Capítulo 29

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— Então. Você quer o anjo vingador, ou os amantes carnais abraçados?

Não houve menção sobre os acontecimentos de ontem, ou do bilhete da Lana, e Lola de algum modo não sentia que deveria puxar esse assunto com Lana agora.

Em vez disso, ela olhou para cima e viu-se rodeada por duas estátuas gigantes. A mais próxima dela parecia um Rodin. Um homem nu e uma mulher estavam enlaçados em um abraço. Ela tinha estudado escultura francesa em Dover, e sempre pensou que as peças de Rodin eram as mais românticas. Mas agora era difícil olhar para os amantes abraçados sem pensar em Charlie.

Charlie. Que a odiava. Se ela precisasse de mais uma prova disso depois que ele basicamente fugiu da biblioteca à noite, tudo o que tinha que fazer era voltar a pensar no novo olhar fulminante que ela tinha ganhado dele esta manhã.

— Onde está o anjo vingador? — ela perguntou a Lana com um suspiro.

— Boa escolha. Por aqui.
Lana levou Lola para uma enorme escultura de mármore de um anjo salvando o solo da fúria de um raio. Ela pode ter sido uma peça interessante, no dia em que foi
esculpida. Mas agora ela só parecia velha e suja, coberta de lama e musgo verde.

— Eu não entendi — Lola falou. — O que vamos fazer?

— Vamos dar uma esfregadinha — Lana respondeu, quase cantando. — Eu gosto de fingir que eu estou lhes dando um banhozinho.

Com isso, ela escalou o anjo gigante, balançando as pernas ao longo do braço da estátua que impedia o raio, como se o negócio todo fosse apenas um carvalho grosso e velho para ela escalar.

Com medo de parecer que ela estava querendo mais encrenca com a Sra. Troz, Lola começou a trabalhar com seu ancinho em toda a base da estátua. Ela tentou limpar o que parecia ser uma interminável pilha de folhas úmidas.

Três minutos depois, os braços dela a estavam matando. Ela definitivamente não estava vestida para este tipo de trabalho manual lamacento. Lola nunca tinha sido
enviada para a detenção na Dover, mas de acordo com o que ela tinha escutado, consistia em encher um pedaço de papel com "Eu não vou plagiar coisas da Internet" algumas centenas de vezes.

Isto era brutal. Principalmente quando tudo o que ela realmente tinha feito foi topar com Mandy acidentalmente no refeitório.
Ela estava tentando não fazer um
julgamento precipitado aqui, mas limpar a lama de sepulturas de pessoas que tinham morrido há mais de um século? Agora Lola odiava sua vida totalmente.

Em seguida, raios de sol finalmente filtraram-se através das árvores, e de repente havia cor no cemitério. Lola sentiu-se instantaneamente mais leve.

Ela podia ver mais de três metros na frente dela. Ela podia ver Charlie... trabalhando lado a lado com Mandy.
O coração de Lola afundou. O sentimento de leveza desapareceu.

Ela olhou para Lana, que lançou-lhe um olhar de simpatia do tipo isso-é-um-saco, mas continuou trabalhando.

— Hey — Lola falou em voz alta.

Lana colocou um dedo sobre os lábios, mas gesticulou para Lola subir ao lado dela. Com muito menos graça e agilidade, Lola agarrou o braço da estátua e se balançou para cima do pedestal. Uma vez que estava quase certa que não iria cair no chão, ela sussurrou:

— Então... o Charlie é amigo da Mandy? - Lana bufou.

— De jeito nenhum, eles totalmente se odeiam — ela disse rapidamente, e em seguida fez uma pausa. — Porque você está perguntando?
Lola apontou para os dois, não fazendo qualquer trabalho para limpar bem sua tumba. Eles estavam em pé perto um do outro, inclinando-se sobre seus ancinhos e
tendo uma conversa que Lola desesperadamente desejava poder ouvir.

— Eles parecem amigos para mim.

— É a detenção — Lana disse categoricamente. — Você tem que ficar em par. Você acha que Richard e Matthew, o Molestador, são amigos?

Ela apontou para Richard e Matthew. Eles pareciam estar discutindo sobre a melhor maneira de dividir o seu trabalho na estátua dos amantes.

— Companheiros de detenção não equivale a amigos na vida real.
Lana olhou de volta para Lola  que podia sentir sua expressão caindo, apesar de seus melhores esforços para parecer imperturbável.

— Olha, Lola, eu não quis dizer... — ela dissipou a voz. — Ok, além do fato de você ter me feito perder uns bons vinte minutos da minha manhã, eu não tenho nenhum problema com você. Na verdade, eu acho que você é meio interessante. Um pouco nova. Dito isso, eu não sei o que você esperava em termos de amizade
sentimental-piegas aqui no Sword & Cross. Mas deixe-me ser a primeira a te dizer, não é simplesmente assim tão fácil. As pessoas estão aqui porque têm bagagem. Eu estou falando de bagagem do tipo faça-seu-check-in, e-pague-a-multa-porque-tem-mais-de-vinte-e-dois-quilos. Entendeu?

Lola encolheu os ombros, sentindo-se envergonhada. — Foi apenas uma pergunta. Lana riu nervosamente.

— Você é sempre tão defensiva? Que diabos você fez para entrar aqui, afinal? Lola não tinha vontade de falar sobre isso. Talvez Lana estivesse certa, seria melhor se ela não tentasse fazer amigos.

Ela desceu e voltou a atacar o musgo na base da estátua. Infelizmente, Lana ficou intrigada. Ela saltou também, e trouxe seu ancinho em
cima do de Lola para colocá-lo no lugar.

— Oh, me conta me conta me conta — ela provocou. O rosto de Lana estava muito perto do de Lola.

Isso lembrou Lola do dia anterior,
agachada sobre Lana depois que ela teve a convulsão. Elas tinham tido um
momento, não tinham? E parte de Lola queria muito ser capaz de contar a alguém. Esse tinha sido um longo e sufocante verão com seus pais. Ela suspirou, apoiando a testa na alça de seu ancinho.

Um gosto salgado de nervosismo encheu sua boca, mas ela não conseguiu engoli- lo. Da última vez que ela tinha entrado nesses detalhes, tinha sido por causa de uma ordem judicial. Ela teria se esquecido deles logo, mas quanto mais Lana a
encarava, mais claras as palavras ficavam, e elas ficavam mais perto da ponta da sua língua.



Capítulo revisado, me desculpem se teve algum erro que passou despercebido!

Love Will Remember (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora