Capítulo 19 - Há uma chance

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(...) — Eu não vou desistir de você! — ela segurou o rosto de Cosima entre suas mãos. — Não vou!

— Você não sabe o quanto foi difícil pra mim fazer essa escolha. Mas viver em um mundo em que você não está, é muito mais doloroso do que não tê-la. Você merece ter a vida da qual te privaram por tanto tempo. Você mais do que ninguém merece isso.

A dor era não apenas visível, como também tangível. Delphine beijou Cosima profundamente. Nunca em sua vida pôde imaginar que teria ao seu lado alguém que a amasse daquela forma tão abnegada e incondicional, capaz de abdicar de tantas coisas por ela, sem ao menos hesitar. Del não tinha um plano naquele momento, mas dentro de si carregava a certeza de que arranjaria uma forma de ficar com sua Cosima. Já estava acostumada ao sofrimento físico, entretanto a dor de permanecer longe de sua amada era a mais insuportável de todas.

— Se me perguntassem meses atrás se era possível amar, eu diria que não. Se era possível sonhar, a resposta também seria não. — Delphine encarava Cosima nos olhos de forma emocionada. — Enfim, minha vida sempre foi repleta de negativas. Então eu não aceito que me diga que não temos outra escolha, porque foi você a pessoa que me inspirou a ser quem eu sou hoje, a acreditar no sim, que me ensinou a não desistir. — As duas não continham as lágrimas. — Esse só vai ser mais um obstáculo e vamos ter que ser fortes para superá-lo, mais uma vez. — Uma resignada Delphine amparava a face de Cosima com as mãos e enxugava suas lágrimas a medida que caíam, enquanto ela mesma derramava suas próprias lágrimas.

Cosima somente assentiu, não conseguia dizer uma palavra sequer dada a emoção do momento. Todavia, a esperança tornou-se um pensamento, ainda que em tom passageiro. As duas recolheram suas coisas e retornaram à casa para se protegerem do frio e do sereno da noite que seriam garantidos pela agradável construção de madeira e pelo calor do corpo uma da outra. Silenciosas e com o peso da conversa que haviam tido minutos atrás, preparam a cama para se deitarem. Enquanto isso, Delphine articulava as ideias em sua mente. Permanecia em silêncio, enquanto elaborava alternativas para a situação, com auxílio do seu Q.I. superior a 130 e uma obstinação fora do comum.

— Eu acho que sei uma forma de derrubá-lo. — a voz de Delphine saiu segura.

— E como seria? — Cosima não parecia tão confiante. Se sentou na cama para ouvi-la atentamente.

— Precisamos destruí-lo de dentro pra fora. — afirmou Delphine se sentando ao lado da parceira e pegando sua mão.

— Tá pensando em infiltrar alguém na comunidade?

— Não, isso seria praticamente impossível. Mas sei de uma possibilidade mais plausível. Um elo fraco na hierarquia. Aldous, aquele vassalo que nos encontrou no armazém. — o semblante de Cosima mudou ao ouvir o nome do homem, tamanho seu estranhamento. — Senti que ele está balançado com as atitudes de Westmoreland, em uma conversa que tive com ele antes do julgamento. Se o tivermos como aliado, acho que seria possível colocar a comunidade contra Peter.

— O que ele ganharia com a queda de Westmoreland? — Cosima explorava os pontos fracos do plano.

— Ele poderia assumir a liderança da comunidade. Ele é o braço direito do mestre, então pela lógica seria o novo escolhido.

— Isso realmente faz sentido, mas nós não resolveríamos em nada os problemas da Comunidade. As pessoas continuariam sofrendo abusos e privações absurdas.

— Acho que ele é mais humano do que Peter, na verdade acho que qualquer um é mais humano do que aquele monstro. Além disso, acho que podemos tentar manipular isso de alguma forma. O fato é que não haverá melhor ocasião pra executar esse plano do que nesse período eleitoral. Peter terá que se ausentar bastante para os compromissos de campanha, seria uma oportunidade para eu me aproximar.

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