Após mostrar o castelo inteiro à Carmilla, Laura se via no cair da noite em seu quarto.
Havia conversado com a condessa a tarde inteira, era incrível como Laura era tagarela, mas Carmilla parecia não se importar com isso. Na verdade ela sempre escutava atentamente cada palavra vinda de sua boca. Algumas horas a condessa parecia encará-la demais, tanto que causava um certo desconforto na moça.
Laura era filha de uma renegada do inferno e se perguntava o que Carmilla iria pensar se descobrisse sobre isso... Bom agora não era hora sobre isso. Até porque se Laura abrisse tal segredo, mesmo que com sua nova melhor amiga, talvez isso seria de fato suicídio.
Vestiu uma camisola branca e se deitou em sua cama pronta para esperar o dia seguinte, sem perceber a presença de um enorme gato preto no quarto e começar a sonhar algo...
Um tanto estranho.
Laura abriu os olhos, ainda estava deitada em sua cama, mas algo estava diferente. Resolveu acender a vela em cima de seu armarinho de madeira, e pôde ver-se alguém subindo vagamente por cima dela
— Carmilla? — Perguntou sem entender o que se passava.
— Você é minha, você deve ser minha, eu e você nos tornaremos um só... Para todo o sempre... — Respondeu sorrindo maliciosamente ao chegar próxima de Laura, porém ao invés de beijá-la como era o que Laura pensou que aconteceria, Carmilla mirou em seu pescoço e afogou suas presas vampíricas no seu pescoço.
— Laura! — Gritou Carmilla acordando Laura num pulo que arregalou os olhos ao vê-la parada em sua frente. — Você teve um pesadelo? Está tudo bem? Você está pálida.
— Estou bem, estou ótima, nunca estive tão bem em toda minha vida, por favor diz que eu não estava falando durante o sonho! — Falou freneticamente com um olhar preocupado fazendo com que Carmilla arregalasse os olhos.
— Não... Só ficou se remexendo e gemendo, alguém te atacou no sonho? — Ou Carmilla era inocente demais ou Laura tinha um pensamento extremamente obsceno. Pois a palavra "gemer" e "remexer" em cima da cama, não caiu muito bem em sua mente especialmente após o sonho completamente estranho que havia tido naquela noite.
— Sim... Não. Sim. — Estava mais confusa sobre o que dizer do que nunca. — Não importa, já passou. — Sorriu completamente desajeitada.
— Venha querida, vamos nos apresentar ao jardim, e lá você me detalha sobre esse sonho misterioso. — Sorriu puxando Laura pela mão que somente a fez ficar cada vez mais vermelha e envergonhada.
Como diabos ela explicaria isso?
***
A noite estava fria e chuvosa. As roupas de Rachel estavam tão encardidas quanto seu rosto. Suas mãos calejadas devido a força para cavar 3 covas com uma única pá.
Não importava. Suas mãos iriam cicatrizar de toda forma.
Suas lágrimas por sinal, enlambuzava seu rosto sensível, enquanto era obrigada a enterrar os próprios pais. Fez questão de arrastar os corpos para dentro dos caixões de madeira, e logo carrega-los em direção as covas já cavadas.
Seu pai foi enterrado ao lado de sua mãe. Rachel pegou de seu pai o único item que ela não conseguiria se livrar. O anel do conde. Ela encaixou o anel no seu dedo indicador e secou as lágrimas.
Lembra que relatei três covas? Pois bem.
A condessa encarou a terceira cova com uma tristeza incontestável, e não demorou muito até buscar o terceiro corpo.
Johanne Dubravka. Rachel fez questão de limpar a moça e vestir a ela um lindo vestido de baile. Assim como Johanne sempre admirava os dela.
A serva havia morrido com a confusão. Teve seu destino final trágico e sofrido, já que trabalhava para os Alucard. Todos estavam mortos...
Doía ver Johanne dentro daquele caixão, era uma moça tão cheia de sonhos... Arriscou-se tanto pela condessa, e acabou tendo seu destino cortado por causa dela.
— As consequências do fim de uma guerra... — Disse Rachel. — Por que? — Perguntou olhando para o tumulo de Vlad. — Porque me deixou herdar este fardo meu pai?
Ela queria respirar fundo, mas não tinha oxigênio pra isso. Não tinha como respirar... E isso a consumia dia após dia.
Rachel começou a limpar o castelo após ele ter sido completamente abandonado.
Era seu único lar. E após longos dias limpando o enorme castelo de Bran. Rachel decidiu se sentar no trono do príncipe das trevas e refletir sobre o que faria agora que só restava-lhe a imortalidade.
"A bruxa negra..." Lembrava das últimas palavras do conde. Rachel ergueu os olhos e se levantou em meio ao tédio.
Decidiu começar a testar o próprio corpo e seus limites. Afinal de contas... O que ela poderia mesmo fazer agora que não era mais uma simples humana?
— Tenho sede, mas não de água, tenho fome, mas não de comida... o que serias isto? — Dizia ela para si mesma encarando seu reflexo no espelho.
Refletiu até o ponto em que socou a parede com força fazendo um barulho ensurdecedor nas paredes. Socou novamente abrindo um pequeno rachado, e de novo, e de novo até que um buraco fora aberto fazendo Rachel arregalar os olhos.
Sua força poderia ultrapassar uma parede? Seus punhos eram capazes de abrir uma cratera?
Rachel sorriu.
Treinava suas cordas vocais de vez em quando. Notou que sua voz havia mudado para um tom mais... Mulher.
Próximo teste, era sua velocidade. A jovem começou a correr pelos arredores do castelo durante a noite. E sua velocidade pôs-se a ser tão veloz que Rachel quase voava quando pulava entre as árvores.
Se cortava com os galhos, mas pela primeira vez na vida não morria de tanto sangrar! Na verdade por mais profundo que fosse o corte ele mal, mal saia sangue.
— Pouca produção sanguínea? — Perguntou a si mesma encarando o ferimento antes de anotar em seu caderno de couro outra característica de seu corpo.
E outra coisa louca era que ela não estava cansada! Correu por todo o lugar e não se cansou!
Aquilo era tão incrível, tão... Mágico! Rachel sorriu, Sorriu com a capacidade que tinha de ser tão poderosa quanto qualquer outra pessoa.
Um demônio.
A última Alucard sobrevivente. A última herdeira e condessa do castelo de Bran.
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Alucard: O Início - Vol 1 - Uma história Renegados do Inferno - Vol 1
VampireRachel Alucard, é a filha do conde Vlad Alucard, dono de um império, mas que está vivendo um conflito de guerras no ano de 1462. Com o decorrer do tempo, Rachel acaba se contagiando com a terrível Peste cinzenta (tuberculose) obrigando o conde a rec...