Laura e Carmilla andavam pelo vasto jardim daquele pequeno castelo onde vivia..
— Então você sonhou que estava sendo atacada por um gato? — Perguntou Carmilla sem entender como Laura poderia ter medo de um gato e se é que era um gato no fim das contas.
— Não um gato qualquer, era um gato preto enorme! — Respondeu, e não era completamente mentira,ela já havia mesmo visto esse gato algumas vezes, e Carmilla por mais que fingisse fazer cara de espanto sabia exatamente que gato era esse.
— Entendi. Bom, se está com problemas para dormir posso te ajudar. — Disse ela retirando de dentro de sua bolsa vermelha de mão feito a couro um bracelete de cetim preto com uma pedra no meio parecido com o de Matska, porém a cor do pingente era castanho esverdeado. — Combina inteiramente com seus olhos não acha? — Disse a Laura olhando fixamente para ela com aquela voz de vampira sedutora enquanto amarrava no pulso de sua amiga.
— Não precisa me dar o seu bracelete. —Disse Laura sem graça.
— Não se preocupe, minha querida. Posso conseguir outro. Além do mais isso é uma lenda da família Karnstein. Dizem que o bracelete espanta os pesadelos, e permite apenas os sonhos bons.
Laura não conseguia tirar os olhos de Carmilla, suas palavras prendiam a concentração da jovem que acabou sentindo-se completamente distante de qualquer coisa naquele momento.
— E se eu tiver gostado desse pesadelo? — Perguntou as arriscas despertando a curiosidade de Carmilla.
— Então ele não seria um pesadelo querida Laura. — Sorriu para ela que avermelhava-se sempre que Carmilla chamava seu nome.
Ao perceber que estava muito envolvida Laura pigarreou e pediu à condessa que voltassem para o castelo.
A menina não entendia o que se passava por sua cabeça, ela se sentia completamente atraída por Carmilla, que não voltou ao castelo, disse precisar resolver algum assunto na cidade. Algo relacionado à propriedade de sua família.
Foi em direção a antiga praça usando seu tradicional vestido longo e preto até avistar uma carruagem dourada e azul escura esperando por alguém.
Carmilla entrou nela se ajeitando e a carruagem não se moveu.
— Alguma notícia de vossa mãe? — Perguntou ao olhar para lado e dar-se de cara com o estonteante rosto da mulher afrodescendente que deu a ela um longo sorriso.
— É assim que cumprimenta sua irmã depois de não me manter em contato ao sair de casa para viver com seu novo almoço, Carmilla?
— Seu nome é Lady Hollis. E ela não é o meu almoço, Matty. — Sorriu em retorno. — Você me chamou e creio que seja por algo importante. Não estamos sem nos ver por tanto tempo assim minha irmã.
Matska sorriu olhando para frente e dando um longo suspiro.
— Vim te alertar sobre "Lady Hollis". — Respondeu entregando uns papéis à Carmilla o nome de Laura saiu em um tom irônico.
— "Caro Lorde Hollis".— Começou a leitura. Era uma carta enviada ao pai de Laura. — "Temo em dizer que não poderei viver minha estadia no mundo humano para sempre." — Carmilla encarou Matska por uns segundos e voltou a sua leitura. — "Por favor, sei que pode ser de demasia pedir que o faça, mas não sei mais como recorrer ou à quem. Quero que fique com o nosso bem precioso... Com todo o meu amor... E."— Ela franziu o cenho da testa e encarou sua irmã. — o que diabos é isso?
— Minha teoria. Esta carta veio da mãe da sua adorada. Acredito que ela é uma renegada do inferno. — Respondeu encarando Carmilla.
— Não... Se Laura fosse uma Renegada ou filha de uma eu saberia só pelo cheiro de seu sangue!
