Christian

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A Mia entra e vai sentar-se no chão junto a um menino que está no chão descalço só de t'shirt e cueca e passa-lhe a mão pela cabeça e pelas costas e ele levanta a carinha chorosa para ela. Ela abraça-o e beija-lhe a cabeça e ele abraça-a também. Uma menina morena e parecida com ele chega-se ao pé deles e senta-se do outro lado dele e diz á Mia.

- O homem glande fez doidoi ao Sam tia.- A Mia aumenta o choro e eu choro também.

O Elliot começa a avaliar os bebés e eu um menino que tem as mão na cara e eu falo com ele, a Kate está com outras 2 crianças, irmãos também parece-me, e fala com eles. Eles estão bem, apenas um pouco subnutridos e traumatizados pois alguns deles viram os pais serem mortos. Pelo que percebo eles apanhavam as crianças e matavam os pais, principalmente pessoas sem grandes condições de vida. 

 De repente entram o Ethan e o Jason pela porta. Eu olho para o Jason e ele assente com a cabeça.

- Apanhámos o Ramon... 

- E????- digo

- Estava armado, feriu 2 agentes e foi baleado. Aquele não magoa mais ninguém. Já foi dada a ordem e as células que ele tinha aqui e na Europa estão agora a ser desmanteladas. Os teus pais e os teus sogros estão a caminho daqui. 

- Sério? Estamos livres?- pergunto

- Sim, já podes voltar para casa.

- Eu estou em casa...- digo e vejo a Ana com lágrimas nos olhos a olhar para mim, ela corre e abraça-me.- Estás livre amor, ele morreu. Ele já não te faz mais mal nenhum.

Beijamo-nos e abraçamo-nos, estamos livres daquele monstro. Eu poderia voltar á Irlanda, mas lá eu não tenho nada, apenas a casa e o meu pai a oficina, pois trabalho também o tenho aqui, e aqui fiz amigos. Bons amigos. A Gail chega e entra na sala. Vai em direcção ao menino que eu atendi e que não se junta aos outros e abaixa-se junto dele. 

- Já está príncipe, o homem mau já foi embora. - Ele olha para ela e abraça-a.- Vem cá, quero apresentar-te uma pessoa. - diz e vem até ao Jason. - Jason, quero que conheças o... Jason.

- Tia, ele é gande e tem o nome iguau ao meu.

- Sim, e tu também vais ficar grande e forte como ele.

- Xim????

- Sim... - Olha para o Jason e diz.- O que dizes grandão? Vamos acalmar o facho? - olho para o Jason e ele tem lágrimas nos olhos. - 20 anos deste caso chega... Pelo menos para mim.

- E para mim também baixinha. Vamos nessa little Jason?- diz e faz uma coceguinha na barriga do pequeno.

Elliot chama uma enfermeira para levar as colheitas de sangue para o laboratório e ficamos ali, as 3 que vieram com a Ana dormem junto ao Theodore e á Ella. Pedimos ao refeitório para nos trazer almoço para nós e para as crianças. A Ana foi comer para o quarto das crianças e eu fui ter com ela. Noto que ela está tristonha.

- O que se passa meu anjo?

- Se quiseres agora já podes voltar para a Irlanda e para a vida que tinhas.

- Pois posso, mas quem disse que eu quero voltar para a Irlanda ou para a vida que tinha.- digo e um medo me bate.- A menos que não queiras ficar comigo. É isso, não queres ficar comigo?

- Claro que sim... Mas sei que mereces melhor que eu, uma pessoa quebrada, suja... - diz e eu calo-lhe a boca com um beijo. Paro o beijo e agarro-lhe a cara com as mãos.

- Nunca, mas nunca mais repitas isso. Tu és uma mulher linda, forte, guerreira... Não és suja, tu não tens culpa do que aquele monstro te fez. Vamos passar uma borracha por esse assunto. Já viste que se não fosses tu esses monstros iriam continuar a matar e a raptar crianças? Foste tu que ajudaste a acabar com o sofrimento de todas estas crianças. Agora outra coisa. O que vamos fazer com estes 3 anjinhos? O Jason contou-me o que elas te disseram no carro logo após o resgate e eu também te vi com elas, achas que temos força para as levar connosco? Serão 5 crianças, claro que podemos arranjar 2 amas para ajudarem com elas para tu poderes estudar. O que dizes?- Ela abraça-me apertado.

- Digo que elas também têm avós para ajudar.- ouvimos e viramos para a porta onde os nossos pais estão, pelos vistos a ouvir a nossa conversa. 

Eles entram e os pais da Ana vão abraçá-la enquanto o meu pai e a Grace me abraçam a mim.

- Pai, estamos livres. Eu vou ficar aqui com a Ana, tu e a Grace se quiserem podem voltar a casa.

- A nossa casa é aqui, filho.- diz ele. - Nós viemos a falar pelo caminho e decidimos que vamos á Irlanda só resolver as pendencias. Vou vender a oficina ao MacGregor. Em relação á casa tens de ver o que queres fazer com ela, ou a mantens para férias ou vendes.

- Podemos manter para férias, ela está paga, não incomoda. O que dizes Ana?

- Como quiseres. 

- Filha, - diz a Carla - agora já podemos tratar dos teus papéis, e quero que conheças a nossa casa e a instituição. Ficamos ali a falar de trivialidades.

- Christian, -chama o Elliot- vais ficar por cá ou vais voltar á Irlanda?

- Vou ficar por cá com a Família.- respondo.

- Óptimo, então deixa a família e vamos, acidente na Route 495, os feridos estão a chegar. Ana, importaste que a Mia e a Kate fiquem aqui contigo e com as nossas crianças?

- Claro que não me importo. 

Despedimo-nos das nossas mulheres e crianças e descemos á emergência com o Ethan. Aqui os acidentes com crianças são quase diários, entro para o bloco com um trauma grave com laceração do figado e Hemotórax o que faz com que fique 6 horas fechado naquela sala de cirurgia e quando acabamos já passa da meia noite. Quando volto ao quarto onde deixei as crianças deparo-me com a cena mais linda de sempre, a Ana juntou as 2 camas e dorme com o bebé deitado em cima do seu peito e aos outras 4 dormem com as cabeças em cima da sua barriga. Aproveito e tiro uma foto. A Leila e o Sawyer dormem num sofá. No quarto ao lado estão a Mia e a Kate uma em cada cama com 2 irmãos cada e o Elliot e o Ethan dormem num sofá com as cabeças encostadas. Eu volto ao quarto da Ana e deito-me no chão mesmo e ali descanso um pouco.

Pégadas da vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora