(...) Delphine possivelmente tinha acabado de ouvir as palavras mais honestas de toda sua vida.
O domingo iniciou tarde. A noite anterior tinha garantido duras revelações, desgastantes tanto para Delphine quanto Cosima. O retorno para casa, a UCLA já significava isso para Delphine, tinha sido silencioso. As duas permaneceram de mãos dadas toda a viagem. O que aquilo simbolizava, não importou naquele momento, foi simplesmente natural. Quando Delphine acordou, Cosima não mais estava. Lembrou que ela havia comentado sobre um trabalho que precisaria terminar com Scott. Delphine permaneceu deitada ainda por alguns minutos, lembrando de cada detalhe vivido no dia anterior. Cosima enfim sabia da sua verdadeira história e continuou ao seu lado. Aquilo a tocou profundamente. Ela nunca tinha sentido aquilo antes, não podia calar mais os sentimentos. Ao mesmo tempo, era um território totalmente novo, não tinha absoluta noção de como tomar iniciativa. Ela precisava, urgentemente, de alguém que pudesse ajudá-la nessas questões e logo veio em sua mente, a pessoa certa para a função.
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Cosima havia acordado a muito contra gosto, mas tinha um último trabalho a entregar na disciplina de Geometria Euclidiana Espacial. Chegou pouco depois do horário combinado à biblioteca, lugar escolhido para concluir o trabalho com Scott, já que precisavam de espaço para desenhar as figuras em papel milimetrado. O rapaz já estava lá, aparentemente fazendo algumas anotações e consultando um livro.
— Ei dorminhoca. — cumprimentou Scott, alfinetando o atraso da amiga.
— Foi mal Scott, tive um sábado longo.
— Longo bom, ou longo ruim?
— Diria que o bom, com certeza, sobressaiu. — respondeu Cosima, com aquele seu clássico sorriso tímido de canto de boca.
— Uhmmm... e isso tem a ver com uma loira alta e sexy? — perguntou Scott curiosíssimo, já pondo de lado suas anotações.
Cosima lançou uma borracha na testa do amigo, em tom de brincadeira.
— Vai me fala! Você se declarou no final das contas? — insistiu o amigo.
— Não, eu não disse nada. Pelo menos não diretamente. É que ela me confidenciou várias coisas sobre o passado dela, se abriu finalmente, e nesse momento não sei se é conveniente, não sei se ela vai conseguir lidar com tanta coisa.
— Lembro que você estava preocupada, que tinha visto algumas marcas no corpo dela. E o que ela disse sobre isso, afinal? Pode me dizer?
— Não posso. Espero que entenda.
— Claro que entendo Cos. Só me fala o seguinte, ela não é uma serial killer, certo?
— Pode ficar tranquilo quanto a isso — respondeu rindo Cosima. — Podemos voltar à geometria?
— A geometria pode esperar. Me tira mais uma dúvida, vocês foram aonde ontem?
— Segura para não cair...na casa dos meus pais.
— Mentira! Você teve coragem de levá-la na zona de guerra? Para o lado sombrio da força? E espera aí: você nunca levou nenhuma garota pra conhecer sua família! Sinto cheiro de monogamia se aproximando.
— Confesso, que durante o jantar, por um momento me arrependi de tê-la convidado, porque meus pais conseguem ser indigestos quando querem, mas ela...ela foi incrível.
— Limpa a baba aí! — dessa vez Scott esquivou de uma lapiseira.
— E você não acredita na maior — Cosima deu aquela pausa para dar suspense — finalmente me assumi para os meus pais.
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Reborn
RomansaA Comunidade Prolethean era como se fosse um mundo paralelo a tudo. Alguns do meio externo (como chamavam aqueles que não viviam lá) a rotulavam como uma seita de total isolamento. A vida de Delphine era basicamente de uma escrava da casa. As mulher...