The Black Cat

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  Carmilla caminhava ao lado de sua irmã, Matska Karnstein. A belíssima mulher afro-descendente de sorriso encantador, porém fatal.

  Matska usava um longo vestido esverdeado e um colar de cetim que rodeava seu pescoço com uma bela pedra avermelhada ao redor. Já Carmilla não desgrudava de seu vestido preto dando destaque a sua cor esbranquiçada.

— Carmilla, querida. — Chamou Matska enquanto andavam pela praça.

  A praça onde estava era bem movimentada, repleta de carruagens, e damas andando para lá e para cá com guarda-sol nas mãos protegendo seus narizes empinados.

  Algumas usavam um pano branco perfumado para cobrir o nariz devido o intenso odor de fezes espalhadas pelas calçadas, e outras espalhavam o odor com leques ao ventilar o rosto. Carmilla e Matska davam graças a Deus neste momento por serem vampiras. Não há oxigênio suficiente em seus pulmões, seus órgãos quase não funcionam, e por tanto, não sente cheiro ou respiram.

— Soube que um determinado gato preto anda rodeando a propriedade dos Hollis. — Ela parou de andar e parou na frente de sua irmã a obrigando a dar uma explicação plausível. — O que pensa que está fazendo espionando aquela garota, Carmilla?

— Mamãe nos deixou plantadas aqui sem uma casa, ou sem como nos virarmos sozinhas! Tenho de passar o tempo com algum hobbie.

— Conheço seus gostos minha irmã. E já logo aviso, fique longe dessa moça. Ou o homem naquela berlinda hoje cedo, pode ser você. Ou ela. — Respondeu voltando a andar e deixando Carmilla aos suspiros.

***

  Ao anoitecer, Rachel parecia suar mais do que o normal, tentar colocar aquelas roupas eram difíceis, mas ela jurava que camponesas não usavam esses benditos corsets!

— Tem certeza de que vocês usam essas coisas? Como respiram? Como? — Perguntava Rachel enquanto Johanne tentava prender o riso ao máximo.

— Nem todas usam, apenas quando querem impressionar alguns rapazes em dias de festas.

— E por que EU estou usando?

— Por que a senhorita é uma moça nobre, e por mais que eu discorde um bilhão de vezes que não devesse fugir e disfarçar-se de plebeia, deve ao menos estar a uma imagem digna de uma dama. — Sorriu Johanne concluindo o árduo trabalho. — Vamos? — Perguntou a moça e Rachel sorriu.

— Você me tortura, Johanne... Vamos. — Sorriu a jovem ansiosa por sua primeira escapada do castelo em 11 anos.

***

  A fuga das duas fora bastante sorrateira. Seu pai já havia saído para resolver os problemas da guerra mais uma vez prometendo voltar a tempo para o baile, enquanto que o dia inteiro foi repleto de pessoas entrando no castelo para desejar a Rachel um feliz aniversário.

  O baile de seu aniversário aconteceria em pouco tempo, Rachel teria um tempo mínimo de três horas e meia, para sair do castelo, conhecer as ruas e depois retornar.

  Ela sabia que o tempo era curto, mas iria arriscar. Afinal de contas, o que era ser uma adolescente se não fosse para ser rebelde alguma vez?

  As escondidas, Johanne e Rachel conseguiram sair do castelo, e correr para a cidade.

  E foi mágico! Rachel andava pelas ruas ignorando o futum horrível de esterco, apenas para admirar a paisagem das ruas e das pessoas em movimento. Sentia saudades daquilo. Fazia quantos anos que ela não ia a cidade?

  A música já se era escutada de longe, e Rachel corria apressadamente para ouvir mais de perto, deixando Johanne cada vez mais louca de preocupação do que já estava. Sem contar de que Rachel tossia de vez em quando, provavelmente por conta dos passos apressados da condessa que experimentava os doces da época junto aos diversos tipos de comida. 

  A bebida servida em sua maioria era a cerveja, ou então vinho, e a música vinha de um grupo de homens tocando flauta, timbale, xilofone e dentre outros. Era incrível. Tão bonito, o povo dançava alegremente em duplas no meio da praça trocando de pares toda a hora durante a dança, Rachel sorriu e olhou para Johanne que fazia que não com a cabeça completamente desesperada.

  Como já era esperado, a moça ignorou o aviso da serva e correu em direção ao povo se enturmando e dançando horrores uns com os outros, girando e trocando de pares, e girando novamente.

  Ela estava sorrindo tanto, se divertindo tanto, ela realmente gostava daquilo, Johanne juntou as sobrancelhas tentando entender como alguém gostava tanto da plebe, sendo que havia tido a sorte de nascer em berço de ouro. Ela poderia se contentar apenas com os presentes de seu pai ou principalmente com o baile de hoje a noite. Ou então... Oh céus, era mesmo, haveria o tal baile esta noite!

Johanne correu em meio ao povo puxando Rachel dali as pressas.

— O que foi? Estava na melhor parte! — Disse Rachel transpirando horrores depois de tanto correr e dançar.

— Precisamos voltar, ou iremos nos atrasar para o baile, senhorita!

— Já?

— Sim, precisamos lhe dar um banho e trocar essas roupas sujas. Rápido antes que nos atrasemos e alguém note que fugistes!! — Disse Johanne.

— Tudo bem! — Respondeu Rachel um pouco tristonha por sua alegria ter durado tão pouco. Dando mais uma tossida.

— Está tudo bem? — Perguntou Johanne.

— Sim é só o cansaço, corri muito hoje. — Disse Rachel sorrindo.

— Venha, conheço um atalho pelas florestas. — Respondeu puxando Rachel pelo braço.

— Não é perigoso passar essa hora pelos matos? — Perguntou Rachel, vendo aonde estavam entrando e Johanne não respondeu. — Vá devagar, quanta pressa mulher! — Sorria Rachel.

— Não quero ser devorada pelos seus pais, senhorita. — Disse Johanne e Rachel riu daquilo.

  Porém um barulho estranho de espadas foram ouvidas dali por perto fazendo com que a curiosidade de Rachel a impedisse de prosseguir.

— Senhorita! — Sussurrou Johanne se agachando enquanto Rachel se escondia para ver o que estava acontecendo. — Precisamos ir embora! — Um grito de um homem fora ouvido. E outro, e outro, e mais outro...

  Rachel arregalou os olhos ao ver a cena.

  Diversos homens mortos. Covardemente mortos, foram pegos pelas costas e quem empunhava uma das espadas cobertas de sangue era ninguém mais ninguém menos do que...

— Pai? — Sussurrou a condessa em choque.

— Precisamos ir senhorita, se ele nos ver aqui a coisa vai ficar feia!

— É o meu pai...

— RACHEL! — Sussurrou mais rasgando sua garganta do que falando, despertando Rachel mergulhada em lágrimas.

  Johanne puxou ela pelo braço e continuou a sair dali em busca de achar imediatamente o castelo.



Alucard: O Início - Vol 1 - Uma história Renegados do Inferno - Vol 1Onde histórias criam vida. Descubra agora