Capítulo 23 - Lobo de Longuine

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Naquele dia tive certeza, as pessoas podem até te querer bem, mas nunca acima delas.

A soberba escorria solta na corporação Austin's, feito veneno de naja. Age nas lacunas sinápticas dos nervos, paralisa os músculos, nos casos mais graves leva à insuficiência respiratória ou parada cardíaca.

Por onde eu pisava meu scarpin o som dos saltos ecoavam no granito negro, viso o silêncio se fazendo presente, os burburinhos começavam.

Virei tabloide novamente, por agredir Rafael na boate. A briga dele com Telles, meu envolvimento amoroso, estava estampado em jornais, sites e redes sociais. Alguns memes eram para ser engraçados, e não tinham graça alguma, totalmente inaceitáveis.

O deboche fazia parte da rotina diária de Longuine, havia quase um milhão de habitantes, ainda assim parecia um ovo de codorna. Todos falavam a mesma coisa, repetidas vezes, todos focavam no mesmo assunto, as mesmas pessoas, como se a própria vida não tivesse graça, então analisar a vida alheia parecia uma solução conjunta. Um infarto de clichês.

Eu não era uma atriz famosa, Rafael muito menos, tudo o que sempre fez foi se meter em confusão. Filho do poderoso Teodoro advogado magnata das maiores empresas do estado, o tornava o objeto do centro feminino. E eu? O alvo delas.

Desde os primeiros dias retive muita atenção, as primeiras fotos ao lado de Rafael foram postadas em sites teens. Os primeiros dias de estágio na empresa dos Austin's, toda minha vida foi retratada de forma rasa e singular pelos jornais.

Muitos conheceram meu nome, poucos souberam quem realmente era. E mesmo assim espalhavam boatos.

Matar um leão por dia, com queixo erguido, ignoro os comentários, sigo para o andar presidencial. Ao sair do elevador, Carolina me recebe.

– Bom dia senhorita Gianini.

– Bom dia! – A mulher acompanha meus passos.

– Teremos que confirmar o horário das reuniões novamente, por que o senhor Austin – sim escutar o sobrenome do homem que amei, vê-lo estampado em cadernetas de anotações, tela do computador, quadros, estava sendo uma tarefa árdua – pediu que avisasse logo que chegasse, o mesmo iria até a sua sala.

– Ok, pode avisar. – Mal concluo a frase, sou surpreendida com a visão desagradável.

Ana sai da sala de Austin arrumando a saia cinza, seus cabelos estão presos em um coque recém-feito. Conheço bem esse estilo, tão típico das visitas de Rafael ao meu escritório. Precisava conversar com minha amiga, sem invadir seu espaço, se havia rolado alguma coisa, tinha um motivo bem sórdido para não me contar. "Além de o cara ser casado com a maior megera da cidade" A loira sorri sem graça e vem na minha direção, abraça meu pescoço, empolgada. Cheira a colônia importada que eu sabia bem a quem pertencia.

Meu Limite - QUEBRADOS 1Onde histórias criam vida. Descubra agora