Capitulo 12 - Ninguém mudaria aquela visão que eu tinha dele

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Los Angeles
UCLA MEDICAL CENTER- UTI
09 de Dezembro, 5:45am

Mal tinha conseguido dormir depois do que Greg tinha me dito, antes de me deixar sozinha com meus próprios pensamentos. Eu não poderia negar que ainda esperava por ele, que o amava. Nem mesmo se quisesse.

Tomei um banho quente, depois me vesti para mais um dia de trabalho. E antes de sair do apartamento, deixei um bilhete na geladeira, desejando um bom dia para Greg, e o convidando para jantarmos juntos naquela noite.
Sentia que finalmente as coisas estavam se ajeitando, e somente aquele pensamento me fez ficar bem mais alegre.
Entrei no carro, ligando o som antes de qualquer coisa. Coloquei minha playlist de musicas românticas e me permiti dirigir enquanto cantarolava por todo o caminho.

Aquilo já tinha acontecido outras vezes, mas me sentia diferente. Tinha que ter fé que Greg estava finalmente caindo na real.
E com essa ideia já pensava na possibilidade de viajarmos para nossa cidade natal, para passar as festas de fim de ano.

-Porque acho que Greg tem algo a ver com esse seu olhar feliz?- perguntou Cindy, assim que me viu passar a cabeça pelo colarinho do meu jaleco.

Olhei para a minha amiga, que já estava vestida e pronta para o seu plantão, e sorri de maneira deliberada. Não adiantaria mentir para ela, Cindy me conhecia bem de mais.

-Ele disse que ainda se importa comigo.- disse com o rosto levemente corado, fazendo com que ela cruzasse os braços na altura do peito.

Cindy ficou me encarando, com um semblante sério.

-Você não deveria se empolgar muito com isso Kim.- ela parecia frustrada.

Revirei os olhos, e depois segurei suas duas mãos com as minhas.

-Eu sei que você não aprova, mas não posso fingir que não gosto mais dele.- disse olhando em seus olhos.- E ele nunca disse nada como isso, então não me recrimine por esperar o melhor.

Ela entrelaçou nossos dedos, sem desviar o olhar do meu, depois cerrou os lábios em um sorriso contido e balançou a cabeça concordando com o que eu dizia.

-Só não quero te ver decepcionada depois, mesmo que você finja não se importar.- disse ela triste.

-Você não verá.

Caminhamos até a recepção, onde pressionamos nos polegares no leitor de digitais e entramos na nossa ala. Como sempre a UTI estava um caos àquela hora, o que não nos apavorou.
Mas quando chegamos ao posto de enfermagem, e encontramos um funcionário novo, ambas nos olhamos.

-Calma meninas.- disse Julien, nos encarando de repente.- Ninguém vai ser despedida, apenas chamamos uma enfermeira extra para que a Kim possa ficar apenas com o garoto Jeon, sem sobrecarregar a equipe. Deem as boas vindas à senhorita Katy.

Trocamos comprimentos com a enfermeira nova, depois nos encaminhamos para nossos respectivos pacientes. Me sentia tão em paz aquela manhã, que nem percebi que estava entrando no box cantarolando.

-Oi anjo, vim ficar com você.- disse ao me aproximar, antes de segurar sua mão e continuar cantarolando.

Acariciei a mão do garoto, percebendo imediatamente que ele parecia mais quente do que antes. Sua pele naturalmente branca, parecia mais cheia de vida e seu rosto que antes era sereno, parecia ter ganhado um pouco mais de cor.
Alisei seu cabelo com delicadeza, me perdendo nos seus detalhes como todas as outras vezes. A musica tinha sumido dos meus lábios, e meu coração já parecia mais ritmado do que antes, mas nem assim me afastei dele.
Subi suas cobertas até seu pescoço, depois posicionei o tubo que entrava pela sua boca de uma maneira que não fosse machucar seus lábios.

Ao olhar para Jungkook ali, me esqueci completamente dos dois dias que tinha ficado longe dele. E em pouco tempo já estava massageando seus pés com delicadeza e carinho.
Ele tinha os pés bonitos, pareciam pertencer a uma criança, já que a sua pele parecia de bebê. Um sorriso se espalhava pelo meu rosto ao imaginar que ele poderia ver o que eu estava fazendo, ainda sim não parei.

