdin.

– É difícil saber – respondeu Assane. – Qualquer coisa pode ser usada para fazer um encantamento, isso é desde que o feiticeiro ou bruxo que o conjure, seja dono de um grande poder ou possua algo poderoso o bastante de onde ele possa retirar a magia necessária para esse tipo de feitiço.

– Tipo uma varinha mágica? – Perguntou Dimpilin, curiosa.

– Exatamente! – Respondeu Assane.

– Um dia terei a minha própria varinha, vocês sabiam?

– Sim, Dimpilin! – Disse Bumberdin, revirando os olhos. – Depois que você tiver idade o bastante para prestar a sua prova de iniciação para o Clã das fadas protetoras das flores e passar nas três provas escolhidas especialmente para você pelo conselho das fadas. Você finalmente terá a sua varinha mágica. Já ouvi essa história um milhão de vezes. Mas enquanto isso não acontece, que tal nos ajudar a achar algo diferente o bastante que possa ser o núcleo do feitiço? Se é que existe um feitiço.

– Está bem! Está bem! – Resmungou a fadinha, que brilhava vermelha de raiva.

Por um tempo todos ficaram ali parados, sem saber se o certo era subir ou descer. O Castelo da feiticeira parecia tão perto e tão intocável ao mesmo tempo que se torna impossível explicar a sensação que todos estavam sentindo naquele momento. Assane já estava a ponto de começar a chorar novamente ao pensar no irmão sequestrado, quando Dimpilin se pronunciou.

– Pessoal eu tive uma ideia! – Gritou a Fadinha, ascendendo e apagando, ascendendo e apagando. – Vamos fazer uma marca nesse degrau que estamos agora. Em seguida continuaremos a subida contando os degraus, se acaso voltarmos a ver a marca, daí teremos certeza que estamos presos em um encantamento.

O Jardim de Bumberdin Uma história de Gaillardia Onde histórias criam vida. Descubra agora