Can I kiss you?

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Lauren manteve os braços em torno de Camila a noite toda. Não conseguiu dormir em nenhum momento e não tinha cabeça para pensar em dormir com a forma inquieta que Camila se movia, perturbada até mesmo em sono. Lauren queria matar quem causou aquilo na mulher. Pessoas ruins existem, claro, mas Camila não era ruim, era uma boa pessoa com mais marcas do que deveria e merecia carregar. Definitivamente, não merecia que alguém tentasse machucar ela de alguma forma.

Partia seu coração ver Camila acordar diversas vezes na noite assustada e mal conseguindo respirar, e claro que algumas vezes Camila rejeitou o toque de Lauren, mas dessa vez, Lauren foi insistente. Respeitava o espaço de Camila, mas dessa vez, ela fez questão de lembrar cada segundo que não faria nada que a latina não quisesse, que só queria confortar. Lentamente, Camila parou de acordar durante a noite depois de tomar a metade restante do calmante, para o alívio de Lauren.

Camila abriu os olhos sonolentos e tateou os lençóis bagunçados, sentindo falta do calor de Lauren ao seu lado na cama. Ficou confusa. Tinha certeza que a cubana-americana tinha passado a noite com ela. A porta se abriu e Camila se sentou, vendo Lauren entrar com uma bandeja de café da manhã.

— Bom dia, Camz. — desejou Lauren, colocando a bandeja no espaço vazio da cama.

— Bom dia, Lo. Me dê um segundo. — disse, por alguns instantes limpou a garganta para não arranhar sentindo-se um pouco rouca. Camila se levantou e então foi para o banheiro, escovando os dentes e penteando o cabelo. Logo estava de volta ao quarto e sentando na cama. — Você é doce. Isso é para mim?

— Para nós duas. Você me deu um susto ontem. — disse sinceramente, suspirando cansada e olhando para a bandeja com dois copos de suco de laranja, salada de frutas, waffles com mel.

— Sinto muito. — Camila disse um tanto envergonhadas, lembrando da cena e de como parecia uma boneca quando Lauren chegou. — Mas... Eu estava esperando Dinah, o que veio fazer aqui ontem? Quero dizer, obrigada, mas me sinto um tanto confusa.

— Dinah me ligou. — começou a contar Lauren, suspirando e pegando uma uva da tigela de porcelana da bandeja vendo Camila passar a pasta de amendoim na torrada e morder. Sorriu irônica quando viu o olhar de Camila sair de seus olhos apenas para recaíram em sua boca e nos movimentos enquanto mordia a uva. — Ela pediu para que eu viesse. O carro dela quebrou, por isso a demora para ela aparecer, então eu vim no lugar dela.

— Faz sentido. — anuiu com a cabeça enquanto tomava um gole do suco para descer a torrada com mais facilidade e não arranhar a garganta. — ... Sinto muito.

— Sente muito pelo o que, Karla? — Lauren questionou, a olhando seriamente enquanto pegava outra uva e comia.

— Por ter visto-me naquele estado. Eu não queria que tivesse visto aquilo. — Camila falou, mas se ocupou em pegar o garfo e a faca quando a mirada verde penetrou sua alma, fazendo-a desviar o olhar.

— Aquilo tem nome, Camila. Se chama Síndrome do pânico que é reflexo de Transtorno Pós-Traumático. Algo aconteceu que te deixou daquele jeito e eu estou evitando te pressionar a falar sobre o assunto porque você não parece pronta para dizer. Apenas não se desculpe. — a honestidade da mulher perfurava Camila.

Lauren era agressiva em muitos aspectos, mas exatamente tão sensitiva com pessoas que ela gostava e se preocupava que para um bom entendedor, apenas meia palavra bastava para pegar tudo no ar. Era uma boa mentirosa, então certamente que iria farejar mentiras. Camila também era assim. As duas aprenderam a mentir.

As características que ambas apresentavam eram preocupantes para qualquer pessoa; desconfiadas, boas mentirosas, manipuladoras e com uma sede pela vingança inexplicável. Ninguém negava que elas tinham diferentes qualidades sabendo que compartilhavam dos defeitos, no entanto. Seria tolice julgar elas apenas pelos defeitos.

Fetish (Camren)Onde histórias criam vida. Descubra agora