capítulo 8

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Agatha estava andando com passos firmes e rapidos, receosa e angustiada, havia saído o exame do fio de cabelo que foi encontrado no abdômen da vítima Clarisse, era um fio loiro e estava inerte em um dos cortes do estômago, aquilo era uma prova muito preciosa.

Quando recebeu a notícia, estava em sua sala e Cris a recepcionista bateu na porta com seu jeito tímido de sempre, disse para detetive que Aline estava chamando e que era urgente, o assunto era da única prova que havia encontrado naquele misterioso crime, agora estava andando, quase correndo no corredor extenso que dava para o laboratório, nem precisou bater, Aline a estava esperando com uma expressão não muito boa.

—Agatha, sairam os resultados como você pôde saber e você não vai acreditar qual foi o resultado!.—Aline estava nervosa, ela era a responsável por examinar provas e passa-la para os demais detetives.

—Vamos verificar então!.—Agatha tentava manter a calma, mas estava desmoronando por dentro, a ansiedade era grande.

Aline entregou-lhe o relatório junto com um saco transparente com um fino fio de cabelo loiro, a detetive leu com atenção, guardando cada palavra e não conseguiu esconder sua cara de surpresa.

—Mas o que? Os fios são sintéticos? Eu não acredito nisso!.—disse não querendo acreditar no que estava escrito.

— Nem fizemos esforço para descobrir, tá comprovado que os fios são de uma peruca!.—Aline precisou respirar fundo para poder manter a calma.

—Quem matou Clarisse queria que pensasse que fosse assassina, pelo jeito falhou já que não prendeu o "cabelo" direito!.—o humor era nítido na voz de Agatha, a Aline ria baixinho com o comentário da ruiva.

—Ótimo trabalho Aline, obrigada!.—Agatha agradeceu, Aline assentiu dando um sorriso de orelha a orelha.
                            ...
—oh, muito obrigada dona Helena irei agora mesmo.—disse ao celular enquanto se levantava e pegava as chaves do carro e da porta de seu escritório enquanto falava ao mesmo tempo com mãe de Clarisse.—Até logo mais!.
Apertou a campainha a espera da anfitriã alguns minutos depois dona Helena abre porta.

—Olá detetive, bom vê-la novamente, como anda o caso de minha filha?—perguntou curiosa, dona Helena estava um pouco melhor, mas Agatha percebeu que dona Helena segurava firmemente um retrato de Clarisse, mas não se importou muito, talvez fosse uma maneira de sentir a filha perto

.—Oh vamos entre, está frio ai fora.— Agatha entrou naquela casa aconchegante e já familiarizada com o ambiente.

—Olá dona Helena, é bom vê-la também,o andamento do caso está indo bem, sinto muito não entrar em detalhes, mas é confidencial vai além do meu cargo e está no protocolo.—Agatha tentava não soar rude.

—Oh, entendo, então o Steven está lá em cima, já vai descer, aceita alguma coisa?

—Não obrigada, esperarei o mesmo então.—disse calma, no mesmo instante viu Steven descendo as escadas, ele era um garoto lindo, parecido muito com a irmã.

—Boa tarde detetive, como vai?-era realmente simpático.

—Eu vou bem, obrigada!.

—Que bom, que tal conversarmos em meu quarto, teremos mais privacidade.—perguntou sorrindo.

—Vamos lá então!.—ela o seguiu deixando dona Helena vendo tv, a escada era de madeira e rangia quando pisava nos degraus, eles chegaram em um corredor não tão grande com quatro portas, devia ser um quarto do casal, outro de Clarisse, isso era nítido pois estava com o nome dela, uma outra porta ela pode perceber que era o banheiro, e por último no fim do corredor era o quarto de Steven, já que o mesmo havia aberto a porta e olhava-a, ela entrou, Steven fez sinal para que ela se senta-se, ela sentou em sua cama, olhou em volta e viu que o quarto era bem pequeno, Steven estava sentado em uma cadeira de sua escrivaninha e estava com um sorriso no rosto.

—Steven, preciso que me diga seu nome inteiro, sua idade, sua profissão e estado civil.—a detetive disse no automático, estava acostumada de dizer isso para as pessoas que iam depor.

—Steven West, dezoito anos, sou estudante de direito e para pagar a faculdade participo de uma banda de garagem que toca em bares e aniversários, o cachê não é muito alto mas é o suficiente, e atualmente sou solteiro.—a detetive anotava tudo que Steven dizia.

—E qual era sua proximidade com Clarisse?—a detetive percebeu que Steven retorceu sua feição de felicidade para de tristeza.

