Capítulo 3 Amigos são para essas coisas!

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- Olá! - Gritou Bumberdin, aproximando-se vagarosamente, as orelhas do lobo branco levantaram no mesmo instante, e o Gnomo ganhara sua atenção que vinha acompanhada de um rosnado de alerta. Bumberdin ficou parado, e por alguns segundos esquecera até de respirar. Mas Dimpilin não se importou.

Ignorando os latidos do lobo, que poderia tê-la engolido com facilidade, a pequena e faiscante fadinha voou ao encontro da jovem, e sentando-se sobre um dos ombros da pequena, amparou uma das lágrimas que naquele instante minavam daqueles olhos de um azul intenso, e escorriam pela face delicada da Elfa. O lobo ainda rosnava e latia feroz quando Dimpilin sorriu e ajeitou alguns fios dos longos cabelos dourados atrás da orelha da jovenzinha.

- Por que esta chorando? O que foi que aconteceu? - Perguntou à fadinha, Bumberdin arriscou alguns passos adiante, mas o lobo o impediu de avançar parando em sua frente. E latindo feroz quase ensopou Bumberdin por completo com a saliva que saltava da sua enorme boca abarrotada de dentes afiados.

- Úlfur! Quieto! - Sussurrou a jovem, tentando conter o choro. - Está tudo bem, ele não lhes fará mal. - Disse dando sinal com as mãos para Bumberdin aproximar-se.

- Você está bem? - Perguntou o Gnomo, e dobrando as pequeninas pernas sentou-se ao lado da jovem notoriamente preocupado com aquela situação.

- Eu estou bem! - Disse a jovem, tentando conter os curtos espasmos, aqueles que parecidos com soluços acompanham o choro duradouro, e o pranto daquela pobrezinha, pelo visto já se estendia por horas, isso analisando pelo inchaço de seu rosto entristecido. - Eu estou bem! - Tornou a dizer. - Mas meu irmão, ele foi... - E o choro a dominara novamente.

- Ei! Ei! Pronto! Pronto! Já passou! Já passou! - Repetia Bumberdin, abraçando a jovenzinha na tentativa de consolá-la. Enquanto Úlfur também demonstrava seu afeto quente e áspero em forma de incessáveis lambidas. E dessa mesma forma as coisas seguiram por alguns minutos até que a pequena Elfa recobrara o dom da fala.

- Obrigada! - agradeceu à jovenzinha, quando Dimpilin lhe trouxera um pouco de água em um cone improvisado com a folha que Bumberdin havia usado para amortecer seu pouso sobre a ilha flutuante no capítulo anterior.

- Sente-se melhor? - Perguntou Dimpilin, após a pequena Elfa, "que para os dois não tinha nada de pequena", terminar com a água da folha, que para ela não passara de algumas gotas. A jovenzinha consentiu com a cabeça enxugando as lágrimas. Úlfur deu alguns giros em torno de si mesmo e sentou-se ao lado de sua dona, e com seus olhos bicolores prestava atenção em tudo.

- Estou melhor agora - respondeu a Elfa, mas seu rosto dizia o contrário.

- Eu me chamo Dimpilin, e aquele é o...

- Bumberdin! - Apresentou-se o Gnomo, acompanhado de um salto quase que acrobático, e retirando o seu chapéu fizera uma longa reverência - Ao seu dispor!

- Meu nome é Assane - disse a jovem, ainda um tanto que acanhada.

- Por que estava chorando, Assane? - Perguntou Dimpilin. - O que foi que aconteceu?

- Meu irmão mais novo e eu viemos brincar nas cachoeiras com o Úlfur, assim como em todos os dias - respondeu Assane, entristecida. - Mas a feiticeira azul que mora no alto da Colina Esmeralda, apareceu de repente. A princípio ela foi bondosa e nos ofereceu doces saborosos, que comemos aos montes. Até Úlfur os comeu - o lobo, agora de rabo entre as patas, deu um triste latido acompanhando de um gemido de arrependimento. - E acordamos aqui, sobre essa ilha... E o pior de tudo é que meu irmãozinho desapareceu, a feiticeira deve tê-lo levado para seu castelo, e sabe se lá o que ela vai fazer com ele. - E então, o choro de Assane encontrou o caminho de volta.

