Capitulo 62- Independente se eu estivesse lá ou não

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Los Angeles
UCLA MEDICAL CENTER - UTI
24 de Dezembro, 11:37am

Eu estava parada em frente ao box de Jungkook, sem me preocupar com o que as pessoas iriam pensar de mim. Encarava o rosto sereno dele, enquanto relembrava os últimos meses.
Ele parecia em paz, respirando lentamente enquanto meu coração parecia cada vez mais ansioso. Seus sinais estavam estáveis segundo o monitor, que volta e meia eu conferia. O ventilador que dava suporte aos seus pulmões, através de um tubo que estava introduzido na sua boca, dizia que ele já começava a ter os primeiros esforços respiratórios sozinho.
Mas nada daquilo me acalmava.
Porque não importava apenas que seu corpo estivesse saldável, torcia que a sua mente também ficasse intacta.

Todo o ser humano tem praticamente a mesma anatomia, os mesmos órgãos, os mesmos sistemas, as mesmas características. Cada célula do nosso corpo é igual à de todo mundo, ainda que tenhamos detalhes diferentes. Então o que realmente torna diferente um ser humano do outro é aquilo que faz ele humano. É a nossa capacidade de pensar, interagir e principalmente de notar tudo ao nosso redor.
Porque ainda que um corpo possa sobreviver se a mente morrer, não existe vida naquilo que não pode sentir.

E era aquele o meu medo. Fisicamente Jungkook parecia estável, mas somente quando ele acordasse poderíamos descobrir se havia tido algum dano neurológico.
O coagulo que tinha afetado o cérebro de Jungkook poderia mudar completamente quem ele era, poderia mudar completamente quem um dia ele foi. E aquilo era assustador.

Mas não se tratava da sua inegável beleza, ou sua habilidade de cativar as pessoas. Eu tinha me apaixonado por algo que poucas pessoas tinham visto, tinha me apaixonado por tudo que mais corria risco de não acordar com ele.
Sua personalidade.

-Ele vai ficar bem Kim.- disse Cindy ao parar do meu lado.

Olhei para minha amiga de pele morena, e seus olhos pareciam tão tristes e distantes da pessoa que ela sempre foi. Cindy estava ao meu lado como em todas às vezes, mas algo nela estava diferente. E mesmo que eu tentasse ignorar sabia que ela estava com o mesmo medo que eu.
Mas não tive tempo de perguntar o que ela sabia, porque fomos surpreendidas por um alarme que vinha do ventilador a nossa frente.

Encarei o aparelho que ajudava Jungkook a respirar, e assim que li os parâmetro desviei meus olhos até o garoto. Jungkook estava com os olhos abertos mais uma vez, o que fez meu coração pesar em meu peito.

Me aproximei da sua cama com cautela, já que não tinha certeza sobre quem era aquele que acordava. Meus olhos ardiam, minha garganta parecia prestes a fechar e meu coração parecia perder o compasso à medida que eu me aproximava cada vez mais dele.
Seu olhar era confuso no teto, mas assim que segurei sua mão com delicadeza ele virou na minha direção.

E não existe palavra para definir a sensação de felicidade que fez meus olhos marejassem até que eu não pudesse conter mais as lagrimas. Seus olhos estreitos virados na minha direção eram a maior prova que eu não precisava que ele fosse igual, não era necessário que ele acordasse lembrando tudo que eu significava para ele, porque ele nunca deixou de significar menos para mim.
Desde que eu tinha conhecido ele, desde o segundo que ele tinha entrado na minha vida, eu me sentia completa e em paz. E mesmo que um dia ele não pudesse me amar como eu o amava, fosse qual fosse o motivo que mudasse seus sentimentos por mim, eu o amaria eternamente.
Gravaria cada detalhe dos melhores dias que eu já tinha vivido na minha cabeça, e agradeceria por ter tido ele, mesmo se ele não pudesse ficar.

-Seja bem vindo outra vez , Anjo.- disse a ele com um pequeno sorriso, enquanto ele me encarava sem expressão nenhuma.    

    

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2 - Salve meWhere stories live. Discover now