Capítulo 4

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Depois de um ano e meio da morte de Charles, Anastásia se tornou realmente no que decidiu ser, naquele dia no hospital. Não quis namorar ou se envolver com ninguém, trabalhava muito. Dava aulas particulares, trabalhava como tradutora em duas editoras e ainda fazia serviços de interprete para palestrantes em algumas faculdades. Decidiu morar sozinha para desespero da mãe, mas seu pai a apoiou, lhe comprando um apartamento.

E a vida dela seguia calma e sem atropelos, ela gostava assim, isso lhe dava controle sobre seus sentimentos e era dessa calma que ela precisava. Às vezes se lembrava de Charles, dos momentos com ele, mas logo afastava os pensamentos se convencendo que isso não iria lhe fazer bem algum.

Mas em uma manhã de domingo, acordou sentindo uma tristeza e uma saudade enorme e a razão era que nesse dia completava um ano e meio da morte dele. Nesse dia ela se permitiu chorar, mas não queria ficar presa em seu apartamento, pensou em ir a um lugar que sempre iam e que eles amavam. O dia estava meio frio e ela sabia que o lugar estaria vazio e isso era bom para ela.

Estaciona em frente a um Parque que sempre iam para namorarem e curtirem um pouco o ar puro.

Vai direto ao banco que eles gostavam de ficar namorando. Senta-se e abre sua mochila, tira de dentro um álbum de fotos, que havia esquecido dentro da mochila da faculdade, Carla não viu, e não se desfez dele, Anastásia também não conseguiu se desfazer, o guardou como ultima recordação do amor de sua vida.

Folheia o álbum e lágrimas descem pelo seu rosto, passa a mão pela foto em que Charles está sorrindo para ela.

– Que saudades de você, de nós dois. Por que tudo se acabou? Eu ainda te amo tanto, Charles, acho que te amarei para sempre.- fala baixinho enquanto lágrimas correm de seus olhos, as pessoas passam e a olham, mas são indiferentes aos seus sentimentos. Fecha o álbum e o coloca sobre a mochila, coloca os pés em cima do banco e abraça os joelhos, sentindo-se a pessoa mais sozinha e infeliz do mundo. Seu celular toca, e o procura no bolso da jaqueta, é Glaucia.

– Ana? Onde você está?

– Oi Glaucia, vim visitar um aluno novo, por quê?- resolve mentir para a amiga.

– Ah, vamos dar um passeio? Preciso comprar um presente para Roger, você pode me ajudar.- Roger era o médico que atendeu Anastásia no hospital, ele convidou Glaucia para sair algumas vezes e agora estavam namorando, Anastásia se sentia feliz pela amiga, ela merecia viver um amor.

– Claro, Glaucia, passo na sua casa daqui a pouco. Beijo.

– Beijo, Ana.

Guarda o celular no bolso, pega a mochila e não vê quando o álbum cai atrás do banco, levanta-se e vai embora.

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O dia estava frio, mas para Christian isso não tinha muita importância, até gostava de sentir a umidade de Seattle em seu rosto, a cidade cinza era colorida para ele, ele ri com esse pensamento, e isso se tornará tão frequente em sua vida, rir, sorrir, acreditar.

Nos últimos meses fez coisas que nunca pode fazer em seus vinte e quatro anos. Aprendeu a dirigir, conseguiu comprar seu carro, com ajuda do pai, mas conseguiu, e sem eles, não seria nem metade do que era hoje e era muito grato a eles por isso. Estava trabalhando em um escritório de advocacia e o maior de seus sonhos, estava realizando: Cursar a faculdade de advocacia, ser advogado como seu pai, algo que sonhou durante muito tempo e até pensou em desistir, mas há alguns meses atrás, teve possibilidade de realizar.

Senta-se em um banco do Parque, pensando que poderia colocar seus fones, mas desiste, optando por ouvir o canto dos pássaros, e começa a ler um livro. Enquanto lê, pensa o quanto é bom poder fazer coisas simples, coisas que para muitos são insignificantes, mas para ele, lhe dão prazer.

Vira uma pagina do livro, mas deixa seu marcador cair no chão, se abaixa para pegar e vê um álbum caído, debaixo do banco, o pega e começa a folheá-lo. São fotos de um casal. O rapaz é loiro de cabelos cacheados e olhos verdes, mas a imagem da menina que o hipnotiza. Ela é linda. Possui a pele bem branca, os cabelos castanhos, compridos com uma franjinha na frente lhe dando um ar de adolescente, e os olhos de uma cor que ele nunca viu, eram de um azul claro, quase translucido. Eles pareciam felizes em todas as fotos, Christian procura por nome, telefone, data, mas não acha nada.

–Isso deve ter sido perdido e quem perdeu, deve estar muito triste em perdê-lo. - fala para si mesmo. E pensando assim o guarda na mochila analisando as possibilidades de devolver o álbum ao dono.

Começa a cair alguns pingos de chuva e resolve ir embora, pois também precisava passar no Shopping para comprar o presente de aniversário de seu pai.

Para o Carro no estacionamento e abre a porta do carro para sair, nesse momento o seu celular toca, é sua mãe. Ele atende sorridente e conversa com ela por alguns minutos.

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– Droga, minha mochila está aberta!- Anastásia se desespera enquanto anda pelo estacionamento do Shopping com Glaucia, mexendo na mochila, vê um carro com a porta aberta e por pouco não tromba com a porta do carro, desvia e fala para Glaucia.- Temos que dar um passeio no Parque.

– Como assim?

– Perdi algo lá e preciso achar.- E voltam para o carro dela, ela se sente vazia e desolada, tem medo de não achar o álbum, pensa que mesmo que quisesse se desfazer de tudo, o álbum havia ficado como consolo e perde-lo iria doer muito.

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Christian chega em casa, toma um banho e vai para o PC, estudar algumas matérias. Pega o álbum e o deixa próximo ao Computador. Abre o álbum em uma foto que a menina está sozinha e a observa.

– Você deve ser muito simpática, além de linda.- murmura-  e comprometida também! – fecha o álbum, resolvendo se concentrar em seus estudos.

50 Tons - DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora