(...) Cosima ficou surpresa com a facilidade com a qual tinha conseguido seu intento. De fato a submissão era a chave para a vulnerabilidade do pai. Para o plano ser concretizado com sucesso, no entanto, Cosima precisava ter um pouco de sorte. Em poucos cliques teria que localizar o número de Aldous e memorizá-lo, do contrário poderia evidenciar que estava "fuçando" algo no aparelho de seu pai. Por sorte começar pela letra A era uma vantagem, agora era torcer para o nome constar nos contatos dessa forma. Poucos segundos e lá estava. Missão bem-sucedida, número memorizado. Mas algo a intrigou e a preocupou. O nome de Aldous estava salvo como Aldous (vassalo).
Cosima apesar de mexida com o que acabara de ver, deu continuidade ao plano. Deu às costas para o pai e deu início a uma breve ligação fictícia para Paul.
— Pronto. Obrigada pai. — disse devolvendo o celular ao pai. — Nos vemos mais tarde?
— Claro. — Ele confirmou. Cosima sorriu e deixou o escritório. Ethan fitou o celular em sua mão por um momento e abriu o histórico de chamadas a seguir. A última chamada realizada havia sido feita por ele, horas atrás.
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O trajeto de helicóptero se deu de forma tranquila. Era a terceira vez que Delphine voava. Na primeira, como ela mesma pensou, não contou, uma vez que estava inconsciente. A segunda, certamente contou e foi extremamente prazerosa ao lado de sua amada. Contudo, sem as mãos de Cosima em torno das dela, o voo lhe causou vertigem. Delphine sempre observara aviões cruzarem os céus com curiosidade, aquilo não era muito bem um avião, mas a sensação deveria ser parecida. Pousaram e aquela paisagem desértica trouxe de volta recordações nada agradáveis. Vincent partiu pouco depois deixando ali os dois. Delphine carregava consigo uma mochila em suas costas, ao passo que Paul além de uma mochila, detinha uma maleta grande, que certamente guardava seu fuzil.
Caminharam por longos minutos até um local onde havia uma loja de conveniência e algumas bombas de abastecimento. Um único carro estava parado no estacionamento do estabelecimento. Paul adentrou a loja por um momento, enquanto Del o aguardava do lado de fora observando tudo a sua volta. Ele retornou em posse de uma chave com a qual acessou o veículo. Os dois entraram no carro que era um modelo simples, com carroceria e tração nas quatro rodas.
Deram início ao percurso rumo à Comunidade. Paul passava e repassava o plano insistentemente. Era extremamente metódico e detalhista, o que agradava Delphine, uma vez que transmitia uma sensação de segurança. Em uma das dezenas de repetições do plano, ele foi interrompido, no entanto, por um bipe vindo de seu celular, que estava posicionado em um dos porta-trecos do carro.
— Pode verificar pra mim? Pode ser alguma notícia da Cosima sobre o contato.
— Certo. — assentiu Delphine, apanhando o aparelho. Após destravá-lo verificou uma mensagem de Cosima com o número de telefone de Aldous. — Ela conseguiu! — comemorou Delphine.
— Ótimo. — comentou Paul aliviado.
Fechando a tela de mensagens Delphine não conseguiu não observar a foto que estampava o papel de parede do celular de Paul. Ele notou uma mudança de expressão na moça, quando a encarou.
— O que foi? — ele perguntou abismado.
— Sua família é linda. Deve ser muito difícil ficar longe deles.
Paul nem conseguiu mensurar a dor. Pegou-se lembrando do encontro do dia anterior.
— Ontem encontrei minha ex-esposa na festa. — contou como que no impulso.
— Na festa? Na mesma festa da Cos? — Delphine inquiriu perplexa.
— Exatamente. Mundo pequeno.
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Reborn
RomanceA Comunidade Prolethean era como se fosse um mundo paralelo a tudo. Alguns do meio externo (como chamavam aqueles que não viviam lá) a rotulavam como uma seita de total isolamento. A vida de Delphine era basicamente de uma escrava da casa. As mulher...