Capitulo 58- O amor que eu sempre sonhei viver

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Los Angeles
UCLA MEDICAL CENTER
23 de Dezembro, 11:33pm

Eu não conseguia acreditar no transito que estava na rua, parecia que o céu chorava junto comigo. Mas eu não queria pensar que aquele era um tipo de pressagio.
Tentava me apegar em coisas boas, dizendo a mim mesma que o hospital que eu trabalhava era o melhor para atender meu garoto. Mas quanto mais tentava parar de pensar, mais me via desesperada.

-Como isso aconteceu Cindy?- perguntei depois de muito me acalmar. Estávamos somente algumas quadras do hospital, e se eu não arrumasse um jeito de me distrair ia acabar saltando daquele carro e correndo até Jungkook.

Cindy suspirou, aquele também não parecia um bom dia para ela.

-Eu passei no seu apartamento e o Jungkook me atendeu. Estava preocupada porque você já deveria ter chegado.- disse ela balançando a cabeça levemente.- E foi então que ele começou a falar coisas desconexas. Não me reconhecia, ficava falando em coreano como se estivesse irritado.

Encarei minha amiga, pensando sobre o que ela dizia. Mas nada parecia fazer sentindo para mim.

-Eu não entendi nada do que ele disse, a única palavra que identifiquei foi Yakuza.- disse ela, me fazendo arregalar os olhos levemente em sua direção.- No inicio achei que ele estava brincando comigo, mas então o nariz dele começou a sangrar e quando eu cheguei perto ele me afastou.

A cada palavra de Cindy eu lembrava dos ocorridos dos últimos meses. Não havia acontecido apenas uma vez, Jungkook estava tendo aqueles episódios que ele chamava de sonambulismo já fazia algum tempo. Mas mesmo que eu estivesse preocupada, não consegui convencê-lo a ir às consultas do Dr.Chace.
Em todos os momentos que aquilo aconteceu eu me assustei, parecia real de mais para ser apenas um sonho. E assim como Cindy estava dizendo tudo que eu conseguia entender sempre que ele ficava daquele jeito era a palavra Yakuza. Mas ele não quis me ouvir, dizia que estava bem e que em algum momento aquilo ia passar.

Enfim as manchas de sangue, que eu tinha encontrado nas camisas dele que estavam no cesto de roupas sujas, começaram a fazer sentido.

-Acho que não foi a primeira vez que isso aconteceu.- disse baixo, como se falasse comigo mesma.

Cindy parou o carro no estacionamento do hospital, enquanto eu olhava para o nada tentando pensar como eu tinha deixado aquilo acontecer.

-Como assim não foi à primeira vez Kim?- perguntou minha amiga indignada.- Isso podia ter sido evitado! Jungkook estava com uma hemorragia na região do lóbulo pré frontal. E isso podia ter sido descoberto com qualquer exame de imagem, se ele tivesse ido as consultas que você deixou ele faltar!

Imediatamente olhei para Cindy, deixando que todas as lágrimas que eu tinha escorressem pelo meu rosto.

-Eu não fazia ideia que podia ser algo assim.- disse entre lagrimas.- Se soubesse tinha arrastado ele a força para cá.

Cindy suspirou alto, depois me puxou para um abraço. Eu soluçava como uma criança assustada, o que fez com que ela se sentisse mal pelo que tinha dito.

-Sinto muito, eu não deveria ter dito isso.- disse ela alisando minhas costas, tentando me confortar.- A culpa não é sua, eu só estou nervosa e acabei falando besteira.

Chorei em silencio, enquanto ela ficou ali comigo sem dizer nada. Mas eu precisava me recompor, precisava ser forte por ele.
Então me obriguei a respirar fundo outra vez, e me afastar de Cindy com delicadeza.

Me encarei no espelho retrovisor e depois limpei o delineador borrado. Péssimo dia para ter me maquiado. E eu não tinha tempo para me preocupar com isso.
Saímos do carro em silencio, por sorte eu sempre carregava o crachá do hospital na minha carteira, então foi fácil passar pelas roletas de entrada sem ter que me cadastrar.
Mas eu não queria esperar, precisava saber o real estado de Jungkook. Então adentrei a UTI com minhas roupas casuais, deixando de lado todos os protocolos que deveria seguir ao entrar vestida daquele jeito pela porta dos funcionários.
Todos me encararam enquanto eu cruzava o setor mais movimentado do hospital, como se tivesse todo o direito de estar ali.

2 - Salve meWhere stories live. Discover now