Só mais 172 minutos!
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Cento e setenta e três minutos torturantes mais tarde, Lana guiava Lola para a lanchonete.
— Que cê acha? — ela perguntou.
— Você estava certa — Lola respondeu entorpecidamente, ainda se recuperando do quanto suas três primeiras horas de aula tinham sido sombrias. — Por que alguém lecionaria uma matéria tão deprimente?
— Ah, o Cole amolece rápido. Ele coloca sua cara de nada-de-besteira toda vez que tem aluno novo. De qualquer jeito — Lana disse, cutucando Lola— podia ter ficado com a Srta. Troz.
Lola olhou seu horário.
— Eu estou com ela em biologia na parte da tarde— respondeu com uma sensação de afundamento em seu estômago.
Enquanto Lana cuspia uma gargalhada, Lola sentiu um encontrão em seu ombro. Era Matt, passando por elas no corredor a caminho do almoço. Lola teria caído estatelada se não fosse pela mão dele esticando-se para firmá-la.
— Calma aí.
Ele lançou-lhe um rápido sorriso, e ela se perguntou se ele tinha trombado nela intencionalmente. Mas ele não parecia tão juvenil assim. Lola olhou para Lana para ver se ela tinha notado algo. Lana levantou suas sobrancelhas, quase convidando Lola a falar, mas nenhuma delas disse coisa alguma.
Quando eles cruzaram as janelas interiores poeirentas separando o gélido corredor da lanchonete ainda mais gélida, Lana tomou o cotovelo de Lola.
— Evite o filé de frango frito a qualquer custo— ela instruiu enquanto seguiam a multidão para o turvo refeitório. — A pizza é boa, o chili é bom, e o borscht na verdade não é ruim. Você gosta de bolo de carne?
— Sou vegetariana.
Ela estava olhando pelas carteiras, procurando por duas pessoas em particular. Charlie e Matthew. Ela simplesmente se sentiria mais a vontade se ela soubesse onde eles estavam, para que pudesse continuar seu almoço fingindo que não tinha visto nenhum dos dois. Mas até agora, nada...
— Vegetariana, hein? — Lana franziu seus lábios. — Pais hippies ou sua própria tentativa miserável de rebelião?
— Hã, nenhum dos dois, eu simplesmente não...
— Gosta de carne?
Lana girou os ombros de Lola noventa graus, para que ela olhasse diretamente para Charlie, sentado em uma carteira do outro lado do cômodo. Lola soltou uma longa exalação. Ali estava ele.
— Agora, isso vale para qualquer carne? — Lana cantarolou altamente. — Tipo, você não afundaria seus dentes nele?
Lola bateu com força em Lana e arrastou-a na direção da fila do almoço. Lana estava se matando de rir, mas Lola sabia que ela estava corando violentamente, o que seria dolorosamente óbvio nessa iluminação fluorescente.
— Cala a boca, ele com certeza te ouviu— ela sussurrou.
Parte de Lola se sentia feliz por estar brincando sobre garotos com uma amiga. Supondo que Lana fosse sua amiga.
Ela ainda se sentia desapegada pelo que tinha acontecido essa manhã quando ela vira Charlie.
Aquela atração na direção dele – ela ainda não entendia de onde viera, e ainda assim, aqui estava ela de novo. Ela se forçou a afastar seus olhos do cabelo castanho dele, da linha suave de sua mandíbula. Ela se recusava a ser pega encarando. Ela não queria dar-lhe qualquer razão para lhe mostrar o dedo do meio pela segunda vez.
Lola olhou para o outro lado da carteira, para o amigo de Charlie, Richard. Ele estava olhando diretamente para ela. Quando ele capturou seu olhar, ele agitou suas sobrancelhas de um jeito que Lola não conseguia entender, mas que ainda a assustava um pouquinho.
Lola se voltou para Lana.
— Por que todos nessa escola são tão esquisitos?
— Vou escolher não me ofender com isso — Lana respondeu, pegando uma bandeja de plástico e dando uma para Lola. — E eu vou seguir explicando a fina arte de selecionar um assento na lanchonete. Veja, você nunca vai querer se sentar perto de... Lola, cuidado!
Tudo que Lola fez foi dar um passo pra trás, mas assim que ela o fez, ela sentiu o duro empurrão de duas mãos em seus ombros. Imediatamente, ela sabia que iria cair. Ela apalpou à sua frente por apoio, mas tudo que suas mãos encontraram foi a bandeja de almoço cheia de outra pessoa. O negócio todo caiu junto com ela. Ela pousou com uma pancada no chão da lanchonete, uma xícara inteira de borscht em sua cara.
Quando ela limpou beterrabas esmagadas o bastante para que seus olhos vissem, Lola olhou para cima. A fadinha mais brava que ela já tinha visto estava parada sobre ela. A garota tinha cabelo escuro, com mechas coloridas, parecia um tipo de Avril Lavigne sem o rosa e mais gótica, um piercing e um olhar mortal. Ela arreganhou seus dentes para Lola e sibilou:
— Se a sua visão não tivesse arruinado meu apetite, eu faria você me comprar outro almoço.
Lola gaguejou uma desculpa. Ela tentou se levantar, mas a garota bateu o salto de sua bota preta de salto agulha no pé de Lola. Dor subiu por sua perna, e ela teve que morder seu lábio para não gritar.
— Por que eu simplesmente não deixo pra próxima? — a garota disse.
— Já chega, Mandy — Lana disse friamente.
Ela se abaixou para ajudar Lola a ficar de pé. Lola recuou. O salto agulha definitivamente iria deixar uma marca
***
Capítulo revisado, me desculpe se teve algum erro que passou despercebido!
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Love Will Remember (COMPLETO)
FantasiEmily Walker vivia sua vida como uma adolescente comum de cidade grande, estudava, tinha momentos de diversão com sua melhor amiga e ia em algumas festas. E em uma dessas festas ela se vê entrando no próprio inferno. Todos os diagnósticos diziam a...