- Ei, não precisa chorar - Disse Dimpilin, e após apanhar um lenço do bolso da camisa de Bumberdin enxugou as lágrimas da garota. "Eu já ia me esquecendo de mencionar que lenços são itens quase que obrigatórios no dia a dia de um Gnomo, principalmente os mais coloridos, assim como era o lenço de Bumberdin."

- O que eu vou dizer para o papai e para mamãe? Eu não posso nem pensar em nunca mais ver meu irmãozinho novamente. Tão pequeninho, e agora está sozinho com aquela mulher, ele deve estar muito assustado. Deve estar se perguntando por que eu não o ajudei.

- Acalme-se! Está bem? - Disse Dimpilin. - Nós vamos ajudar você a encontrar o seu irmãozinho. Não é Bumberdin?

- Nós vamos?... É, quer dizer... Sim, nós vamos! - Respondeu o Gnomo, tentando aparentar-se o mais motivado possível.

- Sério? Fariam isso por mim?

- Mas é claro! - Responderam juntos. - Amigos são para essas coisas!

- Amigos?

- Sim, Amigos - respondeu Dimpilin, sorrindo.

- Mas acabamos de nos conhecer - disse Assane, desconfiada. Mas dois latidos se Úlfur bastaram para a jovem entender que o lobo já havia percebido que a dupla estava realmente disposta a ajudar, e não oferecia perigo.

- Espero que dessa vez você tenha razão, Úlfur - sussurrou Assane, na orelha do lobo que em resposta lhe dera uma lambida.

- Então está bem! - Disse a Elfa, arriscando um sorriso. - Eu aceito a ajuda de vocês, e agora somos amigos!

- Viva! - Gritou à dupla.

- Pra começarmos teremos que descobrir onde fica o castelo dessa tal feiticeira azul - disse Bumberdin.

- O que sei é que a colina esmeralda fica algumas horas de caminhada para aquele lado - apontou Assane, além das cachoeiras, para um lugar onde as árvores pareciam abraçar umas às outras, impossibilitado uma clara visão do que encontrariam pela frente.

- Vai demorar um pouco mais que duas horas para chegarmos até lá - comentou Bumberdin, preocupado. - Acho que teremos que encontrar outra forma de voltar para casa, a Sra. Borboleta não vai nos esperar.

- A gente encontra outro jeito - disse Dimpilin, confiante. - As cenouras do Sr. Coelho podem esperar mais um dia. Tenho certeza que seu pai ficará orgulhoso, pois estamos fazendo a coisa certa.

- Espero que sim, amiguinha. - Disse o Gnomo.

- Agora precisamos encontrar um jeito de tirarmos Assane dessa ilha em segurança - disse Dimpilin.

- O truque da folha, com ela não vai funcionar! - Comentou Bumberdin.

- Gente, não se preocupem comigo, agora que vi que são confiáveis, posso ser eu mesma sem me preocupar - disse Assane, e levantando os braços para cima, passou a fazer pequenos movimentos circulares com as mãos. - Quando estamos juntos eu e meu irmão conseguimos controlar todos os elementos. Sem ele o meu dom não é suficiente para tanto, mas acho que posso dar conta de um pouco de água sozinha. - E então o fluxo da queda d'água fora interrompido, e algo como um braço formou-se sobre as águas. E uma enorme mão líquida, envolveu a todos no mesmo instante.

- Espero que não se importem de se molharem um pouquinho! - Disse Assane.

- É claro que não! - Gritou o Gnomo.

- Bumberdin! Bumberdin! Bumberdin! - Gritava Dimpilin, euforicamente ao meio das águas.

- O que é Dimpilin?

- Ela é uma Elemental!

- Eu percebi Dimpilin! Eu percebi!

- E ISSO É MUITO LEGAL! - Gritaram juntos.

O Jardim de Bumberdin Uma história de Gaillardia Onde histórias criam vida. Descubra agora