Óbito diário, 12:45

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Sinto-me esquisita.
Não sei;
perdida no
tempo.

Como se fosse
uma intrusa
no corpo de uma estranha
qualquer.
Sinto-me uma hospedeira
indesejada
do meu próprio ser.

Os pés e
os lombos
calejados,
cansados de tanto
correr.

Correr pra longe,
correr de mim,
correr do ontem,
do hoje
e do amanhã,
que nunca vem.

Vivo a espreita,
esperando o dia em
que a estranheza se isente,
e meu eu volte
caminhando dentre as árvores,
sorrindo;
feliz de voltar.

Moro na imagem
refletida todas as manhãs;
doente,
febril,
morta.

                                                                                                                                                                                        Morri.

Esqueci
de
mim.

Trago as margaridas
que um dia
amei.
solto a fumaça
cinza
das vísceras
que me compõe.

Virei pó, Maria...

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