Depois de todo o choque com a história daquelas duas meninas e após a saida dos inspectores desabo sob a cadeira na sala do Dr MacKenzie.
- Eu não acredito, isto ainda existe neste século?
- Dr Collins, eu estou aqui a pensar na gravidade desta situação e quero propor-lhe algo. Gostaria que o Dr ficasse encarregado deste caso, destas 2 pacientes. Não sei porquê mas acredito que quem tentou contra a vida delas não vai parar por aqui. Elas ficarão no isolamento, o Dr escolhe mais 1 médico para trabalhar consigo e a equipe de enfermagem, mais ninguém poderá aceder ao quarto delas. Pelo que eu percebi trata-se de um cartel de tráfico e esta mãe foi vendida, violentada e não sei o que mais desde criança. Fale também com um psicólogo e eu vou reforçar a segurança do nosso hospital. O ideal até seria arranjar um local onde as pudéssemos colocar fora daqui.- fala o Dr MacKenzie, eu oiço sem responder mas a minha cabeça não pára de pensar.
- Dr, dê-me uns minutos. Daqui a 1 hora estarei aqui, agora preciso respirar.
Saio da sala e vou para a sala onde está a Ana para ver como ela está. Como o Inspector O'Brien disse estão 2 inspectores á porta que confirmam a minha identidade. Ao chegar lá percebo que ela ainda não acordou. Vejo o relatório dela, fez uma contusão cerebral ao bater no chão, encontra-se num estado pré coma com escala de glasgow 8. Encontra-se sub-nutrida e com baixos valores de ferro, com fracturas antigas nas costelas e no braço esquerdo. Segundo o exame pélvico comprovasse a violação, apesar de já ter fugido á 3 meses ainda possui lacerações na zona vaginal. Tem também marcas de extrema violência nas costas e barriga. Olho as suas costas virando-a devagar e fico chocado.Volto a deitá-la. Ela nem faz qualquer movimento. Está a descansar. Permito-me então olhar para ela.
Vejo os seus cabelos castanhos, o seu rosto de menina, lábios carnudos rosa, cilios grandes . Conforme olho para ela qualquer coisa mexe dentro de mim, como se fosse um instinto de protecção. Não consigo avaliar que tipo de sentimento é este. Passo a minha mão na sua face, a sua pele é tão macia. Saio dali e vou ver como está a pequena, passando pelos inspectores á porta do quarto. Entro e está um homem no quarto a aproximar-se da bebé.
- Quem é você? - pergunto
- O pai da bebé.- diz e vejo-o chegar perto do ventilador.
- AJUDEM-ME!!!!- grito desesperado e logo entram os inspectores que agarram o homem. Eu corro para a cama e vejo que ele desligou o ventilador, ligo-o e olho para a princesa começando a verificar se está tudo bem com ela. Depois de o algemarem chamam a segurança. Um dos inspectores sai com o homem e 2 seguranças enquanto o outro inspector fica comigo, do outro lado da cama da menina.
- Já avisei os inspectores do outro quarto e está tudo bem. Entrou pela janela, ela está aberta.
Sento-me ao lado da cama da pequena e passo a minha mão pela sua mãozinha pequena, com a outra mão acaricio a sua cabecinha e tenho uma surpresa, ela abre os seus lindos olhos azuis e junta-lhe um pequeno sorriso.
Depois de verificar o porquê dela acordar vou até ao carro de drogas e dou-lhe um sedativo. A enfermeira colocou no relatório que lhe deu Propofol, mas se o tivesse feito ela não acordaria tão cedo, o que quer dizer que eles têm alguém cá dentro a trabalhar com eles. Isto é pior do que eu pensava. Lembro-me do meu pai e do Peter e falo com o inspector que está aqui das minhas desconfianças.
- Alguém aqui dentro está a trabalhar para eles. Se não estivessemos aqui ela estaria morta. Eles sabem que estou em contacto convosco e a tratar delas. Devo-me preocupar com a minha familia?- pergunto e o inspector só olha para mim e solta um palavrão, pega no telemóvel e liga para, calculo, o seu chefe. Depois de lhe dizer tudo o que falámos, fala para mim.
- Vai agora um carro a sua casa buscá-los Dr. É melhor avisá-los.- Vou fazer isso. Bolas, tenho fome, já passa das 3 da tarde e com tanta coisa ainda não comi.
Quando pego no telemóvel ele toca e vejo que é o meu pai e atendo.
- Pai, ia agora ligar-te.
- Christian, está um carro ali fora com 2 tipos á umas 2 horas a olhar aqui para casa. Passa-se alguma coisa?- Merda, penso, eles já lá estão, penso e viro-me para o inspector.
- Eles já lá estão... Pai, o Peter?
- Está no quarto a brincar, porquê?
- Vai ter com ele e mete algumas roupas dele e brinquedos, não te esqueças das bombas, faz a mesma coisa com coisas tuas e minhas, traz tambem o meu computador que esta no quarto por favor.- olho para o inspector e ele assente para mim enquanto fala com o chefe dele.- Rápido, e tenta manter o Peter calmo. Eles estão na frente, está alguém nas traseiras?
- Não, ninguém nas traseiras.
- Bom, está lá a minha carrinha antiga na garagem do MacDonald, vem nela até aqui ao hospital, tenta não dar nas vistas. Quando aqui estiveres com o Peter falamos. Manda fechar a oficina também... Já falamos.
O meu coração está apertado. Estou a colocar o Peter e o meu pai em perigo. Porque me levantei hoje? A minha vida acabou de dar uma volta de 360º. Mas o que eu não sabia era que assim que o meu telefone tocasse ela iria dar uma volta maior ainda.
- Dr, a Ana acordou e o inspector chefe quer falar com vocês 2.- diz a voz da enfermeira chefe Andrea e a única pessoa em quem eu confio neste hospital.
- Ok Andrea, eu vou para o quarto dela mas primeiro encontre-me no quarto da pequena. Atenção ao parque pois o meu pai está a chegar com o meu principe na minha princesa.
- A sua princesa Dr. Tirou-a do sufoco? - disse-me ela a rir.
- Teve de ser.
- A sua loucura dos 18 anos. - disse a rir e desligou.
Dirijo-me ao quarto da pequena e vejo que ela está estável, retiro-lhe a sedação e o ventilador com a ajuda da Andrea, deixo a Andrea com ela e sigo para o quarto da Ana. Quando entro estanco junto á porta. Ela está acordada, olha para mim e eu perco-me na imensidão daqueles olhos azuis cheios de lágrimas e que me encaram parecendo ler até a minha alma.
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Pégadas da vida
RomanceAVISO: Devido ás novas normas da app, apenas os meus seguidores terão acesso a todos os capitulos. Para ler a história na integra deve seguir o meu perfil Ela foge de uma vida de sofrimento e de uma possível morte. Ele foge da sua vida e de si mesmo...