Rachel respirava fundo logo depois de sorrateiramente retirar seu vestido e colocar uma camisola branca de tecido longo e seda fina onde pudesse respirar sem que gemesse de dor com o corset lhe apertando os ossos.
— Ah senhorita... — Disse a serva ao entrar no quarto e notar a teimosia da condessa.
— Rachel, Johanne! Meu nome é Rachel. — Respondeu afundando seu rosto no travesseiro de sua cama. A moça pigarreou concertando sua fala.
— Rachel... — Estava tão vermelha em chamá-la pelo primeiro nome que se podia visivelmente percebe-lo. — A senhorita retirou o vestido?
— Não sou obrigada a usar aquilo o dia inteiro, eu sou? — Perguntou preocupando se teria de vestir aquilo de novo e Johanne soltou um leve sorriso.
— Não... Creio que não milady. — Rachel lhe lançou um olhar de repreensão que a moça já imaginava o que deveria significar. — Digo... Rachel. — Corrigiu recebendo o sorriso de aprovação.
— Me conta uma coisa Johanne... Como é lá fora? — Perguntou, despertando os olhares curiosos e surpresos da serva que a encarou sem saber muito bem como responder a uma pergunta tão vaga.
— Perdão mila... Rachel. A senhorita nunca saiu do castelo? — Perguntou completamente intrigada em saber o motivo.
— Você realmente não é daqui, não é Johanne? Todos sabem que a filha do conde nunca saiu do castelo desde quando tinha 6 anos. — Rachel sorriu se sentando em sua cama.
— Posso perguntar o motivo?
— Ah... — Ela suspirou relembrando o passado. — Quando tinha seis anos, estava brincando no jardim da cidade, e de repente eu acabei escorregando e cortei minha mão na queda... Era um corte simples, mas não parava de sangrar. Era como se fosse uma cachoeira que por sua vez não pode parar de jorrar água entende? — Perguntou franzindo os olhos e Johanne fez que sim escutando cada palavra atentamente. — Foi então que meu pai me trouxe de volta ao castelo e um dos nossos curandeiros fizeram o possível e impossível até finalmente estancarem o sangue... Um deles disseram que eu poderia ter morrido por conta do sangue perdido. Foi daí que descobriram que eu possuo uma facilidade extrema de não só morrer por um corte pequeno, mas também por pegar alguma doença desprovida de cura.
— Então a senhorita não sai do castelo porque...
— Por que meu pai diz que lá fora é repleto de doenças e coisas afiadas... Então ele me confinou aqui dentro... Não posso sair por ordens do conde. — Explicou interrompendo a serva.
— Sinto muito senhorita...
— É bem solitário sabe? Meu pai está sempre fora do castelo resolvendo problemas sobre a guerra, minha mãe resolve os problemas daqui de dentro e todos me tratam com tanto respeito que fica difícil ter uma amizade recíproca. — Ela sorriu tristonha.
— Seu pai só quer te proteger senhorita...
— Esse é o problema Johanne. Meu pai quer me proteger as custas da minha vida. Ele é egoísta, e faria qualquer coisa pra me manter viva. — Respondeu e realmente... literalmente qualquer coisa.
— Tente se animar um pouco senhorita. Seu aniversário está chegando. O que acha de um belo baile? Com certeza conhecerá pessoas novas e fará amizades. — Disse a serva tentando animá-la.
Rachel sorriu com a tentativa falha da serva em reviver a energia da condessa, porém... Era um pouco inútil.
— Sabia que meu casamento fora cancelado? Aparentemente sou frágil demais, ninguém quer ter uma esposa doente que possa trazer riscos ao herdeiro. Sem contar que trazer um baile no meu aniversário de novo? Por que temos um todo ano e é uma desgraça. Pessoas falsas dizem que se importam contigo, mas desaparecem e só retornam no próximo baile.
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Alucard: O Início - Vol 1 - Uma história Renegados do Inferno - Vol 1
VampireRachel Alucard, é a filha do conde Vlad Alucard, dono de um império, mas que está vivendo um conflito de guerras no ano de 1462. Com o decorrer do tempo, Rachel acaba se contagiando com a terrível Peste cinzenta (tuberculose) obrigando o conde a rec...