Candura

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O gosto amargo
do sangue que escorre
no canto dos lábios.
Como um soco
no estômago,
vejo-a sair pela porta,
sem deixar rastro
ou despedida.
Freio a vontade
de correr
e enxugo a última
gota que derramo.
A cicatriz se cria,
o sangue se seca,
recolho o último caco
do último retrato sincero.
O ar adentra rápido,
trazendo os sentidos.
Visto minha capa,
saio sem que ninguém perceba.
O coração adormecido
chicoteia em aflição.
Uma brisa traz seu perfume
e as lembranças.
Ignoro ambas e prossigo.
Corro.
Fujo.

Porque você se foi.
e eu me perdi
ao tentar lhe encontrar.

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