Fetish (Camren)

I feel you in my bones

Camila Cabello POV

Eu já não sou mais nenhuma adolescente amedrontada por alguém que deveria ser meu pai. Alejandro deixou de importar o suficiente até mesmo para que eu pense nele como um pai. Não é um pai, ele não é nada, absolutamente nada para mim. Só estou fazendo isso pela sensação de que eu deveria olhar nos olhos dele e mostrar que não existe mais uma garotinha sedenta por amor de pai que nunca teve, que eu sou auto-suficiente e não preciso dele para nada, se é que ele comete a idiotice de pensar que eu preciso ou que vou abrir meus braços e chamá-lo de papai.

Eu preferia ser corroída pelo ódio que sinto por ele ainda que fosse como soda cáustica percorrendo minhas veias.

Não me tornaria alguém quebrável por perdoar uma pessoa que eu sei e sinto que não devo perdoar. Perdão é para ser dado exclusivamente para pessoas que mereciam e minhas atitudes justificam apenas isso. Não acho que Alejandro mereça esse perdão, mas eu mereço me perdoar. Lauren tinha razão. Eu tomei uma culpa de algo que aconteceu que jamais deveria ser minha, devo perdão apenas a mim. Tirar das minhas costas uma culpa que não é minha.

E todos os dias sou tão grata por ter Lauren Jauregui em minha vida, pelo que era comigo, pelo amor que eu recebia e toda a compreensão mesmo quando ela discordava de mim por algo. Dei sorte em algum momento em encontrar alguém como ela.

Senti os braços da minha amada me envolvendo com força, encaixando o corpo dela contra o meu, os seios fartos sendo pressionados nas minhas costas. Joguei a cabeça para trás levemente para olhar a mulher que se ocupava a dar beijos no meu ombro.

- Um convite claro para te atacar é deitar nua na cama, Lauren Michelle. - Repreendo num tom baixo, mas fechando os olhos para receber os beijos carinhosos. Viro para a minha namorada e a trago para mim, colocando o braço para que Lauren pudesse usar de travesseiro e o outro enlaçado na cintura. O corpo nu e quente contra o meu me faz suspirar.

- Está preocupada com amanhã? - Perguntou Lauren tocado a maçã do meu rosto em uma carícia leve.

- Um pouco? Não sei o que pensar. Não quero e nem vou perdoar Alejandro. - Respondo em dúvida, então dou de ombros como se não fosse nada importante, mas Lauren sabe que é importante, só me deu espaço e decidiu que quando eu estivesse pronta para falar, eu falaria.

- Você não está sozinha dessa vez e é forte o suficiente para suportar qualquer coisa. Sei que é a decisão certa. - Lauren afirmou convicta, puxando a coberta para cima de nós. Não respondo, apenas assinto e enrosco meu corpo ao dela.

Apesar de tudo dito sobre a decisão der a correta, dentro de mim carrego a dúvida sobre ser realmente correto que eu decida sem mais e nem menos me jogar na boca do leão depois de tudo. Eu coloquei todos os meus esforços em sessões de terapia, psicólogos, incansáveis sessões de psiquiatria e meu maior medo do momento é que tudo fosse jogado pelos ares como se fosse nada. Se eu caísse, provavelmente perderia tudo o que conquistei até agora. O medo de não ser o suficiente para não deixar Alejandro me afetar é corrosivo. Gostaria de protelar o momento, mas ao mesmo tempo, eu só queria que o curativo fosse arrancado de uma vez para eu poder passar por isso.

Eu já me vejo em estado de sonolência sentindo o cheiro feminino vicioso da minha namorada que tinha os dedos acariciando meus cabelos e me olhando, esperando que eu fosse dormir. Nos últimos dois dias estava tomando para conseguir dormir a noite inteira sem acordar ou ter pesadelos. Não tomo para me dopar, apenas o suficiente para me deixar calma.

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Narrador

O mexicano desembarcava do avião acompanhado de uma mulher de aparentes trinta e um anos, traços latinos e cabelos escuros. Usava um óculos de sol cobrindo os olhos fundos e a expressão abatida, a mulher estava extremamente magra e quase nenhum sinal de que antes fora uma jovem bonita com a vida pela frente. Tudo o que ela parecia era que realmente ela teve uma vida difícil que a fez ir para caminhos difíceis.