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Brittany






Parece um pesadelo na qual nem consigo me livrar dele. Logo agora - que a gente tinha se entendido - que vamos ter um filho? O que fiz para merecer isso? Não lembro nada ruim que poderia ter feito para tudo estar no esgoto.

Nem mesmo chegamos de ir no hospital comprovar a gravidez, estávamos tão felizes, depois de tanto tentar engravidar, e conseguindo, ele vai morrer? Porquê?

Olho para meu reflexo no espelho. Meus olhos estão vermelhos, tenho olheiras horríveis, mas a beleza é um fator que já não me importa mais. Dou um longo suspiro, toda a vez que minha mente mostra aparece o rosto do meu marido. Do que importa meu estado agora, se quem eu me produzia para estar bonita, já não está mais aqui comigo?

Droga de vida!

Passo a mão abaixo, do meu ventre, procurando algum conforto com o meu bebê, para afastar um pouco da dor, que é o vazio que o pai dele deixou no meu coração.

- Querida... - abro os olhos, e nem tinha percebido que estava chorando enquanto acariciava minha barriga.

Minha avô está na porta do meu, com os olhos marejados olhando para mim. Dona Fabiane é uma senhora de meia idade, magra, alta e muito bonita, nem a idade ofusca a sua beleza. Ela tem uns cabelos longos e branco. Minha avó é simplesmente linda.

- Temos que ir. - ela avisa que já é a hora.

- Tá! - mordo os lábios tenta não soltar um gemido de dor.

Balanço a cabeça para tentar não chorar mais ainda ao lado da minha avô. Não quero magoar ela mais ainda. Dona Fabiane me criou como filha desde os meus dois anos de idade, então ela é como uma mãe-avô para mim, e ficar assim, vejo que ela também vai ficar.

Pego num lenço renda preto e pouso no meu ombro. Sempre achei brega usar isso, mas hoje, eu não dou a mínima. Toda mulher em luto usa isso. E eu vou enterrar meu marido. Sou oficialmente viúva. Caminho até a minha avô, ela me abraça e descemos para ir até ao carro, onde o vovó Warren nos espera. No carro ele me abraça e sussurra no meu ouvido "Força", parece que vou precisar disto.

Chegamos no cemitério uma hora depois, achei estranho Taylor não dar um enterro mais digno para o irmão. Pelo menos uma homenagem como sottocapo da Cosa Nostra, ou como um empresarial de sucesso, ou até mesmo por ser irmão dele.

Não sei qual as razões dele, mas não serei contra agora, apenas me importo com a minha dor, só com isso, o resto eu não quero mais saber. Meus avós caminham ao meu lado, nossos passos eram lento, toda gente que eu conheci na máfia, como também na empresa.

- Hum... Toda a gente da empresa e da máfia está aqui, mas na média não vi nada. - murmuro com um pouco de raiva.

Meus avós olham para mim, mas não respondem nada. É melhor, não quero explicar a minha raiva momentânea. Me aproximei mais perto e o caixão foi a primeira coisa que avistei. Meu marido está aí dentro. Me afasto dos meus avós e vou mais próximo da caixa para olhar o rosto do meu marido, mas um impacto foi muito forte que juro que vou surtar.

Olho para Taylor, ele está apenas com os olhos marejados, Suraya também, os meninos não estão presente, mas os amigos da Suraya estão aqui.

- Por quê? - pergunto. - Como vou poder ver o meu marido com esse caixão todo trancado?

- Brittany... - Suraya tenta se aproximar, mas fui mais rápida.

- Não! - grito. - O que deu em vocês? Ele é meu marido, e eu tenho todo o direito de ver ele.

Recomeço - No Meio Da Máfia Onde histórias criam vida. Descubra agora