Alucard

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  Rachel acordou em um pulo sem ar algum em seu pulmões, transpirava como nunca e havia notado o tumulto do lado de fora do castelo pelo barulho intenso que se aproximava cada vez mais dela.

  Vlad subiu as escadas com sua nova velocidade vampírica e ao abrir a porta do quarto, lá estava sua filha tossindo horrores com a dor de ser uma garota tísica num dia que deveria ser alegre e saudável...

  O castelo estava uma bagunça, guardas passavam para lá e para cá as pressas, e gritos de uma multidão enfurecida espalhava-se pelo lado de fora.

— Pai? — Perguntou Rachel com a feição pálida transpirando cachoeiras de suor, e o olhar fundo de uma garota desfalecida. — O que.. O-O que está acontecendo? — Perguntou Rachel depois de tossir mais algumas vezes.

— Quero que saiba, que tudo o que fiz, foi para manter você e sua mãe a salvo, Rachel. Eu sempre te amei e sempre vou te amar minha filha...

— Que? — Perguntou enquanto ele se aproximava, e então... Só então... Rachel percebeu que aquele homem, não era seu pai... — Não... — Disse ela sem forças para sair da cama. — Sai de perto de mim! — Gritou ela com medo ao ver que presas surgiram de seus lábios fazendo o conde abrir uma ferida e escorrer um pouco de sangue de seu braço. — Meu deus... O que é você? — Ela perguntou de olhos arregalados revelando o medo exposto em sua face.

  Vlad levou seu braço escorrendo o sangue até boca de sua filha que arregalou os olhos assustada pronta a gritar, porém seu braço impedia de fazê-lo.

— Shhhh... Não se preocupe, irei salvar você. — Dizia ele abraçando a menina enquanto obrigava ela a beber de seu sangue vampírico. Rachel até tentou se livrar de seus braços, mas foi em vão, era fraca demais e acabou cedendo ao desespero de seu pai.

  Um estrondo abaixo deles.

  Era claramente uma invasão.

  Um homem alto e musculoso, usando uma armadura da guarda real se posicionou no quarto. Aparentemente assustado com o que estava vendo. Vlad estava forçando Rachel a beber de seu sangue garganta abaixo.

  Os gritos de guerra estavam aumentando cada vez mais e Vlad se desesperou.

— Lilian... — Sussurrou sabendo que sua esposa estaria pelo castelo. — Leve-a para longe daqui. — Disse o conde para o guarda ao se levantar e retornar para suas batalhas deixando Rachel tontear-se nos braços do guarda.

— N-Não... — Sussurrou Rachel. — Não... — Tentou dizer algo, mas sua visão se tornou cada vez mais turva, sua boca pingava sangue, e seus ouvidos assoaram um enorme barulho de um zumbido interminável, até que Rachel apagou completamente com o excesso de sangue vampírico que corria em suas veias obrigando o guarda a ter de carrega-la já inerte e completamente falecida.

Sim...

Rachel Alucard estava agora oficialmente... Morta. 

Por enquanto...

***

 O mundo havia parado.

  Em um único dia, um único homem havia destroçado um exército e enfurecido uma população por inteira... Sem contar... Que havia matado a própria filha.

  Será?

  Rachel acordou em um pulo tentando buscar fôlego, mas fora em vão, arrastou o seu longo vestido pelos gramados da floresta. A dor era alucinante, pois ao mesmo tempo em que tentava buscar por fôlego, também se contorcia com as veias dilatando-se de seu corpo. Suas unhas cresceram e presas enormes se exibiram enquanto a condessa gritava de dor. Seus olhos estavam vermelhos brilhantes, e sua voz havia engrossado... Estava mais... Vampírica.

— O que? — Perguntou a si mesma enquanto lágrimas foram exposta de seu rosto ao se levantar.

  A tosse havia se cessado, mas a dor não. Tantos gritos ecoavam em sua cabeça, gritos enfurecidos, gritos desesperados... E não havia ninguém por perto. Foi então que o odor surgiu em suas narinas, um cheiro forte de fogo, de pessoas sendo carbonizadas. Ela até havia se assustado antes, mas não viu nenhum fogo, foi então que ao olhar direito, para um pouco a sua frente, lá longe, estava o castelo de Bran. O seu castelo, em chamas. Ela não se importava mais com seus olhos estarem ardendo por conta da visão das chamas, ela só precisava saber se seus pais estavam bem.

  Mas ela sabia que eles não estavam.

— Não... — Sussurrou tremendo o queixo e se direcionando para frente com seus joelhos trêmulos e com a visão atordoada daquelas chamas. — NÃO! — Gritou alarmando pessoas com tochas e tridentes em suas mãos, todos loucos por matança.

— É a filha dele?! — Perguntou um deles encarando a jovem desesperada.

— Mate-a! — Gritou outro fazendo Rachel arregalar os olhos. — Bruxa!

— Demônio!

— Mate a filha do Drácula! 

   Ah... Drácula... Aquele nome assoou como um tiro em seus ouvidos... Naquela época usar nomes ao contrário era uma superstição para que o falecido não retornasse para assombrá-los. Diga seu nome ao contrário e estará se livrando de uma possessão demoníaca, ou de invocar o demônio. Algo assim. 

 Rachel estava assustada, e lágrimas escorriam de seus olhos.

— Vai morrer, assim como ele morreu!

— Ele? ELE SALVOU VOCÊS! — gritou ela desesperada se afastando. 

— Ele sempre foi um sanguinário, um psicopata!

— Nunca pedimos por sua ajuda!

— Mate-a! Vamos queimar a filha do Drácula! 

— A filha de Satã! Queime-a! Bruxa!

   Aquela dor... Aquelas vozes todas tão... Altas... Seus sentidos estavam tão sensíveis!

 Logo a visão de uma bruxa negra veio em sua mente. Ela sorria... Uma bruxa.... A mesma de antes, a mesma dos seus sonhos...  "Finalmente..." Disse a voz em sua cabeça. "Você é minha!" Rachel encarou a multidão que se aproximava dela prontos para o abate.

  E então... Veio a fome... A sede por sangue, e a vingança, a vontade de matar a todos tomou conta de seu corpo. Os olhos de Rachel ficaram vermelhos e negros na mesma hora e ela gritou. Não.. Aquilo não era um grito.

  Aquilo era o demônio que eles tanto temiam. Aquilo era um rugido animal...

  E em questão de segundos os movimentos leves e fortes de Rachel alcançaram os aldeões sendo pegos de surpresa. Ela devorou até aqueles que eram praticamente de sua idade. Estava com tanto ódio... Tanta raiva...

  Lambeu os beiços antes de se dirigir rapidamente para seu castelo na esperança de seus pais ainda estarem a sua espera.

  Uma esperança que estava por um único fio de ser cortado.

Alucard: O Início - Vol 1 - Uma história Renegados do Inferno - Vol 1Onde histórias criam vida. Descubra agora