(...) Felix somente balançou a cabeça positivamente e retomou o movimento do carro. Poucos minutos depois, já eram capazes de visualizar o helicóptero que estava a espera. O mesmo contato que havia feito a varredura da comunidade estava ali como piloto e os conduziria para fora daquele lugar. O destino era incerto, mas Paul passou a ser uma pessoa de total confiança. Se não fosse por ele, tudo naquela noite possivelmente daria errado. Delphine foi a primeira a ser colocada no interior do helicóptero. Os demais se acomodaram e o helicóptero levantou voo sem mais esperar. A missão de resgate tinha sido concretizada com sucesso. Paul encarou Cosima por um tempo, ciente de que agora duras escolhas deveriam ser feitas.
Cerca de uma hora se passou até o helicóptero pousar em um extenso terreno gramado. O local era desconhecido pela maioria, mas naquele momento isso era o que menos importava. Paul se encarregou de mais uma vez carregar Delphine e foi acompanhado pelos demais. Caminharam por alguns metros, até que deixaram para trás aquela clareira e vislumbraram a seguir uma casa rústica, porém ampla, de dois pavimentos, que dava de frente para um lago. Algo deslumbrante e improvável, completamente no meio do nada. Paul caminhou a frente e mais rápido, com Cosima seguindo em seu encalço. Na varanda, duas mulheres aguardavam atentas ao lado de uma maca, ambas vestindo trajes médicos. Paul havia sido meticuloso, surpreendendo mais uma vez a todos com os minuciosos preparativos daquela missão. Delphine foi levada pelas duas, que entraram em um dos cômodos adaptados no térreo da residência, pedindo para que os demais aguardassem do lado de fora.
— São de total confiança. Fique tranquila, elas sabem o que estão fazendo. — Paul direcionou sua fala especialmente para Cosima.
— Eu sei disso. Hoje você não só ganhou minha confiança, como também minha amizade. — Paul a observou sem nada dizer, mas a recíproca estava implícita em seu olhar, sem sombra de dúvida.
— Senhores, eu tenho certeza que todos devem estar extremamente exaustos. — Paul reiniciou sua fala.— Fiquem à vontade para escolherem seus quartos. Além disso, temos bastante comida na geladeira. Tomem um banho, se alimentem e descansem. Daqui a pouco amanhecerá.
Felix, Art e Scott subiram as escadas. Seguiriam exatamente o que lhes fora sugerido. Felix, como uma criança, subiu na frente apressado, dizendo que escolheria o melhor e maior quarto da casa. De certa forma, os ânimos estavam melhores, afinal a batalha havia sido vencida, embora não a guerra, e isso assombrava Cosima. Ela esperou os amigos se distanciarem e se voltou novamente para Paul:
— Paul, posso falar com você em particular? É importante. — O homem alto e de olhos misteriosos assentiu prontamente, ainda que visivelmente esgotado. Cosima ainda estava com o disfarce, porém isso tampouco importava. Havia assuntos que deveriam ser imediatamente discutidos.
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O dia naquele quase que pitoresco lugar amanheceu com um sol tímido, entretanto glamouroso. Os raios invadiram o recinto com intensidade pelas frestas de uma janela de canto. Cosima acordou assustada. Vestia uma blusa xadrez e calça jeans quando observou que tinha caído no sono sentada próximo à cama onde Delphine dormia e recebia os cuidados. Após a médica e a enfermeira contratadas por Paul notarem que Cosima não sairia da porta do quarto onde Delphine estava sendo tratada, elas acabaram por deixarem a morena permanecer ali dentro, desde que prometesse não atrapalhar e deixasse a moça descansar. A loira teve seus ferimentos limpos, alguns receberam pontos, incluindo um superior ao supercílio direito. Sangue foi coletado para exames. Ela estava recebendo soro na veia, de forma a se hidratar e recobrar suas energias pouco a pouco. Nenhuma hemorragia fora constatada felizmente, agora era apenas tempo para que ela se recuperasse totalmente. Possivelmente, as marcas psicológicas seriam as que mais tardariam a sarar. Cosima ficou ali fitando Delphine por longos minutos e só foi tirada desse transe por batidas suaves na porta. Paul surgiu.
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Reborn
عاطفيةA Comunidade Prolethean era como se fosse um mundo paralelo a tudo. Alguns do meio externo (como chamavam aqueles que não viviam lá) a rotulavam como uma seita de total isolamento. A vida de Delphine era basicamente de uma escrava da casa. As mulher...