(...) "Cos ficará arrasada quando souber que foi o pai dela"! — era só o que conseguia pensar Delphine.
Delphine resolveu ligar para Cosima, pois sabia o quanto ela deveria estar ansiosa por receber notícias da reunião. Sabia, no entanto, que algumas coisas eram sérias o bastante, portanto deveriam ser ditas pessoalmente. Cosima atendeu logo após o primeiro toque.
— Del! Não aguentava mais essa espera. Me diga o que aconteceu. — a voz de Cosima demonstrava nervosismo e urgência.
— Pode ficar tranquila Cos, o pior já passou. — do outro lado da linha, foi possível ouvir o suspiro de alívio de Cosima, agora mais calma.
— Aynsley se comportou? — Cosima preocupou-se em perguntar.
— Dizer isso, seria demais, mas acho que a denúncia não dará em nada, ela foi realmente bastante eficiente. — admitiu Delphine.
— Ótimo! Uma notícia dessas precisa ser comemorada. — Cosima comentou animada.
— Mais tarde conversamos e eu te conto tudo melhor, ok? — a voz de Delphine não transmitia uma genuína empolgação.
— Certo... É impressão minha ou você não está tão feliz como eu imaginei que ficaria?
Delphine ficou em silêncio. Não sabia o que dizer. Era um assunto delicado, para ser tratado naquele momento. Os sentimentos de Cosima eram o que mais importava.
— Prometo te exlicar tudo mais tarde. — foi o que conseguiu dizer.
— Ok. — Cosima preferiu não insistir.
As duas se despediram e, depois do bipe, Scott notou que a amiga não parecia mais tão contente como no início da conversa.
— Aconteceu alguma coisa Cos?
— Aparentemente correu tudo a favor de Sarah, mas tem mais alguma coisa que ela preferiu não falar por telefone, o que me preocupa. Acho que Aynsley pode ter aprontado algo.
— Ei, calma! Não adianta sofrer por atencipação. Vamos, antes que nos atrasemos pra próxima aula.
***************
Chegando no escritóio, Delphine foi recebida por um Art com um sorriso de orelha a orelha. Rebecca estava igualmente animada e também agitada, andando de um lado para o outro com papéis e mais papéis.
— Recebi um telefonema que está me fazendo ter um grande dia Sarah! — Art exclamou.
— Sim Art. Não tem mais com o que se preocupar. — Delphine falou como se um peso tivesse abandonado suas costas.
— Tanto não tenho, que hoje o foco será em estruturar nosso artigo para publicação. Valeu a pena esperarmos. Prepare-se para ter pela primeira vez seu nome publicado em uma revista referência no campo da Matemática. Já vai começar com um artigo Qualis A!
Foi impossível segurar o sorriso e a satisfação, frente a um Art que mais parecia uma criança de tamanha empolgação, ainda que restassem algumas preocupações em mente.
— E tem mais. — Art prosseguiu. — Com esse artigo, acredito que no próximo semestre eu consiga uma bolsa para você iniciar oficialmente os seus estudos aqui, visto que, como num passe de mágica, você resolveu suas pendências estudantis. Por favor, prefiro nem saber como fez isso. — os dois riram com o último comentário.
Aquilo parecia música para os ouvidos de Delphine. Os dois se sentaram por horas, refinando os cálculos e lapidando a parte contextual do artigo. Art sabia que aquilo traria todos os holofotes da área de Ciências Exatas da Universidade para sua linha de pesquisa, o que era importantíssimo na parte de investimentos, bem como aquisição de recursos e novos projetos. Vendo a concentração e dedicação dos dois, Rebecca providenciou algo de comer para ambos, que perderam a noção do tempo ali. Só perceberam quanto tempo permaneceram, quando Rebecca enfim se despediu, passada a hora do fim do expediente.
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Reborn
RomanceA Comunidade Prolethean era como se fosse um mundo paralelo a tudo. Alguns do meio externo (como chamavam aqueles que não viviam lá) a rotulavam como uma seita de total isolamento. A vida de Delphine era basicamente de uma escrava da casa. As mulher...