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Lionel






É muito estranho ter que morar numa casa enorme como a que estou morando. Sempre fomos eu, mamãe e as meninas, agora esse homem do mal veio nos levar para este lugar, terei de ficar de olhos bem abertos para ele não bater mais nela.

Mamãe sempre me ensinou que não se deve bater em menina, nem em menino como eu, mamãe fala que os problemas não se resolvem com brigas, mas nem sempre sigo o que mamãe diz. Tive que bater no Pedro, mas só foi um empurrão, porque aquelas moças lá não deixaram eu fazer mais.

Pedro é um menino muito irritante, sempre insulta Lilly e Lia por serem da mesma cor que a mamãe. Eu não gosto, por isso eu Bato quem as faz mal.

Quando ouvi tio Erick falando no telefone, fiquei curioso por ele dizer Taylor. Mamãe nos disse o nome do nosso pai, mas nunca mostrou como é a cara dele, e fiquei curioso. Eu sabia o código do tio Erick, roubei quando ele dormiu com a gente e vi muitas fotos dele, acompanhado por muitos homens.

Conheci ele, e não gostei nadinha, ele só vai nos fazer mal, mas mamãe e as meninas queriam, e eu quero o que elas querem, por isso eu decidir ir com elas, são tudo o que eu amo. 

Taylor, meu pai. As meninas as chamam de pai, mas eu não, eu não consigo, é muito difícil pra mim, não sei por que, talvez por ele ser um homem mal, ou porque nunca tive um pai, para chamar assim.

Mamãe saiu para trabalhar, foi com ele. Não gostei de nenhum pouquinho de ver ele levar ela, tenho medo de ele não voltar mais com ela, fazer mal ela. Não demonstro o meu medo, mas fico atenta nas meninas.

Mamãe me deixa na sala de música, logo que vi o piano, adorei, sempre quis aprender a tocar um, mamãe não sabia disso, nunca falei, não temos dinheiro para um, então preferi não contar para mamãe. 

Fiquei tocando nele um longo tempo, até me cansar, o som sai horrível e tenho que ir pra escola pra aprender, só não sei se mamãe tem dinheiro para pagar. Largo o piano e deixo a sala, caminho para a sala de cinema e vejo Lia assistindo Lady Bug, com uma tigela pipocas na mão. Onde ela conseguiu isso.

— Quem deu pra você? — pego a tigela de suas mãos. 

— Me dá isso. — se levanta irritada. 

— Eu perguntei quem deu pra você? — fico irritado. E se tiver algum veneno? Podem nos fazer mal enquanto mamãe não está com a gente. 

Lia fica com os olhos vermelhos lacrimejando, suspiro e coloco a tigela com pipocas na mesinha ao lado. Me aproximo dela e abraço. Sempre faço isso quando ela fica triste comigo e não aguento ver elas chorando, meu peito dói.

— Desculpa, Lia. Mas eu tenho medo que isso pode te fazer mal. — falo depois de me afastar.

— Você puxou bruto. Odeio quando você fica assim. Mal! 

— Quem deu pra você? Onde conseguiu?

— Na cozinha, aquela moça que nos serve deu pra mim. Eu pedi. — fica triste. — Desculpe por não perguntar pra você antes.

— Tudo bem! Você viu quando ela fez? Não colocou nada dentro? 

— Eu vi tudo. Ela só colocou numa máquina e depois saiu pipoca e eu coloquei sal. Com a ajuda dela.

— Continua vendo o boneco.  Vou ver a Lilly. — falo e saio da sala.

Quando deixo a sala, me sinto aliviado, estava com tanto medo que assustei ela, com medo de que Taylor aproveite a ausência da mamãe e nos querer mal. Entro na biblioteca e Lilly estava com um livro de princesas na mão, lendo deitada no sofá. 

Recomeço - No Meio Da Máfia Onde histórias criam vida. Descubra agora