Capitulo 46 - Mal posso esperar, enfermeira Kim

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Los Angeles
UCLA MEDICAL CENTER
25 de maio, 11:31am

Fiquei parada encarando Jungkook, que me olhava como um menino bobo, que mostrava suas covinhas de maneira tão fofa. Então ele levantou a mão na minha direção, e antes que eu pudesse pegá-la, ele se ergueu da cadeira, ficando completamente de pé na minha frente.

Ele vestia roupas casuais, que sua mãe tinha enviado para mim meses atrás, quando eu pedi pelos pertences dele.

Eu estava tão feliz, que não me contive, mesmo que inúmeros olhares curiosos olhassem na minha direção. O Abracei com toda a minha força, desesperada para ter certeza que aquilo não era um sonho. Ansiosa para sentir o aroma da sua pele, assim como seu coração batendo de encontro ao meu.

-Eu senti tanto a sua falta.- sussurrei para que só ele pudesse ouvir.

Ele afagou as minhas costas, e com aquele simples gesto eu pude perceber o quanto ele estava melhor. O quanto tinha se recuperado naquelas longas semanas em que estivemos afastados.

-Eu estou bem aqui agora, e prometo que não vou a lugar nenhum.- disse ele.

Nos afastamos depois de alguns minutos naquela posição. Eu nem conseguia pensar em outra coisa que não fosse nele bem ali na minha frente, de pé pela primeira vez.

-Vamos antes que o Dr.Chace pense melhor.- disse ele sorrindo, em um tom tão baixo que até eu tive dificuldade de ouvir.

Ele sentou na sua cadeira outra vez, e juntos fomos até a enfermaria responsável pelo quarto dele. Deixei Jungkook no seu quarto, depois caminhei até o posto de enfermagem, onde descobri que ele estava mesmo de alta.
Aguardava apenas pela responsável por ele no país, ou seja, por mim.
Tudo que eu precisava era esperar o fim do meu expediente para leva-lo embora daquele lugar, para um lugar onde ele estaria protegido da policia.

-Assim que eu sair hoje, vou levar você daqui.- disse a ele, que estava sentado na sua poltrona de sempre.

-Mal posso esperar, enfermeira Kim.- disse ele contendo um sorrisinho malicioso, que fez meu rosto inteiro corar.

Deixei aquele quarto com o coração a mil. E nem preciso dizer que aquele foi o dia que trabalhei mais sorridente naqueles últimos meses. Passava pelos pacientes cumprimentando todo mundo, nunca fui tão solicita quanto naquelas horas, levando cobertores e fazendo a medicação para todos os meus colegas.
Eu me sentia em paz, me sentia completa, mas lá pelo final da tarde, à medida que as horas passavam, eu comecei a ficar nervosa.
Tinha que ligar para o Greg, avisar que teríamos um hospede na nossa casa, o que causaria um clima tenso sem sombra de duvidas. Mas mais do que isso, eu estava preocupada em como agiria lá fora. Porque fora do hospital não existiria a enfermeira Kim e seu paciente.
Lá fora Jungkook seria o homem que eu tinha visto nas fotos do seu celular, o homem que tinha feito meu coração parar por um momento.
E aquilo estava me enlouquecendo.

-Fica calma, tenho certeza que ele vai amar ficar com você.- disse Kim, depois de me ver sentada na rouparia da UTI, dobrando pilhas de lençóis bagunçados.

Eu nem tinha dito nada a ela sobre meus medos, tudo que ela sabia era que o dia tão esperado tinha chego. Cindy tinha pulado junto comigo quando ouviu que Jungkook estava de alta, mais ainda quando descobriu que ele iria para a minha casa.

-E se ele me achar uma chata?- disse a ela.

Cindy revirou os olhos, depois sentou do meu lado, pegando alguns lençóis para dobrar também.

-Chata você é, mas isso ele já sabe.- disse ela sem me olhar.

Dei um tapa de brincadeira no seu ombro, depois suspirei, largando o lençol no chão.

-É sério, e se ele não gostar de mim como eu sou?- falei sozinha.- E se ele reclamar das minhas roupas também?- arregalei os olhos ao pensar sobre o assunto.

Cindy começou a rir sem parar, me fazendo ficar ainda mais frustrada. Então parou com as suas gargalhadas e segurou a minha mão.

-Ele já ama você Kim, o resto é o de menos.- disse ela com carinho, fazendo meu rosto inteiro corar.

Nesse momento fomos flagradas por Julien, meu coordenador, que procurava por mim a um certo tempo.

-Vocês estão fazendo o que ai?- perguntou ele confuso.

Cindy levantou o lençol na direção dele.

-Dobrando lençóis.- disse ela inocentemente.

Ele revirou os olhos, depois apontou o dedo na direção do salão e nos ordenou a voltar para o trabalho. O que acabamos fazendo sem nem questionar.

As horas voltaram a correr, e cada vez mais eu não conseguia esconder minha ansiedade ao olhar para o relógio no centro do salão. Bombas de infusão apitavam, pacientes chamavam, alarmes e ruídos eram espalhados por todos os lugares, mas tudo que eu conseguia ouvir era o som do meu coração que se chocava com cada vez mais força no meu peito.

Finalmente às sete horas chegou, o que me fez correr para o vestiário, negando uma hora extra para a surpresa do meu supervisor que não estava acostumado a me ver querer sair tão rápido dali.
Corri com pressa, ansiosa para tirar aquelas roupas. Então tomei um banho e me ajeitei. Com os cabelos curtos era bem mais fácil secá-los, e com a ajuda de Cindy me maquiar não era problema. Vesti as roupas dela, que eram melhores que as que eu tinha a minha disposição.
E apesar de estar usando sapatilhas, uma calça jeans de cintura alta, um suéter decotado e um lenço, além é claro do longo casaco que marcava tão bem minha cintura, eu estava elegante para enfim vê-lo.

E à medida que meus passos me levavam para a recepção do hospital, onde ele me aguardava, me perguntei se estava pronta para viver aquilo. Se estava pronta para dar o resto de mim, que ele ainda não conhecia, para ele.
E quando eu o vi, parado na recepção, sentado em uma das poltronas na companhia da sua ex namorada, percebi que estava bom de mais para ser verdade.

E foi então que meu celular vibrou no meu bolso, demonstrando o quanto o universo queria mesmo rir da minha cara.

Greg: Não sei se você volta para casa hoje, mas vou dormir fora.
Vou viajar para a nossa cidade, minha mãe não está muito bem.
Tenha uma boa noite, qualquer coisa me ligue.

2 - Salve meWhere stories live. Discover now