— Então comece a prestar atenção nas pistas do castelo em que vive, ao invés de ficar "cheirando" o perfume importado de sua querida "Lady Hollis". — Respondeu friamente usando tons sarcásticos. — Não se esqueça Carmilla. Você pode ser imortal, mas não signifique não sinta dor... Pare de se envolver com essa moça ou sobrará muito para você, e a nossa mãe não vai gostar nenhum um pouco de estar envolvida com a filha de uma renegada do inferno!
— No dia em que eu me importar com o que a nossa mãe me diz, será o maior dos milagres Matty. Sabe muito bem o quanto eu a odeio.
— Não falo sobre se importar Carmilla. Também não gosto dela. Mas não signifique que eu não tenha medo.— Seu olhar era de repreensão.
Agora Carmilla se encontrava em uma total encruzilhada de espinhos.
***
Novamente. Novamente aquele sonho. "Você é minha, você deve ser minha..." Mais uma vez Laura Hollis estava tendo sonhos com Carmilla, e dessa vez ela estava em outro lugar. Na taverna onde elas se conheceram e Carmilla sussurrava aquela frase em seus ouvidos antes de fazer o que fazia no final do sonho. A mordida.
Ela acordou, mas desta vez não pela condessa como desejava e sim por uma de suas governantas. Sra. Perrigton.
— Hora de acordar pequena Lady Hollis. — Disse a moça de cabelos cacheados e ruivos sorridente e com sua estranha mania de limpeza, pois mal abriu as cortinas do quarto e já estava passando um pano em cima da mesa.
— Mais 5 minutos Perry.... — Disse Laura se contorcendo na cama virando ao outro lado louca para voltar a sonhar com sua preciosa condessa.
Ela abriu os olhos e saltou da cama, o que diabos estava pensando? Não, não. Ela precisava se purificar, estava tendo pensamentos muito egoístas e impuros e aquilo não era nada normal.
— Oh, Srta. Laura, está tudo bem? — Perguntou Perry ao notar que ela havia se sentado bruscamente com o susto.
— Sim, foi só que... Me lembrei que... Ah esquece. Pode me acompanhar mais tarde até a igreja, Perry? Estou precisando conversar com Deus. — Sorriu.
— Oh claro que posso Laura. Está acontecendo algo? Você nunca vai a igreja. Ah e não me chame de Perry aqui. Sabe que agora temos uma visitante importante. A condessa Karnstein.
— Ela não deve se importar por eu chamar minhas governantas por apelidos carinhosos Perry, até por que ela é minha convidada. — Sorriu novamente um pouco constrangida.
— Quer que eu a convide para ir conosco?
— Não. — Falou rapidamente sem hesitar.
— Não?
— Não! — Confirmou mais decidida.
— Por que não? Sinto que ela irá aceitar afinal de contas, você é a amiga dela, deixar a condessa sozinha no castelo seria desrespeitoso Lady Laura!
— É que eu irei chamar a Lafontaine para ir conosco, e muita gente de uma vez não é muito aproveitoso. — Sorriu sem jeito e Perrington se aproximou de Laura.
— Tenho certeza que o senhor e o padre não irão se incomodar com uma dama a mais. Irei chamá-la, não irá deixar uma condessa as espreitas do castelo. Ela deixou sua mansão para estar aqui conosco e te fazer companhia. Não faça desfeita dela. — Pediu Perry saíndo as pressas e Laura parou para pensar concordando especialmente com o que Perrington havia dito.
Foi realmente de grande ajuda Carmilla ter se mudado para o pequeno castelo de Laura apenas para ajudá-la com o noivo.
Droga, é verdade, o noivo de Laura chegaria amanhã à noite e ficaria para o jantar. Aquilo seria muito, mas muito esquisito.
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Alucard: O Início - Vol 1 - Uma história Renegados do Inferno - Vol 1
VampirRachel Alucard, é a filha do conde Vlad Alucard, dono de um império, mas que está vivendo um conflito de guerras no ano de 1462. Com o decorrer do tempo, Rachel acaba se contagiando com a terrível Peste cinzenta (tuberculose) obrigando o conde a rec...