-Seus pés são bonitinhos, Anjo.- disse sem jeito.- Mal posso esperar para vê-los caminhando outra vez.

Avancei minhas mãos pelo seu tornozelo, depois sua panturrilha, parando acima do seu joelho. Ele parecia malhar, já que seus músculos eram bem definidos, o que só tornava ainda mais triste vê-lo em cima de uma cama.
Refiz os curativos que ele tinha pelo peito, ombros e braços. Depois passei um pano molhado na sua testa, para tirar as gostas de suor que se formavam ali.
Ele deveria estar com calor, então tirei a coberta que o cobria, o que tirou boa parte do lençol junto.
Imediatamente meu rosto corou ao ver o corpo de Jungkook, ele era um homem muito atraente, e eu nunca tinha sentido aquele tipo de desejo pelo corpo de um homem antes. Estava acostumada a somente ver o corpo de Greg daquele jeito, então foi inevitável não desviar os olhos com o rosto corado.
Mas durante o trajeto que meus olhos tomavam, me deparei com uma pequena cicatriz que ele tinha no abdome. Ela não parecia ser muito antiga, já que a pele ainda estava rosada, e nem parecia cirúrgica, já que o corte era meio grotesco.
Cobri seu corpo até a cintura com o lençol, depois alisei a cicatriz com delicadeza, como se fosse descobrir sua origem se olhasse mais de perto.

-Isso é corte de faca.- disse a mim mesma, antes de encarar o rosto de Jungkook outra vez.- Quem fez isso em você, anjo?

De repente alguém entrou pela porta, era o Dr.Chace, que me encarava desconfiado.

-O que esta fazendo Kim?- ele perguntou, ao pegar o estetoscópio e vir na nossa direção.

Imediatamente me afastei de Jungkook, como se estivesse fazendo algo errado, depois apontei na direção da cicatriz.

-Estava fazendo os curativos dele quando encontrei isso.- o Dr.Chace se aproximou, olhando mais de perto a cicatriz, assim como eu tinha feito antes.

-Parece um corte feito por uma faca ou canivete.- disse ele pensativo.- Como não vimos isso antes?

Olhei para o médico que me questionava, balançando a cabeça negativamente, sem saber a resposta da sua pergunta. Dr.Chace balançou a cabeça também, como se disse para mim deixar para lá, depois auscultou os pulmões de Jungkook.

-A família dele foi deportada porque estavam investigando o paradeiro do garoto em seu país.- disse o médico sem me olhar, observando os movimentos que o peito do garoto fazia ao ouvir o som que saia do seu estetoscópio.- Se ele é procurado por lá, e também aqui já que encontraram sua família, ele deve estar envolvido em algo pesado.- Dr.Chace tirou o estetoscópio dos ouvidos, o pendurando ao redor do seu pescoço, e olhou para mim.- Ele deve ser de alguma gangue de Las Vegas.

Fiquei encarando o homem com um olhar duro, como se fosse absurdo o que ele estava falando. Não conseguia acreditar que Jungkook fosse envolvido com algo tão pesado como uma gangue. Ele era um anjo para mim, e ninguém mudaria aquela visão que eu tinha dele, até que ele mesmo tivesse a chance de se defender.

-Talvez, mas não podemos afirmar.- disse encarando o médico.

Ele apenas balançou a cabeça concordando, depois tirou as luvas que estava calçando, e as jogou na lata do lixo. O médico parecia demorar mais do que o necessário para sair do leito, o que não era de costume. Então ele virou na minha direção e sorriu.

-Estava pensando Kim, você vai estar ocupada sábado à noite?- ele perguntou sem jeito, o que fez meu rosto corar imediatamente.

Fiquei parada olhando para ele, esperando que dissesse que estava brincando, mas suas palavras não vieram.

-Acho que vou estar aqui.- disse meio indecisa.

Ele sorriu, depois balançou a cabeça concordando.

-Me avise caso esteja livre, queria te mostrar uma coisa.- ele piscou antes de sair do leito, e me deixar ainda mais sem jeito. 

2 - Salve meWhere stories live. Discover now