–Clarisse era minha irmã, e fazíamos tudo juntos, desde de criança, sempre juntos, ela adorava brincar de bonecas, casinha e chá, sabe aquela brincadeira que coloca ursinhos em uma mesa?.—perguntou em lágrimas para a detetive que assentiu.—Eu não gostava de brincar com ela, era brincadeira de menina, mas ela fazia caretas que a deixava muito fofa e eu aceitava brincar com ela, com a condição que a mesma brincasse de futebol comigo, eu nunca  tive muitos  amigos,quem era boa em  fazer isso era a Clarisse, ela era muito carismática!—a tristeza e angústia era nítido na voz do garoto.

—E você sabe o motivo dela ter se fechado? Já que vocês eram muito próximos.

—Ah, sim, eu sei, você conheceu o Brian, certo?.—a detetive confusa concordou, ele prosseguiu.—No dia em que se conheceram, naquela festa, ele deve ter citado isso, os dois ficaram, a Clarisse tinha perdido a virgindade com ele, e pelo que ela me disse ambos não se protegeram pois haviam bebido demais, ela acabou ficando grávida.—ele respirou fundo, Agatha estava muito surpresa.—E eu queria ajudá-la a esconder até onde der, ela queria contar para Brian que estava esperando um filho dele, então o chamou o mesmo até aqui, eu estava aqui no quarto e eles ao lado, no quarto de Clarisse eu pude perceber que estavam discutindo, Brian não queria assumir o filho, mas permaneci aqui para ver no que ia dar, até escutar um estrondo alto, fui correndo ver o que era e o quarto estava vazio, estranhei e fui descer as escadas, quando desci, levei um susto e não acreditava no que via, Clarisse caiu da escada e sangrava muito, teve um aborto espontâneo, a ajudei a se sentar, ela chorava de solunçar procurei por Brian, mas só vi a porta aberta, a Clarisse disse que o mesmo a empurrou e prometi resolver esse problema, a cuidei e fiquei ao lado dela o tempo todo e prometi também de não contar para ninguém, nem mesmo ao nossos pais, no dia seguinte fui procurar Brian para tirar essa história a limpo, mas ele já havia ido embora.—ele suspirou e limpou suas lágrimas.

—Nossa eu realmente me surpreendi, agora tudo faz sentido.—Agatha falava mais para si mesma, mas Steven escutou.

Agatha se encolheu pelo vento frio que entrava pela minúscula janela, o tempo mudou derrepente e ela não trouxe nenhum agasalho, Steven percebeu a reação da detetive e logo levantou indo até um minúsculo guarda-roupa, o abriu, Agatha observava atentamente cada movimento do rapaz, ele continuou fuçando os cabides, algo chamou atenção da detetive era uma sacola não muito transparente estava na parte de baixo onde ficava as roupas dobradas, Agatha não ligou, devia ser roupas para doações pois a mesma tem uma dessas em seu armário, Steven tirou de lá uma blusa de frio bem felpuda, entregou para detetive em silêncio a mesma agradeceu e em seguida colocou sentido o tecido lhe aquecer.

—E na minha opinião detetive, quem matou Clarisse foi ele, o Brian!—disse com uma súbita raiva.

—Certo, bom já vou indo, obrigada pelo depoimento, se tiver mais alguma coisa a dizer aqui está meu cartão.—levantou e entregou o cartão ao rapaz que quando leu, ergueu as sombrancelhas e sorriu.

—Agatha Christie?.—perguntou sorrindo enquanto andavam juntos no corredor em direção as escadas.

—Sim, era a escritora favorita da minha mãe, ela colocou esse nome em homenagem a ela, e inclusive eu levei a sério em ser detetive por causa de um personagem dela.—A Agatha estava eufórica e surpresa por que eram poucas pessoas que entendiam seu nome, mas sabiam que eram familiar.

—Hercule Poirot?—a ruiva assentiu.—Gosto muito dos livros dela.

—Oh que bom, agora preciso ir!—ele abriu a porta, despediu-se de dona Helena e senhor Antônio que estavam na sala vendo tv, Agatha saiu da casa, mas virou para Steven que ergueu as sombrancelhas novamente.

—Precisa de mais alguma coisa detetive?.

—Só mais pergunta.—Steven assentiu.—qual era a data que Clarisse perdeu o bebê?–perguntou baixo para que ninguém escutasse e a resposta que ouviu em seguida fez total sentido e que Agatha no fundo sabia que as investigações iriam mudar dali em diante.

13 de abril.

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