Capítulo 10 - Escuridão

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(...) Cosima adentrou e um malicioso sorriso invadiu o rosto da advogada.

Era completamente estranho para Cosima entrar novamente naquele lugar. As lembranças vinham à tona, sem ao menos pedir licença. Involuntariamente, sacudiu a cabeça na tentativa de espantá-las, mas pelo visto era inevitável.

— Você deve se lembrar ainda do caminho para a suíte. Fique à vontade, se banhe, vou procurar algo seco para você vestir. — mencionou Aynsley.

— Realmente não tem necessidade Aynsley. O sobretudo que molhou mais, o resto está praticamente seco. — argumentou Cosima.

— Tem algumas coisas suas aqui ainda, então não discuta. — a advogada foi veemente.

Aynsley sempre tinha a última palavra. Cosima acabara de se lembrar disso. Essa característica havia marcado o relacionamento das duas, colocando Cosima sempre em uma posição de submissa.

A morena cruzou a sala principal do apartamento, que era bastante amplo e permanecia extremamente similar ao que era alguns anos atrás. Ao fundo, na sala de jantar, Cosima conseguiu visualizar uma mesa posta com catiçais posicionados, de modo a impor um ar romântico, que definitivamente não era bem vindo e não casava nem um pouco com a ocasião.

Cosima foi ágil em seu banho, queria que aquele jantar passasse o mais rápido possível. Colocou um roupão que estava disponível por sobre o balcão do elegante banheiro, e ao sair, já no quarto, foi surpreendida por uma Aynsley que ordenava algumas roupas por sobre sua cama.

— Lembra desse vestido? Lembro que trouxe pra você daquela minha visita à Bangkok. Você quase surtou quando o viu. — o tom de Aynsley era saudosista. Cosima preferiu não comentar. Não queria dar corda para toda aquela situação.

— Esse parece ótimo. — disse Cosima, pegando o vestido das mãos de Aynsley e retornando ao banheiro para se trocar.

— Você pode se trocar aqui mesmo. Não há nada aí que eu já não tenha visto. — Aynsley se atreveu a comentar.

— Aynsley não comece com esses joguinhos. — retrucou uma Cosima impaciente. — Não vai funcionar. Vamos fazer com que esse encontro seja rápido e indolor, ok?

— Só estava quebrando o gelo, easy baby¹. — tentou amenizar Aynsley, nenhum pouco incomodada com a resistência de Cosima.

Cosima entrou e se vestiu com a porta fechada.

*************

— Aluna?!! Que bafônico! — Felix fez uma careta teatral assim que recebeu a informação.

Delphine relatava, enfim, uma parte de sua história para Felix. Obviamente, seu passado e sua identidade ainda permaneceriam em sigilo absoluto, mas era reconfortante compartilhar um pouco de verdade com alguém.

— Bem, ela não é minha aluna. Ela é aluna do Art, meu chefe. Ainda assim o regimento é bastante criterioso quanto a isso.

— E eu posso saber o nome da diva dona do seu coração? — perguntou curioso.

— Cosima. — Delphine pronunciou o nome em meio a um sorriso satisfeito e apaixonado.

— Nossa que exótico, adorei! Tão antiquado esse regimento. Sou tão amor livre!

— Isso é fácil de se notar Fee! — constatou Delphine. — E exatamente por saber disso, preciso que me dê ideias. Amanhã já devo me mudar para o novo alojamento e não vou conseguir passar muito tempo sem ela.

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