Ana

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As semanas foram passando e eu ainda não comecei a trabalhar. No inicio reunimos e decidimos que era o melhor para as crianças se ambientarem e também para que a Inês/Ella começasse a falar Inglês. Eu ainda não comecei as minhas aulas pois o casal de quem falaram está fora do País. O Christian já está ambientado ao novo trabalho e nós todos os fins de semana saímos para passear, seja só nós 2 ou com as crianças. Soube que alguns do grupo já foram presos, os meus pais,quer dizer, o Mário e a Fernanda, têm uma criança com eles e a Polícia está só a espera de uma oportunidade para os prender... Só de imaginar uma criança a passar o que eu passei com eles... O pai do Christian declarou-se á Andrea/Grace, estão a namorar á 2 semanas.

Quanto ao Christian, quando estou perto dele sinto o meu coração bater mais rápido, acho que estou apaixonada por ele, pelo menos é o que a Gail me diz, diz que quando ele está por perto os meus olhos brilham e eu estou sempre corada. Quando eu lhe contei como me sinto perto dele ela disse que eu estava apaixonada. 

Hoje vi nas notícias que um camião chocou com um autocarro escolar, morreram 2 crianças e há umas quantas em estado grave, levaram-nas para o Hospital onde o Christian trabalha e dá aulas, o que quer dizer que hoje deve vir tarde. Depois de jantarmos e de deitar as crianças, tomei um banho e deitei-me, mas o sono não vinha então desci á sala para ver televisão. Devo ter adormecido pois quando acordo estou deitada na cama, sinto calor e quando abro os olhos estou com a minha cabeça no peito do Christian e ele abraça-me. Meu Deus que vergonha. Quando vou afastar-me ele não deixa e quando lhe digo que tudo vai acabar ele diz-me que apenas acaba se eu quiser. Será que ele não percebe que eu não sou digna dele? Ele é médico para além de professor e eu não sou nada nem ninguém, nem sei quem eu sou para além de que aquele monstro e os amigos dele me sujaram e marcaram para sempre, nunca vou estar á altura dele. Ele diz-me que não se importa e beija-me, com um carinho tão grande, sinto a sua lingua encontrar a minha e sinto-me flutuar, nunca tinha sido beijada. Depois deita-se e deita a minha cabeça de novo no seu peito e com as batidas do seu coração adormeço. 

Acordo e visto-me, vou á procura das crianças e eles estão a brincar, há coisa mais linda? A Ella já fala Inglês e eles tratam-se como irmãos, olho para eles e de repente sinto o cheiro do Christian e o braço dele no meu ombro e um beijo no meu pescoço, sinto o meu corpo arrepiar e um calor bom entra-me no coração.

- Fugiste de mim meu anjo.- diz ele no meu ouvido com aquela voz grossa e rouca. A Leila e a Gia olham para nós e riem e eu sinto-me corar. - O que dizes de irmos dar um passeio os 2?- Assinto e levantamos, elas fazem sinal com a mão para sairmos e assim o fazemos. Descemos e ele chama o Jason.

Entramos no carro e seguimos, ele segura a minha mão e abraça-me, vejo o Jason olhar pelo espelho e dar um sorriso.

- Para onde Christian?- pergunta jason

- Vamos dar um passeio pela cidade, decide tu.

Seguimos para o centro de Nova Iorque, o Christian nunca largou a minha mão, ficava acariciando e eu sento-me tão feliz. Não nego que tenho medo, estou apavorada. Muitos pensamentos me atravessam a cabeça. 

- Chegámos.- diz o Jason e saimos do carro. Olho em volta e a vista é linda e impressionante.

 Olho em volta e a vista é linda e impressionante

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Vejo uma carruagem , uns restos de neve, estamos no Central Park

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Vejo uma carruagem , uns restos de neve, estamos no Central Park. Entramos no park e passeamos por ali, o Christian puxa a minha mão e entrelaça os seus dedos nos meus e isso aquece o meu coração. Sentamos num banco e ele abraça-me.

- Não imaginas a felicidade que sinto de estar aqui contigo.- diz ele.- Ansiava por este momento.

Ficamos ali a curtir o sol que hoje apareceu e falamos de nós, acerca de tudo o que passámos, ele fala-me do abandono da mãe que o trocou a ele e ao pai por um milionário, sem remorsos e sem olhar para trás, da sua ex-namorada da faculdade que fez exactamente o mesmo, do nascimento do Theo/Peter, da luta pela adopção e de como foi toda a sua infância e adolescência até ao dia em que viu o meu atropelamento. Eu contei-lhe da minha infância em Lisboa, da esperança que tive quando o Ramón me foi buscar a casa do casal que se dizia meus pais, do começo do meu inferno, da descoberta da gravidez e da surra que levei, do parto, da tentativa daquele monstro de magoar a minha menina e da minha fuga, da minha chegada a Dublin e de tudo o que aconteceu lá. Almoçamos numa Pízzaria ali perto e depois do almoço ele levou-me ás compras naquelas lojas chiques. Fomos para casa ao fim da tarde, sinto-me feliz. Nunca me senti tão bem, tão á vontade com alguém como me sinto com o Christian, apesar de continuar a sentir que não sou digna de sentir qualquer coisa por um homem como ele, afinal ele é uma pessoa integra e eu sou apenas uma casca. Entramos em casa e as crianças estão na sala com as babás, a Gail, o pai e a madrasta do Chris. Assim que eles nos vêem entrar abraçados e a rir o pai dele vem direito a nós.

- Não me digam que finalmente sairam do casulo e admitiram que gostam um do outro.

- Pai.- diz o Chris.

- Pai nada... Cota sou eu e andei mais rápido do que tu.

Logo todos nos vieram cumprimentar e parabenizar. A Gail aproveitou para me avisar que amanhã a Dra Carla e o Dr Ray viriam aqui a casa de manhã para iniciarmos os meus estudos.









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